A Igreja é a coluna (mestra) e sustentáculo (preservadora) da verdade – 1º Tim 3,15

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É importante falar de Deus, das coisas de Deus, sem tirar os pés do mundo, pois estamos nele, embora que não sejamos dele. O Viver em Deus, fala de Deus, dos fatos da Igreja, do meio cristão católico. O Viver em Deus não é fechado em si mesmo, portanto faz também a apresentação de obras de outros sites católicos, o que, aqui, mais se evidencia, no intuito da divulgação e conhecimento dos mesmos. UM BLOG A SERVIÇO DA IGREJA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Sejam todos bem - vindos!

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Quando neste blog é falado, apresentado algo em defesa da Igreja, contra o protestantismo, é feito com um fundo de tristeza ao ver que existem "cristãos" que se levantam contra a única Igreja edificada pelo Senhor Jesus no mundo. Bom seria se isto não existisse, a grande divisão cristã. Mas os filhos da Igreja têm que defendê-la.

Saibam, irmãos(ãs), que o protestantismo, tendo que se sustentar, se manter, se justificar, terá que ser sempre contra a Igreja católica (do contrário não teria mais razão de sê-lo) ainda que seja pela farsa, forjar documentos, aumentar e destorcer fatos (os que são os mais difíceis para se comprovar o contrário pelos cientistas católicos, pois trata-se de algo real, mas modificado, alterado para proveito próprio.) E tentarão sempre atingir a Igreja na sua base: mentiras contra o primado de São Pedro, contra o Papa e sua autoridade, contra o Vaticano, contra a sua legitimidade, e outros tantos absurdos. São, graças a Deus, muitos sites católicos que derrubam (refutam) estas mentiras, provando o seu contrário, bastando portanto se fazer uma pesquisa séria, por exemplo, com o tema: cai a farsa protestante, refutando o protestantismo, etc. O Espírito Santo jamais abandona sua Igreja. Que saibamos, por este Espírito, amar aos protestantes que não participam destas ações malignas, e aos que se incumbem destas ações, os inimigos da Igreja, que saibamos, ainda que não consigamos amá-los o bastante, ao menos respeitá-los em sua situação crítica perante Jesus e desejar a eles a conversão e a Salvação de Nosso Senhor Jesus. "Se soubéssemos verdadeiramente o que é o inferno, não o desejaríamos ao pior inimigo".

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Notas Importantes

*O marcador “IDOLATRIA”, na seção TEMAS, abaixo, à esquerda, assim está exposto com a função de desmentir as acusações de idólatras aos católicos, outras vezes também denunciando que estes próprios acusadores cometem a idolatria ao dinheiro, entre outras.

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Tradutor

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Se perdermos a paz do coração, deveremos fazer de tudo para recuperá-la


LuziaSantiago



Luzia Santiago

Sejamos homens e mulheres de paz

“Não se perturbe, nem se atemorize o vosso coração.” (Jo 14,27) 

Se perdermos a paz do coração, deveremos fazer de tudo para recuperá-la. É importante sabermos que, por disposição do nosso Pai e Criador, nenhum acontecimento deste mundo é razão para perder a paz do nosso coração, ou turbá-lo. Sabendo que Deus está conosco, atravessemos as tribulações com paz no coração e suportemos, com a alma tranquila, todas as amarguras e contrariedades da vida.

Uma garantia que temos contra as inquietações do coração é manter sempre a mente elevada para as coisas de Deus. Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem. Peçamos hoje a Jesus que, nos conceda a graça, de sermos homens e mulheres de paz. “Senhor, fazei-me instrumento da Tua paz!”

Jesus, eu confio em Vós!

Luzia Santiago
Cofundadora da Comunidade Canção Nova

Título Original: Fujamos das inquietações do coração


Site: Luzia Santiago
Editado por Henrique Guilhon

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

São Tomás de Aquino descreve cinco provas da existência de Deus

Web                                                                                                                        São Tomás de Aquino


Montfort


Iª Via - Prova do movimento
IIª Via - Prova da causalidade eficiente
IIIª Via - Prova da contingência
IVª Via - Dos graus de perfeição dos entes
Vª Via - Prova da existência de Deus pelo governo do mundo

"Ninguém afirma: `Deus não existe' sem antes ter desejado que Ele não exista".

Esta frase, de um filósofo muito suspeito, por ser esotérico - Joseph de Maistre - tem muito de verdade.

Com efeito, o devedor insolvente gostaria que seu credor não existisse. O pecador que não quer deixar o pecado, passa a negar a existência de Deus.

Por isso, quando se dá as provas da existência de Deus para alguém, não se deve esquecer que a maior força a vencer não é a dos argumentos dos ateus, e sim o desejo deles de que Deus não exista. Não adiantará dar provas a quem não quer aceitar sua conclusão. Em todo caso, as provas de Aristóteles e de São Tomás a respeito da existência de Deus têm tal brilho e tal força que convencem a qualquer um que tenha um mínimo de boa vontade e de retidão intelectual.

É para essas pessoas que fazemos este pequeno resumo dos argumentos de São Tomás sobre a existência de Deus, tendo por base o que ele diz na Suma Teológica I, q.2, a.a 1, 2, 3 e 4.

Inicialmente, pergunta São Tomás se a existência de Deus é verdade de evidência imediata. Ele explica que uma proposição pode ser evidente de dois modos:

1) em si mesma, mas não em relação a nós;

2) em si mesma e para nós.

Uma proposição é evidente quando o predicado está incluído no sujeito. Por exemplo, a proposição o homem é animal é evidente, já que o predicado animal está incluso no conceito de homem.

Quando alguns não conhecem a natureza do sujeito e do predicado, a proposição - embora evidente em si mesma - não será evidente para eles. Ela será evidente apenas para os que conhecem o que significam o sujeito e o predicado. Por exemplo, a frase: "O que é incorpóreo não ocupa lugar no espaço", é evidente em si mesma e é evidente somente aqueles que sabem o que é incorpóreo.

Tendo em vista tudo isso, São Tomás diz que:

a) A proposição "Deus existe" é evidente em si mesma porque nela o predicado se identifica com o sujeito, já que Deus é o próprio ente.

b) Mas, com relação a nós, que desconhecemos a natureza divina, ela não é evidente, mas precisa ser demonstrada. E o que se demonstra não é evidente. O que é evidente para nós não cabe ser demonstrado.

Portanto, a existência de Deus pode ser demonstrada. Contra isso, São Tomás dá uma objeção, dizendo que a existência de Deus é um artigo de fé. Ora, o que é de fé não pode ser demonstrado. Logo, concluir-se-ia que não se pode demonstrar que Deus existe. São Tomás ensina que há dois tipos de demonstração:

1) Demonstração propter quid (devido a que)

É a que se baseia na causa. Ela parte do que é anterior (a causa) discorrendo para o que é posterior ( o efeito).

2) Demonstração quia (porque)

É a que parte do efeito para conhecer a causa.

Quando vemos um efeito mais claramente que sua causa, pelo efeito acabamos por conhecer a causa. Pois o efeito depende da causa, e é, de algum modo, sempre semelhante a ela. Então, embora a existência de Deus não seja evidente apenas para nós, ela é demonstrável pelos efeitos que dela conhecemos.

A existência de Deus e outras verdades semelhantes a respeito dele que podem ser conhecidos pela razão, como diz São Paulo Rom. I, 19), não são artigos de fé. Deste modo, a fé pressupõe o conhecimento natural, assim como a graça pressupõe a natureza e a perfeição pressupõe o que é perfectível.

Entretanto, alguém que não conheça ou não entenda a demonstração filosófica da existência de Deus, pode aceitar a existência dele por fé.

