A Páscoa do Senhor, nossa Páscoa
Todos os elementos especiais da Vigilia querem ressaltar o conteúdo fundamental da Noite: a Páscoa do Senhor, a sua passagem da Morte à Vida.
A oração ao início das leituras do Novo Testamento, invoca a Deus, que “ilumina esta noite santa com a gloria da ressurreição do Senhor”. Nesta noite, com mais razão que em nenhum outro momento, a Igreja louva a Deus porque “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado”. (Prefácio I de Páscoa).
Porém a Páscoa de Cristo é também a nossa Páscoa: “na morte de Cristo nossa morte foi vencida e em sua ressurreição resuscitamos todos” (Prefácio II de Páscoa).
A comunidade cristã se sente integrada, “contemporânea da Passagem de Cristo através da morte à vida”. Ela mesma renasce e goza na “nova vida que nasce destes sacramentos pascais” (oração sobre as ofertas da Vigilia): pelo Batismo se submerge com Cristo em sua Páscoa, pela Confirmação recebe também ela o Espírito de Vida, e na Eucaristia participa do Corpo e Sangue de Cristo, como memorial de sua morte e ressurreição.
Os textos, orações, cantos todos apontam a esta gozosa experiência da Igreja unida ao seu Senhor, centralizada nos sacramentos pascais. Esta é a melhor chave para a espiritualidade cristã, que deve centralizar-se mais que na contemplação das dores de Jesus (a espiritualidade da Sexta-feira Santa é a mais fácil de assimilar), na comunhão com o Ressuscitado dentre os mortos.
Cristo, ressuscitando, venceu a morte.
Este é na verdade “o dia que o Senhor fez para nós”. O fundamento de nossa fé. A experiência decisiva de que a Igreja, como Esposa unida ao Esposo, recorda e vive a cada ano renovando sua comunhão com Ele, na Palavra e nos Sacramentos desta Noite.
Luz de Cristo
O fogo novo é abençoado em silêncio, depois, toma parte do carvão abençoado e colocado no turíbulo, coloca-se então o incenso e se incensa o fogo três vezes. Mediante este rito singelo a Igreja reconhece a dignidade da criação que o Senhor resgata.
A cera, por sua vez, é agora uma criatura renovada. Devolver-se-á ao círio o sagrado papel de significar ante os olhos do mundo a glória de Cristo Ressuscitado. Por isso se grava em primerio lugar a cruz no círio. A cruz de Cristo devolve à cada coisa seu sentido. Por isso o Cânon Romano diz: “Por Ele (Cristo) segue criando todos os bens, os santificas, os enche de vida, os abençoas e repartes entre nós”.
Ao gravar na cruz as letras gregas Alfa e Ômega e as cifras do ano em curso, o celebrante proclama: “Cristo ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega. Dele é o tempo. E a eternidade. A ele a glória e o poder. Pelos séculos dos séculos. Amém”.
Assim expressa com gestos e palavras toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos, exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor, e tudo, homens, coisas e tempo estão sob sua potestade.
O Círio é decorado com grãos de Incenso, que segundo uma tradição muito antiga, que passaram a significar simbolicamente as cinco chagas de Cristo: “Por tuas chagas santas e gloriosas nos proteja e nos guarde Jesus Cristo nosso Senhor”.
O celebrante termina acendendo o fogo novo, dizendo: “A luz de Cristo, que ressuscita glorioso, dissipe as trevas do coração e do espírito”.
Após acender o círio que representa Cristo, a coluna de fogo e de luz que nos guia através das trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança a procissão dos ministros. Enquanto a comunidade acende as suas velas no Círio recém aceso se escuta cantar três vezes: “Eis a Luz de Cristo”.
Estas experiências devem ser vividas com uma alma de criança, singela mas vibrante, para estar em condições de entrar na mentalidade da Igreja neste momento de júbilo. O mundo conhece demasiado bem as trevas que envolvem a sua terra em desgraça e tormento. Porém, nesta hora, pode-se dizer que sua desventura atraiu a misericórdia e que o Senhor quer invadir a toda realidade com torrentes de sua luz.
Já os profetas haviam prometido a luz: “O Povo que caminha em meio às trevas viu uma grande luz”, escreve Isaías (Is 9,1; 42,7; 49,9). Esta luz que amanhecerá sobre a Nova Jerusalém (Is 60,1ss.) será o próprio Deus vivo, que iluminará aos seus e seu Servo será a luz das nações (Is 42,6; 49,6).
O Pregão Pascal ou “Exultet”
Este hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, alegria do céu, da terra, da Igreja, da assembléia dos cristãos. Esta alegria procede da vitória de Cristo sobre as trevas.
