A Igreja é a coluna (mestra) e sustentáculo (preservadora) da verdade – 1º Tim 3,15

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É importante falar de Deus, das coisas de Deus, sem tirar os pés do mundo, pois estamos nele, embora que não sejamos dele. O Viver em Deus, fala de Deus, dos fatos da Igreja, do meio cristão católico. O Viver em Deus não é fechado em si mesmo, portanto faz também a apresentação de obras de outros sites católicos, o que, aqui, mais se evidencia, no intuito da divulgação e conhecimento dos mesmos. UM BLOG A SERVIÇO DA IGREJA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Sejam todos bem - vindos!

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Quando neste blog é falado, apresentado algo em defesa da Igreja, contra o protestantismo, é feito com um fundo de tristeza ao ver que existem "cristãos" que se levantam contra a única Igreja edificada pelo Senhor Jesus no mundo. Bom seria se isto não existisse, a grande divisão cristã. Mas os filhos da Igreja têm que defendê-la.

Saibam, irmãos(ãs), que o protestantismo, tendo que se sustentar, se manter, se justificar, terá que ser sempre contra a Igreja católica (do contrário não teria mais razão de sê-lo) ainda que seja pela farsa, forjar documentos, aumentar e destorcer fatos (os que são os mais difíceis para se comprovar o contrário pelos cientistas católicos, pois trata-se de algo real, mas modificado, alterado para proveito próprio.) E tentarão sempre atingir a Igreja na sua base: mentiras contra o primado de São Pedro, contra o Papa e sua autoridade, contra o Vaticano, contra a sua legitimidade, e outros tantos absurdos. São, graças a Deus, muitos sites católicos que derrubam (refutam) estas mentiras, provando o seu contrário, bastando portanto se fazer uma pesquisa séria, por exemplo, com o tema: cai a farsa protestante, refutando o protestantismo, etc. O Espírito Santo jamais abandona sua Igreja. Que saibamos, por este Espírito, amar aos protestantes que não participam destas ações malignas, e aos que se incumbem destas ações, os inimigos da Igreja, que saibamos, ainda que não consigamos amá-los o bastante, ao menos respeitá-los em sua situação crítica perante Jesus e desejar a eles a conversão e a Salvação de Nosso Senhor Jesus. "Se soubéssemos verdadeiramente o que é o inferno, não o desejaríamos ao pior inimigo".

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Notas Importantes

*O marcador “IDOLATRIA”, na seção TEMAS, abaixo, à esquerda, assim está exposto com a função de desmentir as acusações de idólatras aos católicos, outras vezes também denunciando que estes próprios acusadores cometem a idolatria ao dinheiro, entre outras.

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Tradutor

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Celebração dos santos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael


AciDigital

A Igreja celebra neste dia 29 de setembro a festa dos santos arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael, que aparecem na Bíblia com missões importantes dadas por Deus.

São Miguel em hebreu significa “Quem como Deus” e é um dos principais anjos. Seu nome era o grito de guerra dos anjos bons na batalha combatida no céu contra o inimigo e seus seguidores.

Segundo a Bíblia, ele é um dos sete espíritos assistentes ao Trono do Altíssimo, portanto, um dos grandes príncipes do Céu e ministro de Deus. É chamado pelo profeta Daniel, no Antigo Testamento, de príncipe protetor dos judeus. No Novo Testamento, é citado na carta de São Judas e no Livro do Apocalipse. Aparece como protetor dos filhos de Deus e de Sua Igreja.

São Gabriel significa “Fortaleza de Deus”. Teve a missão muito importante de anunciar a Nossa Senhora que seria a Mãe do Salvador.