É no artigo 3 dessa questão 2 da 1ª parte da Suma Teológica que São Tomás expõe as provas da existência de Deus. São as famosas 5 vias tomistas.

Iª Via - Prova do movimento

É a prova mais clara.

É inegável que há coisas que mudam. Nossos sentidos nos mostram que a planta cresce, que o céu fica nublado, que a folha passa a ser escrita, que nós envelhecemos, que mudamos de lugar, etc.

Há mudanças substanciais. Ex.: madeira que vira carvão. Há mudanças acidentais. Ex: parede branca que é pintada de verde. Há mudanças quantitativas. Ex: a água de um pires diminuindo por evaporação. Há mudanças locais. Ex: Pedro vai ao Rio.

Nas coisas que mudam, podemos distinguir:

a) As qualidades ou perfeições já existentes nelas.

b) as qualidades ou perfeições que podem vir a existir, que podem ser recebidas por um sujeito.

As perfeições existentes são ditas existentes em Ato.

As perfeições que podem vir a existir num sujeito são existentes em Potência passiva. Assim, uma parede branca tem brancura em Ato, mas tem cor vermelha em Potência.

Mudança ou movimento é pois a passagem de potência de uma perfeição qualquer (x) para a posse daquela perfeição em Ato.

M = PX ---->> AX

Nada pode passar, sozinho, de potência para uma perfeição, para o Ato daquela mesma perfeição. Para mudar, ele precisa da ajuda de outro ser que tenha aquela qualidade em Ato.

Assim, a panela pode ser aquecida. Mas não se aquece sozinha. Para aquecer-se, ela precisa receber o calor de outro ser - o fogo - que tenha calor em Ato.

Outro exemplo: A parede branca em Ato, vermelha em potência, só ficará vermelha em Ato caso receba o vermelho de outro ser - a tinta - que seja vermelho em Ato.

Noutras palavras, tudo o que muda é movido por outro. É movido aquilo que estava em potência para uma perfeição. Em troca, para mover, para ser motor, é preciso ter a qualidade em ato. O fogo (quente em ato) move, muda a panela (quente em potência) para quente em ato.

Ora, é impossível que uma coisa esteja, ao mesmo tempo, em potência e em ato para a mesma qualidade.

Ex.: Se a panela está fria em ato, ela tem potência para ser aquecida. Se a panela está quente em ato ela não tem potência para ser aquecida.

É portanto impossível que uma coisa seja motor e móvel, ao mesmo tempo, para a mesma perfeição. É impossível, pois, que uma coisa mude a si mesma.

Tudo o que muda é mudado por outro.

Tudo o que se move é movido por outro.

Se o ente 1 passou de Potência de x para Ato x, é porque o ente 1 recebeu a perfeição x de outro ente 2 que tinha a qualidade x em Ato.

Entretanto, o ente 2 só pode ter a qualidade x em Ato se antes possuía a capacidade - a potência de ter a perfeição x.

Logo, o ente 2 passou, ele também, de potência de x para Ato x. Se o ente 2 só passou de PX para AX, é porque ele também foi movido por um outro ente, anterior a ele, que possuía a perfeição x em Ato.

Por sua vez, também o ente 3 só pode ter a qualidade x em Ato, porque antes teve Potência de x e só passou de PX para AX pela ajuda de outro ente 4 que tinha a qualidade x em Ato. E assim por diante.

PX ---> AX PX (5) ---> AX PX (4) ---> AX PX (3) ---> AX PX (2) ---> AX (1)

Esta seqüência de mudanças ou é definida ou indefinida. Se a seqüência fosse indefinida, não teria havido um primeiro ser que deu início às mudanças.

Noutras palavras, em qualquer seqüência de movimentos, em cada ser, a potência precede o ato. Mas, para que se produza o movimento nesse ser, é preciso que haja outro com qualidade em ato.

Se a seqüência de movimentos fosse infinita, sempre a potência precederia o ato, e jamais haveria um ato anterior à potência. É necessário que o movimento parta de um ser em ato. Se este ser tivesse potência, não se daria movimento algum. O movimento tem que partir de um ser que seja apenas ato.

Portanto, a seqüência não pode ser infinita.

Ademais, está se falando de uma série de movimentos nas coisas que existem no universo.

Ora, esses movimentos se dão no espaço e no tempo. Tempo-espaço são mensuráveis. Portanto, não são movimentos que se dão no infinito.

A seqüência de movimentos em tempo e espaço finitos tem que ser finita.

E que o universo seja finito se compreende, por ser ele material. Sendo a matéria mensurável, o universo tem que ser finito.

Que o universo é finito no tempo se comprova pela teoria do Big Bang e pela lei da entropia. O universo principiou e terá fim. Ele não é infinito no tempo.

Logo, a seqüência de movimentos não pode ser infinita, pois se dá num universo finito.

Ao estudarmos as cinco provas de S. Tomás sobre a existência de Deus, devemos ter sempre em mente que ele examina o que se dá nas "coisas criadas", para, através delas, compreender que existe um Deus que as criou e que lhes deu as qualidades visíveis, reflexos de suas qualidades invisíveis e em grau infinito.

Este primeiro motor não pode ser movido, porque não há nada antes do primeiro. Portanto, esse 1º ente não podia ter potência passiva nenhuma, porque se tivesse alguma ele seria movido por um anterior. Logo, o 1º motor só tem ATO. Ele é apenas ATO, isto é, tem todas as perfeições.

Este ser é Deus.

Deus então é ATO puro, isto é, ATO sem nenhuma potência passiva. Este ser que é ato puro não pode usar o verbo ser no futuro ou no passado. Deus não pode dizer "eu serei bondoso", porque isto implicaria que não seria atualmente bom, que Ele teria potência de vir a ser bondoso.

Deus também não pode dizer "eu fui", porque isto implicaria que Ele teria mudado, isto é, passado de potência para Ato. Deus só pode usar o verbo ser no presente. Por isso, quando Moisés perguntou a Deus qual era o seu nome, Deus lhe respondeu "Eu sou aquele que é" (aquele que não muda, que é ato puro).

Também Jesus Cristo ao discutir com os fariseus lhes disse: "Antes que Abraão fosse, eu sou" (Jo. VIII, 58). E os judeus pegaram pedras para matá-lo porque dizendo eu sou Ele se dizia Deus.

Na ocasião em que foi preso, Cristo perguntou: "a quem buscais ?", e, ao dizerem "a Jesus de Nazaré", ele lhes respondeu:

"Eu sou". E a essas palavras os esbirros caíram no chão, porque era Deus se definindo.

Do mesmo modo, quando Caifás esconjurou que Cristo dissesse se era o Filho de Deus, Ele lhe respondeu: "Eu sou". E Caifás entendeu bem que Ele se disse Deus, porque imediatamente rasgou as vestes dizendo que Cristo blasfemara afirmando-se Deus.

Deus é, portanto, ATO puro. É o ser que não muda. Ele é aquele que é. Por isso, a verdade não muda. O dogma não muda. A moral não evolui. O bem é sempre o mesmo.A beleza não muda.

Quando os modernistas afirmam que a verdade, o dogma, a moral, a beleza evoluem, eles estão dizendo que Deus evolui, que Ele não é ATO puro. Eles afirmam que Deus é fluxo, é ação, é processo e não um ente substancial e imutável.