Em seguida é proclamada a grande Ação de Graças. Seu tema é a história da salvação resumida pelo poema. Uma terceira parte consiste em uma oração pela paz, pela Igreja por suas autoridades e seus fiéis, pelos governantes das nações, para que todos cheguem à pátria celestial.
A liturgia da Palavra
Nesta noite a comunidade cristã se detém mais do que o normal na proclamação da Palavra. Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de Cristo e iluminam a História da Salvação e o sentido dos sacramentos pascais. Há um diálogo entre Deus que se dirige ao seu Povo (as leituras) e o Povo que Lhe responde (Salmos e orações).
A leituras da Vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: “…e começando por Moisés e por todos os profetas, os interpretou (aos discípulos de Emaús) em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito”(Lc 24, 27).
Leituras do Antigo Testamento
Primeira leitura: Gn 1,1-2,2 ou 1,1.26-31a – Viu Deus que tudo o que tinha feito era bom.
Segunda leitura: Gn 22,1-18 ou 1-2.9a.10-13.15-1 O sacrificio de Abraão, nosso pai na fé.
Terceira leitura Ex 14-15,1 – Os israelitas cruzaram o mar Vermelho.
Quarta leitura: Is 54,5-14 – Com misericordia eterna te ama o Senhor, teu redentor.
Quinta leitura: Is 55, 1-11 – Vinde a mim, e vivereis; firmarei convosco uma aliança perpétua.
Sexta leitura: Br 3,9-15.32-4,4 – Caminhai na claridade do resplendor do Senhor.
Sétima leitura: Ez 36.16-28 – Derramarei sobre vós uma água pura, y vos darei um coração novo.
É importante destacar esta passagem ao Novo Testamento: o Missal indica neste momento diversos símbolos, tais como a decoração do altar (luzes, flores), o canto do Glória e a aclamação do Aleluia antes do Evangelho. Também se ilumina de maneira mais plena a Igreja, já que durante as leituras do Antigo Testamento deve estar iluminada de maneira discreta.
Sobretudo o evangelho, tomado de um dos três sinóticos, de acordo com o Ciclo, é o que deve destacar-se: se trata do cumprimento de todas as profecias e figuras, proclama a Ressurreição do Senhor.
Leituras do Novo Testamento
Primeira leitura: Rm 6,3-11 – Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre.
Evangelho
CICLO A: Mt 28.1-10 – Ressuscitou e vos precede em Galiléia.
CICLO B: Mc 16, 1-17 – Jesus de Nazaré, o que foi crucificado, ressuscitou.
CICLO C: Lc 24.1-12 – Por que buscam entre os mortos aquele que está vivo.
A liturgia batismal
A noite de Páscoa é o momento no qual tem mais sentido celebrar os sacramentos da iniciação cristã.
Depois de um caminho pelo catecumenato (pessoal, se é que se trata de adultos e da família, para as crianças, e sempre nos diz respeito, da comunidade cristã inteira), o símbolo da água -a imersão, o banho- busca ser a expressão sacramental de como uma pessoa se incorpora a Cristo na sua passagem da morte à vida.
Como diz o Missal, se é que se trata de adultos, esta noite é quando tem pleno sentido que além do Batismo também se celebre a Confirmação, para que o neófito se integre plenamente à comunidade eucarística. O sacerdote que preside nesta noite tem a faculdade de conferir também a Confirmação, para fazer visível a unidade dos sacramentos de iniciação.
NA Vigília Pascal ainda vemos os seguintes elementos:
A ladainha dos santos ;
A bênção da água trata sobretudo de bendizer a Deus por tudo o que fez por meio da água ao longo da História da Salvação (desde a criação e a passagem pelo Mar Vermelho até o Batismo de Jesus no Jordão), implorando-lhe que hoje também este sinal atualize o Espírito de vida sobre os batizados;
O Batismo e a Confirmação sengundo seus próprios rituais;
a renovação das promessas batismais, se não se realizou a celebração do Batismo, (do contrário já a realizaram junto com os batizados e seus padrinhos). Trata-se de que todos participem conscientemente tanto da renúncia como da profissão de fé;
a sinal da aspersão, com um canto batismal, como recordação plástica do próprio Batismo. Este sinal pode se repetir todos os domingos do Tempo Pascal, ao início da Eucaristia;
a Oração universal ou oração dos fiéis, que é o exercício, por parte da comunidade, do seu sacerdócio batismal intercedendo perante Deus por toda a Humanidade.
A Eucaristia
A celebração Eucarística é o ápice da Noite Pascal. É a Eucaristía central de todo o ano, mais importante que a do Natal ou da Quinta-feira Santa. Cristo, o Senhor Ressuscitado, nos faz participar do seu Corpo e do seu sangue, como memorial da sua Páscoa.
É o ponto mais importante da celebração.
Site: Doutrina Católica.wordpress.com
Editado por Henrique Guilhon
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Exibir comentário