Segundo o profeta Daniel (IX, 21), foi Gabriel quem anunciou o tempo da vinda do Messias; quem apareceu a Zacarias “estando de pé à direita do altar do incenso” (Lucas 1, 10-19), para lhe dar a conhecer o futuro nascimento do Precursor; e, finalmente, o arcanjo como embaixador de Deus, foi enviado a Maria, em Nazaré para proclamar o mistério da Encarnação. É ele o portador de uma das orações mais populares e queridas do cristianismo, a Ave Maria.

São Rafael quer dizer “Medicina de Deus” ou “Deus obrou a saúde”. É o arcanjo amigo dos caminhantes, médico dos doentes, auxílio dos perseguidos.

No Livro de Tobias é narrado que quando Tobit, pai de Tobias e homem de grande caridade, passou pela provação da cegueira e de todos lhe questionarem a fé, juntamente quando Sara era atormentada por um demônio que matava seus maridos nas núpcias. Então, ambos rezaram a Deus e foram ouvidos; e foi Rafael que foi enviado para lhes prestar socorro.

São Rafael tomou a forma humana, se fez chamar Azarías e acompanhou Tobias em sua viagem, ajudando-o em suas dificuldades, guiando-o por todo o caminho e auxiliando-o a encontrar uma esposa da mesma linhagem. Então, o Arcanjo explicou ao jovem Tobias que poderia casar-se com Sara sem perigo algum. E, por fim, ao retornarem esclareceu como ele poderia curar o pai da cegueira. No livro de Tobias o próprio arcanjo se descreve como “um dos sete que estão na presença do Senhor”.

Para celebrar esta data, recordamos a oração aos Santos Arcanjos:

Ajudai-nos, ó grandes santos, irmãos nossos, que sois servos como nós diante de Deus. Defendei-nos de nós mesmos, de nossa covardia e tibieza, de nosso egoísmo e de nossa ambição, de nossa inveja e desconfiança, de nossa avidez em procurar a saciedade, a boa vida e a estima.

Desatai as algemas do pecado e do apego a tudo o que passa. Desvendai os nossos olhos que nós mesmos fechamos para não precisar ver as necessidades de nosso próximos e poder, assim, ocupar-nos de nós mesmos numa tranquila autocomplacência. Colocai em nosso coração o espinho da santa ansiedade de Deus para que não deixemos de procurá-lo com ardor, contrição e amor.

Contemplai em nós o Sangue do Senhor, que Ele derramou por nossa causa. Contemplai em nós as lágrimas de vossa Rainha, que ela derramou sobre nós.

Contemplai em nós a pobre, desbotada, arruinada imagem de Deus, comparando-a com a imagem íntegra que deveríamos ser Sua vontade e Seu amor.

Ajudai-nos a conhecer Deus, a adorá-Lo, a amá-Lo e a servir-Lhe. Ajudai-nos no combate contra os poderes das trevas que, traiçoeiramente, nos envolvem e nos afligem.

Ajudai-nos para que nenhum de nós se perca e para que, um dia, estejamos todos jubilosamente reunidos na eterna bem-aventurança. Amém.

São Miguel, assisti-nos com vossos santos anjos;

Ajudai-nos e rogai por nós.

São Rafael, assisti-nos com vossos santos anjos;

Ajudai-nos e rogai por nós.

São Gabriel, assisti-nos com vossos santos anjos;

Ajudai-nos e rogai por nós.

Título Original: Hoje a Igreja celebra os santos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael


Site: AciDigital
Editado por Henrique Guilhon

terça-feira, 27 de setembro de 2016

As heresias enfrentadas pela Igreja em sua história

Cornelius Jansenius

Baixada Católica

Desde o princípio da Cristandade, a Igreja sempre se confrontou e combateu os falsos ensinamentos ou heresias.