É o que afirma hereticamente a Teologia da Libertação. Diz Frei Boff:

" Assim, o Deus cristão é um processo de efusão, de encontro, de comunhão entre distintos enlaçados pela vida, pelo amor." (Frei Boff, A Trindade e a Sociedade, p. 169)

Ou então:

"Assim, Mary Daly sugere compreendermos Deus menos como substância e mais como processo, Deus como verbo ativo (ação) e menos como um substantivo. Deus significaria o viver, o eterno tornar-se, incluindo o viver da criação inteira, criação que, ao invés de estar submetida ao ser supremo, participaria do viver divino." (Frei Boff, A Trindade e a Sociedade, pp. 154-155)

É natural pois que Boff tenha declarado em uma conferência em Teófilo Otono:

Como teólogo digo: sou dez vezes mais ateu que você desse deus velho, barbudo lá em cima. Até que seria bom a gente se livrar dele." (Frei Boff, Pelos pobres, contra a pobreza, p. 54)

IIª Via - Prova da causalidade eficiente

Toda causa é anterior a seu efeito. Para uma coisa ser causa de si mesma teria de ser anterior a si mesma. Por isso neste mundo sensível, não há coisa alguma que seja causa de si mesma. Além disso, vemos que há no mundo uma ordem determinada de causas eficientes.

Assim, numa série definida de causas e efeitos, o resfriado é causado pela chuva, que é causada pela evaporação, que é causada pelo calor, que é causado pelo Sol. No mundo sensível, as causas eficientes se concatenam às outras, formando uma série em que umas se subordinam às outras: A primeira, causa as intermediárias e estas causam a última. Desse modo, se for supressa uma causa, fica supresso o seu efeito. Supressa a primeira, não haverá as intermediárias e tampouco haverá então a última.

Se a série de causas concatenadas fosse indefinida, não existiria causa eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria. ora, isto é evidentemente falso, pois as coisas existem. Por conseguinte, a série de causas eficientes tem que ser definida. Existe então uma causa primeira que tudo causou e que não foi causada.

Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por Sócrates que morreu dizendo: "Causa das causas, tem pena de mim". A negação da Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.

O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra "Breve História do Tempo" reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo, ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da entropia) exige um ser criador. Hawkins admitiu ainda que o universo é feito como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe um remetente da mensagem. Ele, porém, confessa que a ciência não pode admitir um criador e parte então para uma teoria gnóstica para explicar o mundo.

O mesmo faz o materialismo marxista. Negando que haja Deus criador do universo, o marxismo se vê obrigado a transferir para a matéria as qualidades da Causa primeira e afirmar, contra toda a razão e experiência, que a matéria é eterna, infinita e onipotente. Para Marx, a matéria é a Causa das causas não causada.

IIIª Via - Prova da contingência

Na natureza, há coisas que podem existir ou não existir. Há seres que se produzem e seres que se destroem. Estes seres, portanto, começam a existir ou deixam de existir. Os entes que têm possibilidade de existir ou de não existir são chamados de entes contingentes. Neles, a existência é distinta da sua essência, assim o ato é distinto da potência. Ora, entes que têm a possibilidade de não existir, de não ser, houve tempo em que não existiam, pois é impossível que tenham sempre existido.

Se todos os entes que vemos na natureza têm a possibilidade de não ser, houve tempo em que nenhum desses entes existia. Porém, se nada existia, nada existiria hoje, porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo. O que existe só pode começar a existir em virtude de um outro ente já existente. Se nada existia, nada existiria também agora. O que é evidentemente falso, visto que as coisas contingentes agora existem.

Por conseguinte, é falso que nada existia. Alguma coisa devia necessariamente existir para dar, depois, existência aos entes contingentes. Este ser necessário ou tem em si mesmo a razão de sua existência ou a tem de outro.

Se sua necessidade dependesse de outro, formar-se-ia uma série indefinida de necessidades, o que, como já vimos é impossível. Logo, este ser tem a razão de sua necessidade em si mesmo. Ele é o causador da existência dos demais entes. Esse único ser absolutamente necessário - que tem a existência necessariamente - tem que ter existido sempre. Nele, a existência se identifica com a essência. Ele é o ser necessário em virtude do qual os seres contingentes tem existência. Este ser necessário é Deus.

IVª Via - Dos graus de perfeição dos entes

Vemos que nos entes, uns são melhores, mais nobres, mais verdadeiros ou mais belos que outros. Constatamos que os entes possuem qualidades em graus diversos. Assim, dizemos que o Rio de Janeiro é mais belo que Carapicuíba. Nessa proposição, há três termos: Rio de Janeiro, Carapicuíba e Beleza da qual o Rio de Janeiro participa mais ou está mais próximo. Porque só se pode dizer que alguma coisa é mais que outra, com relação a certa perfeição, conforme sua maior proximidade, participação ou semelhança com o máximo dessa perfeição.

Portanto, tem que existir a Verdade absoluta, a Beleza absoluta, o Bem absoluto, a Nobreza absoluta, etc. Todas essas perfeições em grau máximo e absoluto coincidem em um único ser, porque, conforme diz Aristóteles, a Verdade máxima é a máxima entidade. O Bem máximo é também o ente máximo.

Ora, aquilo que é máximo em qualquer gênero é causa de tudo o que existe nesse gênero. Por exemplo, o fogo que tem o máximo calor, é causa de toda quentura, conforme diz Aristóteles. Há, portanto, algo que é para todas as coisas a causa de seu ser, de sua bondade, de sua verdade e de todas as suas perfeições. E a isto chamamos Deus.

Por esta prova se vê bem que a ordem hierárquica do universo é reveladora de Deus, permitindo conhecer sua existência, assim como conhecer suas perfeições. É o que diz São Paulo na Epístola aos Romanos (I, 19). E também é por isso que Deus, ao criar cada coisa dizia que ela era boa, como se lê no Gêneses ( I ). Mas quando a Escritura termina o relato da criação, diz que Deus, ao contemplar tudo quanto havia feito, viu que o conjunto da criação era "valde bona", isto é, ótimo.

Pois bem, se cada parcela foi dita apenas boa por Deus como se pode dizer que o total é ótimo? O total deve ter a mesma natureza das parcelas, e portanto o total de parcelas boas devia ser dito simplesmente bom e não ótimo. São Tomás explica essa questão na Suma contra Gentiles. Diz ele que o total foi declarado ótimo porque, além da bondade das partes havia a sua ordenação hierárquica. É essa ordem do universo que o torna ótimo, pois a ordem revela a Sabedoria do Ordenador. Por aí se vê que o comunismo, ao defender a igualdade como um bem em si, odeia a ordem, imagem da Sabedoria de Deus. Odiando a imagem de Deus, o comunismo odeia o próprio Deus, porque quem odeia a imagem odeia o ser por ela representado. Nesse ódio está a raiz do ateísmo marxista e de sua tendência gnóstica.

Vª Via - Prova da existência de Deus pelo governo do mundo

Verificamos que os entes irracionais obram sempre com um fim. Comprova-se isto observando que sempre, ou quase sempre, agem da mesma maneira para conseguir o que mais lhes convém.

Daí se compreende que eles não buscam o seu fim agindo por acaso, mas sim intencionalmente. Aquilo que não possui conhecimento só tende a um fim se é dirigido por alguém que entende e conhece. Por exemplo, uma flecha não pode por si buscar o alvo. Ela tem que ser dirigida para o alvo pelo arqueiro. De si, a flecha é cega. Se vemos flechas se dirigirem para um alvo, compreendemos que há um ser inteligente dirigindo-as para lá. Assim se dá com o mundo. Logo, existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim próprio. A este ser chamamos Deus.

Uma variante dessa prova tomista aparece na obra "A Gnose de Princeton". Apesar de gnóstica esta obra apresenta um argumento válido da existência de Deus.

Filmando-se em câmara lenta um jogador de bilhar dando uma tacada numa bola, para que ela bata noutra a fim de que esta corra e bata na borda, em certo ângulo, para ser encaçapada, e se depois o filme for projetado de trás para diante, ver-se-á a bola sair da caçapa e fazer o caminho inverso até bater no taco e lançar para trás o braço do jogador. Qualquer um compreende, mesmo que não conheça bilhar, que a segunda seqüência não é a verdadeira, que é absurda. Isto porque à segunda seqüência faltou a intenção, que transparece e explica a primeira seqüência de movimentos. Daí concluir com razão, a obra citada, que o mundo cego caminha - como a flecha ou como a bola de bilhar - em direção a um alvo, a um fim. Isto supõe então que há uma inteligência que o dirige para o seu fim. Há pois uma inteligência que governa o mundo. Este ser sapientíssimo é Deus.


Foto: Web

Site: Montfort
Editado por Henrique Guilhon

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Jovens de todo o mundo se preparam para reunião pré-sinodal com o Papa



CNBB

O Ano de 2018 vai ser bem agitado e importante para a juventude do mundo inteiro. Além da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que será sobre o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’ em outubro de 2018, o Papa Francisco convocou uma reunião pré-sinodal de 19 a 24 de março de 2018. O convite é para os jovens de diferentes partes do mundo: jovens católicos e jovens de diversas confissões cristãs e de outras religiões; também jovens não crentes.

A data do encontro, que terá como tema ‘Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus‘, foi escolhida para permitir a participação de todos, na conclusão dos trabalhos, na celebração Eucarística do Domingo de Ramos com o Santo Padre na Praça São Pedro, por ocasião do 23º Dia Mundial da Juventude de 2018.

Para o bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão Episcopal para a Juventude, dom Vilson Basso, esse encontro representa a seriedade e o amor com que o papa Francisco trata a juventude.

“O papa quer ouvir o que a juventude quer dizer. Na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013, o papa disse: ‘juventude é a janela do futuro. A juventude antecipa a mudanças culturais, especialmente’. O papa, de fato, quer a presença protagonista da juventude na Igreja”, ressalta o bispo.

O encontro foi anunciado em outubro de 2017. Na ocasião, o papa disse esta iniciativa se insere no caminho de preparação para o Sínodo dos Bispos.

“A Igreja quer se colocar à escuta da voz, da sensibilidade, da fé e também das dúvidas e críticas dos jovens. Por isso, as conclusões da Reunião de março serão transmitidas aos Padres Sinodais”, disse o Papa.

A Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos chegou a divulgar nota afirmando que a iniciativa permitirá aos jovens exprimir suas expectativas e desejos, bem como suas incertezas e preocupações nas complexas situações do mundo de hoje.

Ao todo, serão convidados 300 jovens que serão escolhidos, principalmente, pelas Conferências Episcopais. É por isso que as Conferências Episcopais, as Igrejas Orientais, as operadoras, as pessoas próximas aos jovens, os representantes dos movimentos, associações e um bom número de jovens vindos de fora, tanto os cristãos quanto outras religiões e não-crentes nos ajudarão.

Segundo dom Vilson Basso, quando esteve com o papa em abril e agradeceu pelo Sínodo. O papa disse: “Escute a juventude, de dentro da Igreja, mas especialmente, a juventude que não participa da Igreja. A juventude tem muito a dizer para a Igreja”.

A Reunião pré-sinodal contribuirá para enriquecer a fase de consulta já iniciada com a publicação do “Documento Preparatório” e o “Questionário”. O fruto dos trabalhos da Reunião será oferecido aos Padre Sinodais, junto com outra documentação, para favorecer a reflexão e aprofundamento.

A CNBB já encaminhou a Secretaria Geral do Sínodo as respostas ao questionário respondido pelos jovens do Brasil. Ao todo, 176 dioceses contribuíram com as respostas. Muitas delas enviaram as respostas pelo site do Sínodo que ainda recebe contribuições até 31 de dezembro de 2017.

“A juventude ainda pode contribuir com o Sínodo se aproximando mais da Igreja, participando ativamente, fazendo ouvir sua voz, rezando, acreditando que, de fato, que é um Kairós, um tempo de graça para a juventude e para a Igreja no mundo, finalizou o bispo.

Título Original: Jovens do mundo inteiro se preparam para reunião pré-sinodal com o Papa em março de 2018


Site: CNBB
Editado por Henrique Guilhon

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

De arrepiar: a música que os cristãos do Oriente cantam antes de serem martirizados

Web


Aleteia


Ouça o relato e feche os olhos enquanto ela canta: aí você vai entender a força e o poder da fé de um cristão de verdade!

Testemunho da Irmã Guadalupe, religiosa do Instituto do Verno Encarnado que por muitos anos morou no Iraque em plena guerra.

Se não conseguir visualizar o vídeo, clique aqui.

Aqui a pregação completa – https://youtu.be/Nbyghue6zZs



Foto: Web

Site: Aleteia
Editado por Henrique Guilhon

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Se foi por meio de uma mulher (Eva) que a serpente infernal conseguiu fazer penetrar seu veneno mortal na humanidade, também seria por meio de outra mulher (Maria, a nova Eva) que Deus traria o remédio da salvação




Cléofas


Já no princípio, quando nossos primeiros pais romperam com Deus pela soberba e desobediência, lançando toda a humanidade nas trevas, Deus misericordiosamente prometeu a salvação por meio de uma “Mulher”.

“Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15).

Se foi por meio de uma mulher (Eva) que a serpente infernal conseguiu fazer penetrar seu veneno mortal na humanidade, também seria por meio de outra mulher (Maria, a nova Eva) que Deus traria o remédio da salvação.

“Na plenitude dos tempos”, diz o Apóstolo, “Deus enviou Seu Filho ao mundo nascido de uma mulher” (Gl 4,4). No ponto central da história da salvação se dá um acontecimento ímpar em que entra em cena a figura de uma Mulher. O mesmo Apóstolo nos lembra: “Não foi Adão o seduzido, mas a mulher” (1Tm 2,14); portanto, devia ser também por meio da mulher que a salvação chegasse à terra.

Para isso foi preciso que Deus preparasse uma nova Mulher, uma nova Virgem, uma nova Eva, que fosse isenta do pecado original, que pudesse trazer em seu seio virginal o autor da salvação; que pudesse “enganar” a serpente maligna, da mesma forma que esta enganara Eva.

O pecado original, por ser dos primeiros pais, passa por herança, por hereditariedade, a todos os filhos, e os faz escravos do pecado, do demônio e da morte.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina: “O gênero humano inteiro é em Adão como um só corpo de um só homem. Em virtude desta “unidade do gênero humano” todos os homens estão implicados no pecado de Adão” (n. 404).

A partir do pecado de Adão, toda criatura entraria no mundo manchada pelo pecado original. O que fez então Jesus para poder ter Sua Mãe bela, santa e imaculada? Ele quebrou a tábua da lei do pecado original e jurou que, no lenho da Cruz, com Seu Sangue e Sua Morte conquistaria a Imaculada Conceição de Sua Virgem Mãe.

São Leão Magno, Papa do século V e doutor da Igreja, afirma: “O antigo inimigo, em seu orgulho, reivindicava com certa razão seu direito à tirania sobre os homens e oprimia com poder não usurpado aqueles que havia seduzido, fazendo-os passar voluntariamente da obediência aos mandamentos de Deus para a submissão à sua vontade. Era portanto justo que só perdesse seu domínio original sobre a humanidade sendo vencido no próprio terreno onde vencera” 4.

Como nenhum ser humano era livre do pecado e de Satanás foi então preciso que Deus preparasse uma mulher livre, para que Seu Filho fosse também isento da culpa original, e pudesse libertar Seus irmãos.

Assim, o Senhor antecipou para Maria, a escolhida entre todas, a graça da Redenção que seu Filho conquistaria com Sua Paixão e Morte. A Imaculada Conceição de Nossa Senhora foi o primeiro fruto que Jesus conquistou com Sua morte. E Maria foi concebida no seio de sua mãe, Santa Ana, sem o pecado original.

Como disse o cardeal Suenens: “A santidade do Filho é causa da santificação antecipada da Mãe, como o sol ilumina o céu antes de ele mesmo aparecer no horizonte” 5.

O cardeal Bérulle explica assim: “Para tomar a terra digna de trazer e receber seu Deus, o Senhor fez nascer na terra uma pessoa rara e eminente que não tomou parte alguma no pecado do mundo e está dotada de todos os ornamentos e privilégios que o mundo jamais viu e jamais verá, nem na terra e nem no céu” (Tm, p. 307).

O Anjo Gabriel lhe disse na Anunciação: “Ave, cheia de graça…” (Lc 1,28). Nesse “cheia de graça”, a Igreja entendeu todo o mistério e dogma da Conceição Imaculada de Maria. Se ela é “cheia de graça”, mesmo antes de Jesus ter vindo ao mundo, é porque é desde sempre toda pura, bela, sem mancha alguma; isto é, Imaculada. E assim Deus preparou a Mãe adequada para Seu Filho, concebido pelo Espírito Santo diretamente (Lc 1,35), sem a participação de um homem, o qual transmitiria ao Filho o pecado de origem. Além disso, não haveria na terra sêmen humano capaz de gerar o Filho de Deus.

Desde os primeiros séculos o Espírito Santo mostrou à Igreja essa verdade de fé. Já nos séculos VII e VIII apareceram alguns hinos e celebrações em vários conventos do Oriente em louvor à Imaculada Conceição.

Em 8 de dezembro de 1854 o Papa Pio IX declarava dogma de fé a doutrina que ensinava ter sido a Mãe de Deus concebida sem mancha por um especial privilégio divino.

Na Bula “Ineffabilis Deus”, o Papa diz: “Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um especial privilégio de Deus Todo Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis” (Tm, p. 305).

É de notar que em 1476 a festa da Imaculada foi incluída no Calendário Romano. Em 1570, o papa Pio V publicou o novo Ofício e, em 1708, o papa Clemente XI estendeu a festa a toda a Cristandade tornando-a obrigatória.

Neste seio virginal, diz S. Luiz, Deus preparou o “paraíso do novo Adão” (Tvd, n. 18).

Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja e ardoroso defensor de Maria, falecido em 1787, disse: “Maria tinha de ser medianeira de paz entre Deus e os homens. Logo, absolutamente não podia aparecer como pecadora e inimiga de Deus, mas só como Sua amiga, toda imaculada” (Gm, p. 209). E ainda: “Maria devia ser mulher forte, posta no mundo para vencer a Lúcifer, e portanto devia permanecer sempre livre de toda mácula e de toda a sujeição ao inimigo” (GM, p. 209).

S. Bernardino de Sena, falecido em 1444, diz a Maria: “Antes de toda criatura fostes, ó Senhora, destinada na mente de Deus para Mãe do Homem Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de seu Filho, que é Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha” (GM, p. 210).

Diz o livro dos Provérbios: “A glória dos filhos são seus pais” (Pr 17,6); logo, é certo que Deus quis glorificar Seu Filho humanado também pelo nascimento de uma Mãe toda pura.

S. Tomas de Vilanova, falecido em 1555, chamado de São Bernardo espanhol, disse em sua teologia sobre Nossa Senhora: “Nenhuma graça foi concedida aos santos sem que Maria a possuísse desde o começo em sua plenitude” (Gm, p. 211).

S. João Damasceno, doutor da Igreja falecido em 749, afirma: “Há, porém, entre a Mãe de Deus e os servos de Deus uma infinita distância” (Gm, p. 211).

E pergunta S. Anselmo, bispo e doutor da Igreja falecido em 1109, e grande defensor da Imaculada Conceição: “Deus, que pode conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não teria podido concedê-la também a Maria?”

“A Virgem, a quem Deus resolveu dar Seu Filho Único, tinha de brilhar numa pureza que ofuscasse a de todos os anjos e de todos os homens e fosse a maior imaginável abaixo de Deus” (GM, p. 212).

É importante notar que S. Afonso de Ligório afirma: “O espírito mau buscou, sem dúvida, infeccionar a alma puríssima da Virgem, como infeccionado já havia com seu veneno a todo o gênero humano. Mas louvado seja Deus! O Senhor a previniu com tanta graça, que ficou livre de toda mancha do pecado. E dessa maneira pode a Senhora abater e confundir a soberba do inimigo” (GM p. 210).

Nenhum de nós pode escolher sua Mãe; Jesus o pode. Então pergunta S. Afonso: “Qual seria aquele que, podendo ter por Mãe uma rainha, a quisesse uma escrava? Por conseguinte, deve-se ter por certo que a escolheu tal qual convinha a um Deus” (GM, p. 213).

A carne de Jesus é a mesma carne de Maria e Seu sangue é o mesmo de Maria; logo, a honra do Filho de Deus exige uma Mãe Imaculada.

Quando Deus eleva alguém a uma alta dignidade, também o torna apto para exercê-la, ensina S. Tomás de Aquino. Portanto tendo eleito Maria para Sua Mãe, por Sua graça e tornou digna de ser livre de todo o pecado, mesmo venial, ensinava S. Tomás; caso contrário, a ignomínia da Mãe passaria para o Filho (GM, p. 215).

Nesta mesma linha afirmava S. Agostinho de Hipona, Bispo e doutor da Igreja falecido em 430, já no século V:

“Nem se deve tocar na palavra “pecado” em se tratando de Maria; e isso por respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça” (GM, p. 215).

Maria é aquilo que disse o salmista: “O Altíssimo santificou seu tabernáculo; Deus está no meio dele” (Sl 45,5); ou ainda: “A santidade convém à Vossa casa, Senhor” (Sl 42,6).

Pergunta S. Cirilo de Alexandria (370-444), bispo e doutor da Igreja: “Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?” (GM, p. 216). Assim Deus jamais permitiu que seu inimigo tocasse naquela em que Ele seria gerado homem.

S. Bernardino de Sena ensina que Jesus veio para salvar a todos, inclusive Maria. Contudo, há dois modos de remir: levantando o decaído ou preservando-o da queda. Este último modo Deus aplicou a Maria.

Se é pelo fruto que se conhece a árvore (Mt 7,16-20), então, como o Cordeiro foi sempre imaculado, sempre pura também foi Sua Mãe, é a conclusão dos santos.

Afirma S. Afonso: “Se conveio ao Pai preservar Maria do pecado, porque Lhe era Filha, e ao Filho porque Lhe era Mãe, está visto que o mesmo se há de dizer do Espírito Santo, de quem era a Virgem Esposa” (GM, p. 218).

“‘O Espírito Santo descerá sobre ti’ (Lc 1,35). Ela é portanto o templo do Senhor, o sacrário do Espírito Santo, porque por virtude dele se tornou Mãe do Verbo Encarnado”, afirmou S. Tomás (GM, p. 218).

Podendo o Espírito Santo criar Sua Esposa toda bela e pura, é claro que assim o fez. É dela que fala: “És toda formosa minha amiga, em ti não há mancha original” (Ct 4,7). Chama ainda Sua Esposa de “jardim fechado e fonte selada” (Ct 4,12), onde jamais os inimigos entraram para ofendê-la.

“Estão comigo um sem número de virgens, mas uma só é a minha pomba, minha imaculada” (Ct 6,8-9).

“Ave, cheia de graça!” Aos outros santos a graça é dada em parte, contudo a Maria foi dada em sua plenitude. Assim “a graça santificou não só a alma mas também a carne de Maria, a fim de que com ela revestisse depois o Verbo Eterno”, afirma S. Tomás (GM, p. 220).

É interessante notar que 104 anos antes de o Papa Pio IX proclamar o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria, Santo Afonso já escrevera seu famoso livro As glórias de Maria, em 1750, no qual defendia com excelência o dogma, firmado no unânime testemunho dos Santos Padres.

O dogma da Imaculada Conceição de Maria é um marco fundamental da fé porque, entre outras coisas, define claramente a realidade do pecado original, às vezes contestado por alguns teólogos modernos, em discordância com o Magistério da Igreja.

Foi o mesmo Papa Pio IX que, juntamente com o Concilio Vaticano I, realizado em 1870, proclamou o dogma da infalibilidade papal, questionado por muitos na época.

Enquanto os padres conciliares discutiam a conveniência da definição, levantaram-se em todo o mundo, principalmente na Alemanha e França, muitas críticas contrárias. Os jornais e as revistas enchiam suas páginas com os mais grosseiros ataques contra o Papa e os Bispos.

Muito preocupado, o Cardeal Antonielli, Secretário de Estado reuniu um grupo de Cardeais e foi com eles à presença do Papa Pio IX, suplicando-lhe que adiasse a definição dogmática da infalibilidade papal para o bem da Igreja.

Pio IX ouviu com calma a exposição do cardeal, e em tom decidido, iluminado pelo Espírito Santo e guiado por Maria, respondeu: “Comigo está a Imaculada. Eu vou adiante”.

E o Concilio Vaticano I definiu o dogma da infalibilidade papal.

Que bela expressão que cada um de nós pode repetir nas horas da luta: “Comigo está a Imaculada…”

O Catecismo da Igreja Católica afirma com toda a certeza: “Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe de Seu Filho. ‘Cheia de graça’, ela é o fruto mais excelente da Redenção desde o primeiro instante de sua concepção; foi totalmente preservada da mancha do pecado original e permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de sua vida” (n. 508).

Além de todas as razões acima apresentadas que nos dão a certeza da Imaculada Conceição, a própria Virgem Maria, em pessoa, quis confirmar este dogma. Foi quando em 25 de março de 1858, na festa da Anunciação, revelou seu Nome a Santa Bernadette, mas aparições de Lourdes. Disse-lhe ela: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

A partir daí, o padre Peyramale, que era o Cura de Lourdes, passou a acreditar nas aparições de Maria à pobre Bernadette, e com ele toda a Igreja .

Em 27 de novembro de 1830, Nossa Senhora apareceu a S. Catarina Labouré, na Capela das filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris, e lhe pediu para mandar cunhar e propagar a devoção à chamada “Medalha Milagrosa”, precisamente com esta inscrição: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

Quantas graças essa devoção tem espalhado pelo mundo!

Maria, por sua Imaculada Conceição, foi o marco inicial de nossa salvação, e será sempre aquela que nos levará à fonte da mesma salvação, Jesus Cristo, o esplendor da Verdade.

Hoje, mais do que antes, é preciso fazer-lhe muitas vezes aquela famosa oração que os cristãos do Egito já lhe dirigiam no século III: “Debaixo de vossa proteção nos refugiamos, ó Santa Mãe de Deus. Não desprezeis nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Maria, Imaculada, rogai por nós”.

Escutemos o que nos diz São Bernardo (1090-1153), abade e doutor da Igreja, o poeta apaixonado de Maria, em seu famoso “Sermão sobre o Missus est”: “Ó tu, quem quer que sejas, que nas correntezas deste mundo te apercebas: antes ser arrastado entre procelas e tempestades do que andando sobre a terra, desviares os olhos desta Estrela, se não queres afogar-te nessas águas.

Se levantam os ventos das tentações, se cais nos escolhos dos grandes sofrimentos, olha a Estrela, invoca Maria.

Se as iras, ou avareza, ou os prazeres carnais se abaterem sobre tua barca, olha para Maria.

Se, perturbado pelas barbaridades de teus crimes, se amedrontado pelo horror do julgamento, começas a ser sorvido em abismos de tristeza e desespero, pensa em Maria.

Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste de teus lábios, não se afaste de teu coração.

E, para que possas pedir o auxílio de sua oração, não esqueças o exemplo de sua vida. Seguindo-a, não te desviarás; suplicando-lhe, não desesperarás; pensando nela, não errarás. Se ela te segurar, não cairás; se te proteger, não terás medo; se ela te conduzir, não te fatigarás; se estiver do teu lado, chegarás ao fim. E assim experimentarás em ti mesmo quanto é verdade aquilo que foi dito: ‘E o nome da Virgem era Maria” .

Título Original: A história da Imaculada Conceição


Site: Cléofas
Editado por Henrique Guilhon

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Para ajudar os camponeses, em sua maioria iletrados, a compreenderem as Sagradas Escrituras, São Francisco de Assis encenou pela primeira vez o nascimento do Menino Deus. Nasceu o presépio.



CNBB

Além de Papai Noel, presentes e pinheirinhos ornamentados, o mês de dezembro no Brasil nos traz outra tradição: os presépios – arte que remonta e celebra o nascimento do menino Jesus em Belém, na Judéia. Neste tempo natalino, é possível encontrar presépios em vitrines, praças e nas decorações caseiras em todo o país e até fora dele.

Feitos de vários tamanhos, cores e materiais, o presépio napolitano surgiu no ano de 1223, na pequena cidade italiana de Greccio. Para ajudar os camponeses, em sua maioria iletrados, a compreenderem as Sagradas Escrituras, São Francisco de Assis encenou pela primeira vez o nascimento do Menino Deus. O termo presépio vem do latim Praesaepe, que significa estrebaria ou curral. Em 1290, a igreja de Santa Maria Maior, em Roma, foi reformada e nela instalada a Capela do Presépio, que abriga a gruta que sob o altar permanece o pedaço de rocha que serviu como manjedoura.

Missionário leigo da Ordem Franciscana Secular da diocese de Castanhal (PA), Vítor Hugo Paiva, que assessora a juventude franciscana (Ajufra), juntou o seu grupo e propuseram ao pároco construir um presépio diferente na paróquia São José. Os jovens misturaram as realidades do centro da cidade representada por prédios no plano mais fundo do presépio e, logo em primeiro plano, a periferia com seus casebres. A cabana, onde foi colocada a manjedoura, ficava nessa periferia que era a parte mais clara e mais reluzente do cenário.


Victor Hugo(centro) e a juventude franciscana

“Para nós, o Natal é uma festa de uma profundidade de carisma, de uma profundidade de espiritualidade, de vida mesmo. A questão do presépio é algo que ilustra muito a nossa espiritualidade por que São Francisco é conhecido como o primeiro a ter materializado aquilo que era a imagem do nascimento de Jesus naquela estrebaria”, relata Vítor.

Para o grupo, a montagem foi uma experiência interessante, pois eles tinham o objetivo que Castanhal se tornasse uma nova Belém, lugar onde o Salvador se fizesse vivo e presente efetivamente na vida dos cidadãos daquela região.

“Diariamente, nós iniciávamos os trabalhos rezando e cantando, na esperança de ver Jesus se encarnar na vida do nosso povo. Pregando as tábuas, colando os papeis, ajeitando as palhas, nós fizemos esta experiência”, disse Vítor.

Na tradição católica, o presépio é uma das formas mais antigas de ajudar os fiéis a visualizarem o mistério da encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo, e sempre traz a manjedoura onde o menino nasceu, os animais que estavam presentes, os três reis magos e os pais do Menino, José e Maria. 

Segundo o assessor do Setor Espaço Litúrgico da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Thiago Faccini Paro, o presépio não é um símbolo litúrgico, e não pertence à liturgia. Porém, na liturgia se utiliza muitas coisas que não pertencem a ela, como é o caso do presépio, que torna-se um sinal visível, didático e pedagógico que ajuda os fiéis a celebrarem e compreenderem a liturgia do tempo do Natal.




“Não se tem uma explicação teológica para o presépio. Ele pertence à piedade popular… e cada povo tem suas tradições e maneiras de interpretar os elementos que o compõem”, ressaltou.

De acordo com o padre, o presépio é importante, desde que seja visto e compreendido no espirito próprio daquele tempo litúrgico, no qual este não deve ter mais valor e importância do que a ação simbólico-ritual própria das celebrações dos tempos do Advento e Natal.

Foi com esse gesto de ajudar a comunidade a se preparar para a celebração do nascimento de Jesus que a juventude franciscana de Castanhal montou o presépio e acabou vivenciando uma experiência pessoal de fé. Na reta final da construção, eles decidiram passar o dia na Igreja. Na hora do almoço, a paróquia fechada, entrou um senhor malvestido e sentou no penúltimo banco. Eles ficaram com medo, mas o homem disse que era catador e queria apenas pedir uma doação de alimento. Como a Igreja só reabriria por volta das 14h, o grupo então, decidiu convidar o homem para almoçar.


Juventude franciscana após a montagem do presépio

“Sentamos à mesa e partilhamos nossas vidas. No final, fizemos duas cestas básicas e demos ao seu Carlos. Ele chorou, agradeceu, abraçou cada um de nós e deu feliz Natal. E quando nós terminamos o presépio, todos muito emocionados naquela tarde, fazendo memória deste fato, lembramos que todos os dias durante a construção do presépio a nossa esperança era de ver Jesus, e no último dia, quando nós concluímos o presépio, Ele veio da mesma forma como veio a primeira vez na pessoa de um pobre. Ele não somente veio, não somente o vimos, como nós sentamos à mesa com Ele, ceiamos e Ele nos desejou um feliz Natal”.

Emocionado, Vítor disse que este momento foi “uma experiência fantástica”: “mudou a minha perspectiva de vida, me firmou no meu carisma e na minha espiritualidade franciscana e na cada um dos meus jovens também”.

Na tradição católica, para a montagem do presépio é preciso levar em conta a espiritualidade e o sentido do tempo litúrgico do Advento, que tem duas finalidades: refletir sobre a segunda vinda de Cristo (nos dois primeiros domingos) e a preparação para o Natal de Jesus (no terceiro e quarto domingos).


Segundo o assessor do Espaço Litúrgico da CNBB, padre Thiago Faccini Paro, o presépio só deveria ser montado após o segundo domingo do Advento, em um local discreto e de preferência fora do presbitério. Nunca na frente do altar, centro do espaço celebrativo e que nunca deve ser ofuscado ou escondido por excesso de flores, toalhas etc. Já a desmontagem deve ser feita após a festa da Epifania do Senhor, que ocorre no primeiro domingo após o primeiro de janeiro, popularmente conhecida como “Festa dos Santos Reis”.

Em desenho, escultura ou pintura, a tradição de montar presépio ganhou o mundo. No Brasil, chegou no século XVII e foi montado pela primeira vez em Olinda (PE) pelo religioso Gaspar de Santo Agostinho.

Título Original: A arte dos presépios e seu lugar nas Igrejas é destaque da Revista Bote Fé


Site: CNBB
Editado por Henrique Guilhon

domingo, 26 de novembro de 2017

Jesus veio, se encarnou, para “tirar o pecado do mundo”


“Perdemos o Paraíso, mas recebemos o Céu, pelo que o ganho é maior que a perda”. São João Crisóstomo


Prof. Felipe Aquino


A Revelação de Deus por meio da Bíblia e da Tradição da Igreja, nos ensina que por causa do pecado da desobediência ao Criador, nossos primeiros pais perderam a “graça santificante” que lhes dava uma comunhão íntima com Deus, e perderam também o estado de “justiça original” que garantia a harmonia do homem com Deus, com a mulher, consigo mesmo e com a natureza. Se se mantivesse fiel a Deus e ao modo de vida proposto por Deus (simbolizado pela proibição da fruta da árvore da ciência do bem e do mal, cf. Gn 2,16s) ele não perderia esses dons.

Mas, o homem não quis obedecer a Deus e, por autossuficiência recusou o seu modelo de vida. Pecaram por soberba e desobediência, disseram NÃO a Deus, e sim ao Tentador. Por isso, perdeu o controle de si mesmo e ficou sujeito às suas paixões desordenadas; e o mundo que, por dom de Deus, estava harmoniosamente sujeito ao homem, já não era mais; rompeu-se a serventia das criaturas irracionais ao homem; agora estas o maltratam e esmagam, negam-lhe os frutos da terra e, às vezes até as condições de sobrevivência.


A terra passou, então, a produzir espinhos e abrolhos e agora o homem terá de tirar dela, com o seu suor, o seu sustento. A mulher, por sua vez, dará a luz em dores de parto. O sofrimento entrou no mundo com o pecado.

“Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.”

“Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar…

O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde tinha sido tirado…” (Gn 3,17-23).

Nas origens da história humana há um Pecado que é responsável pela miséria física e moral que o homem sofre através dos séculos. Como ensina São Paulo:

“Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano…” (Rm 5,12).

O Papa João Paulo II afirma sem hesitação que:

“Não se pode renunciar ao critério segundo o qual, na base dos sofrimentos humanos, existem implicações múltiplas com o pecado”.

“O mal, de fato, permanece ligado ao pecado e à morte. E, ainda que se deva ter muita cautela em considerar o sofrimento do homem como consequência de pecados concretos (como mostra precisamente o exemplo do justo Jó), ele não pode, contudo, ser separado do pecado das origens, daquilo que em São João é chamado “o pecado do mundo” (Jo 1,29)” (SD, nº 15).


Assim, conforme a Sagrada Escritura e a doutrina da fé, a origem do mal no mundo está no pecado, no plano moral. E isto fez surgir o mal físico (doenças, mortes, catástrofes, calamidades…).

Para explicar todo o sofrimento que há no mundo São Paulo disse que: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23).

É pelo pecado, tanto o original quanto os pessoais, que o demônio escraviza a humanidade e a afasta de Deus, fazendo-a sofrer. É por isso que Jesus veio, se encarnou, para “tirar o pecado do mundo” (Jo 1,19). Não foi para outra coisa. Ele aceitou derramar todo o Seu Sangue e sofrer tudo o que sofreu para arrancar do mundo a raiz de todo mal: o pecado.

Assista: 


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Sobre Prof. Felipe AquinoO Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.

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Título Original: A raiz de todo sofrimento


Site: Cléofas
Editado por Henrique Guilhon

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Em um ato de cinismo e covardia, o ataque de Edir Macedo, na nova novela "Apocalipse" à Igreja

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  Num ato de covardia e cinismo, movido por um ódio integral à Igreja católica, o qual o mantém obcecado constantemente, Edir Macedo investe mais uma de suas inúmeras ações contra a Igreja de Deus, numa novela da Rede Record chamada de Apocalipse. Não que eu assista a um lixo desse, aliás, na minha opinião, todo católico que se prese jamais deveria assistir a essa TV, pois seu dono já disse abertamente se considerar o número um de nós, Igreja católica apostólica romana, apesar de ele ser na verdade o serviçal do inimigo número um desta Igreja, que é satanás. O que levaria um ser cujo um vídeo foi exposto no Jornal Nacional na década de 90, no qual o pilantra e ladrão legalizado ensinava seus ajudantes a tirar dinheiro de seus seguidores com a clássica frase "ou dá ou desce" e mostrando na câmera um ar de deboche, a perseguir constantemente a Igreja católica, a respirar essa perseguição? Não há dúvida: aquele que é perseguidor dela desde o princípio, chamado demônio e satanás. 

   O covarde, por provavelmente ter um certo receio das consequências sociais que viriam com essa perseguição, procura colocar em sua novelinha, indiretas, talvez orientado por artimanhos iguais a ele, a dar a impressão de pura expressão artística, liberdade de expressão... quando o que há realmente por trás é a ação demoníaca. Então, o alienado persegue e quando a Igreja se defende, ele se faz de perseguido pela Igreja, invertendo posições. É assim que o demônio age, na sujeira, na mais profunda baixaria, coisa que causa verdadeiro nojo. O que nos resta? Refletir nas palavras de Jesus: "Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo." S.Mateus 10,22. A justiça de Deus virá, e sobre esses perseguidores, virão ações de Deus que causarão pena aos que as verem. 
Henrique Guilhon



Padre Paulo Ricardo

“Apocalipse”, a nova novela da Rede Record, acaba de retratar o Papa como um falso profeta.

A acusação encontra-se nas entrelinhas, mas as referências à Igreja Católica são inequívocas. O personagem Stefano Nicolazi é ninguém menos que o Anticristo e vive em Roma, com direito a tiara papal, seguranças parecidíssimos com a Guarda Suíça Pontifícia e uma sacada ao fundo muito semelhante à da Basílica de São Pedro. Para bom entendedor, é o suficiente.

O quadro todo, evidentemente, não é construído “do nada”. Há muito tempo a imagem da Igreja Católica como a “besta”, a “grande Babilônia” ou a “prostituta” do último livro da Bíblia povoa o imaginário das pessoas, especialmente dos protestantes. É inclusive ao pai do protestantismo, Martinho Lutero, que remontam os mais célebres insultos já dirigidos ao Papa e aos católicos: “Eu não estou certo se o papa é o Anticristo ou seu apóstolo” [1], escreveu o ex-monge em 1519; para ele, a Igreja de Roma não passava de “uma licenciosa espelunca de ladrões, o mais impudente dos lupanares, o reino do pecado, da morte e do inferno” [2].

O ator Flávio Galvão, interpretando Stefano Nicolazi.

Assim é mais ou menos o tom com que os protestantes sempre se dirigiram aos católicos, desde 1517 até o momento presente. O protesto contra a Igreja da qual se separaram é, praticamente, a sua razão de existir.

De nossa parte, porém, o que devemos fazer? Como responder a esses ataques?

No Facebook, uma página católica pediu aos católicos que boicotassem “Apocalipse” —, tendo o cuidado de observar que, para um bom católico, melhor seria boicotar, na verdade, toda e qualquer telenovela. Trata-se de uma iniciativa válida, sem dúvida, mas que não é suficiente. Afinal de contas, com ou sem “Apocalipse”, ligados ou não na Record, mais dia ou menos dia os católicos terão de se confrontar com desafios muito semelhantes ao apresentado por essa novela, seja em um círculo de amigos, seja no ambiente de trabalho, seja dentro de suas próprias casas. Será então o momento de dar aos que nos são próximos a “razão de nossa esperança” (cf. 1Pd 3, 15). E nesta hora não podemos recuar, muito menos falhar.

A um grupo que vê a Igreja Católica como “o reino do pecado, da morte e do inferno”, nenhum testemunho pode ser melhor que o da santidade de vida.

Cumpre dizer, no entanto, em primeiríssimo lugar, que não é oportuno sair por aí discutindo assuntos de fé com todo o mundo. A bem da verdade, das muitas pessoas que se aproximam de nós acusando a Igreja Católica disto e daquilo, falando mal do Papa, da Virgem Maria e dos santos, podem-se contar nos dedos aquelas que realmente querem entabular uma conversa séria. No mais das vezes, o intuito de agressões desse tipo — feitas gratuitamente, muitas vezes — é a polêmica pura e simples, sem esperança alguma de mudança da outra parte, nem a mínima intenção de buscar a verdade. Nestes casos, a melhor coisa a fazer é ignorar, dar uma meia-volta e deixar o protestador falando sozinho.

Se a pessoa com quem falamos parece sincera, no entanto, e mostra-se aberta a um diálogo honesto, tudo muda de figura. E é a estes, não aos gritalhões, que devemos estar preparados para responder, como diz a Escritura (cf. 1Pd 3, 15): nossas palavras são aos que nos pedem as razões de nossa esperança, ao fim e ao cabo, e não aos que as calcam aos pés.


Mas, para que nossas palavras produzam algum efeito em quem as escuta, a fé que professamos precisa ocupar o devido lugar em nossas vidas, o lugar mais importante, ao ponto de a alimentarmos continuamente, sem descanso, com um estudo sério das verdades de nossa fé, uma leitura atenta do Catecismo da Igreja Católica, um hábito sadio de fazer leituras piedosas etc. Sim, porque as primeiras pessoas que precisam se convencer da razoabilidade e autenticidade da fé da Igreja... somos nós mesmos!

E, neste terreno, um mea culpa se faz necessário, porque quantos de nossos católicos o são realmente por convicção, e não apenas de nome? Quantas pessoas batizadas na Igreja Católica não se filiaram nos últimos anos a igrejas protestantes, comprovando o ditado que diz: “Católico ignorante, futuro protestante”? Quem não conhece a fundo sua fé, que resistência poderá oferecer quando a vir atacada? Nenhuma! Essa é a grande verdade.

Por isso, de nada vai adiantar nos revoltarmos com os inimigos de fora, se nós mesmos não fizermos, por assim dizer, a nossa “lição de casa”; se nós mesmos, que muitas vezes dizemos não “arredar o pé” da Igreja Católica, apesar disso não procurarmos conhecer o que ela é, não acreditarmos totalmente no que ela prega e, mais ainda, não nos esforçarmos por viver o que ela ensina!

Nesse sentido, a vida dos santos da chamada “Contrarreforma” oferece-nos um exemplo luminoso: São Felipe Néri, São Carlos Borromeu, São Pio V, Santa Joana de Chantal. São biografias que valeria a pena conhecer, imitar e difundir em tempos como os nossos. A um grupo que vê a Igreja Católica como “o reino do pecado, da morte e do inferno” — para usar a expressão de Lutero —, nenhum testemunho pode ser melhor que o da santidade de vida.

As primeiras pessoas que precisam se convencer da razoabilidade e autenticidade da fé da Igreja... somos nós mesmos!

A frase pode já estar batida, mas é exata: palavras comovem, exemplos arrastam. Se verdadeiramente nos esforçássemos por ser de Cristo, por ter um trato íntimo e constante com Ele através da vida de oração, se procurássemos tratar os outros com o mesmo zelo e piedade com que comungamos Jesus Eucarístico — se é que andamos comungando bem, também! —, que diferença não faríamos no mundo que nos rodeia! Com que olhos nossos irmãos protestantes nos veriam — e com eles, tantos outros que não conhecem a Cristo e a Igreja que Ele fundou!

Seja este, portanto, o nosso propósito. Ao “Apocalipse” protestante da Record oponhamos o verdadeiro “Apocalipse”: aquele dos “vestidos com túnicas brancas”; que “lavaram e branquearam as suas vestes no sangue do Cordeiro”; que “estão diante do trono de Deus e lhe prestam culto, dia e noite, no seu santuário” (cf. Ap 7, 13ss). Unidos a estes homens e mulheres marcados com o sinal da fé, alcançaremos, enfim, o que Deus deseja de cada um de nós: a santidade!

Referências

“I am not sure but that the pope is Antichrist or his apostle”. In: Works of Martin Luther, v. 2, Philadelphia: A. J. Holman Company, 1916.

Citação contida em nosso texto recém-publicado Com que direito Lutero pretendia “reformar” a Igreja?.

Título Original: Como responder ao "Apocalipse" da Rede Record?


Foto: Web

Site: Padre Paulo Ricardo
Editado por Henrique Guilhon