Hoje em dia basta darmos uma olhada no catálogo telefônico para encontrarmos em qualquer cidade do mundo, uma denominação religiosa que nos diga exatamente aquilo que queremos ouvir. Algumas ensinam que Jesus não é Deus, ou que Ele é a única pessoa da Trindade, ou que existem muitos deuses (três dos quais são o Pai, o Filho e o Espírito Santo) ou que nós podemos nos tornar "deuses", ou que uma pessoa uma vez salva, jamais poderá perder sua salvação, ou que não existe inferno, ou que o homossexualismo é apenas mais uma expressão da sexualidade humana, portanto um estilo de vida aceitável para um cristão, ou qualquer outro tipo de ensinamento.

A Bíblia nos advertiu que isso ocorreria. São Paulo avisou ao seu aluno Timóteo:

"Porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas suas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas".(2Tim. 4,3-4).

» O QUE É HERESIA?

Antes de darmos uma olhada nas grandes heresias da história da Igreja, cumpre-nos dar algumas palavras sobre a natureza da heresia. Isso é muito importante já que o termo em si carrega um forte peso emocional e frequentemente é mal utilizado. Heresia não significa o mesmo que incredulidade, cisma, apostasia ou qualquer outro pecado contra a fé. O Catecismo da Igreja Católica define a heresia do seguinte modo:

"Incredulidade é negligenciar uma verdade revelada ou a voluntária recusa em dar assentimento de fé a uma verdade revelada. Heresia é a negação após o batismo de algumas verdades que devem ser acreditadas com fé divina e Católica, ou igualmente uma obstinada dúvida com relação às mesmas; apostasia é o total repúdio da fé cristã; cisma é o ato de recusar-se a submeter-se ao Romano Pontífice ou à comunhão com os membros da Igreja sujeitos a ele" (CCC 2089).

Para ser culpado de heresia, uma pessoa deve estar obstinada (incorrigível) no erro. Uma pessoa que está aberta à correção ou que simplesmente não tem consciência de que o que ela está dizendo é contrário ao ensinamento da Igreja, não pode ser considerada como herética.

A dúvida ou negação envolvida na heresia deve ser pós-batismal. Para ser acusado de heresia, uma pessoa deve ser antes de tudo um batizado. Isso significa que aqueles movimentos que surgiram da divisão do Cristianismo ou que foram influenciados por ele, mas que não administram o batismo ou que não batizam validamente, não podem ser considerados heresias mas apenas religiões separadas (exemplos incluem Muçulmanos que não possuem batismos e Testemunhas de Jeová que não batizam validamente).

E, finalmente, a dúvida ou negação envolvidos na heresia devem estar relacionados a uma matéria que deve ser crida com "fé Católica e divina" - em outras palavras, alguma coisa que tenha sido definida solenemente pela Igreja como verdade divinamente revelada (por exemplo, a Santíssima Trindade, a Encarnação, a Presença Real de Cristo na Eucaristia, o Sacrifício da Missa, a Infalibilidade Papal, a Imaculada Conceição e Assunção de Nossa Senhora).

É especialmente importante saber distinguir heresia de cisma e apostasia. No cisma, uma pessoa ou grupo se separa da Igreja Católica sem repudiar nenhuma doutrina definida. Já na apostasia, uma pessoa repudia totalmente a fé cristã e não mais se considera cristã.

· É interessante notar como, de uma forma ou outra, a imensa maioria destas heresias permanece...
Esclarecidas as diferenças, vamos dar uma conferida nas maiores heresias da história da Igreja e quando elas começaram:

» Os Judaizantes (Séc. I)

A heresia Judaizante pode ser resumida pelas seguintes palavras dos Atos dos Apóstolos 15,1: "Alguns homens, descendo da Judéia, puseram-se a ensinar aos irmãos o seguinte: 'Se não vos circuncidais segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos'".

Muitos dos primeiros Cristãos eram Judeus, e esses trouxeram para a Fé cristã muitas de suas práticas e observâncias judaicas. Eles reconheciam em Jesus Cristo o Messias anunciado pelos profetas e o cumprimento do Antigo Testamento, mas uma vez que a circuncisão era obrigatória no Antigo Testamento para a participação na Aliança com Deus, muitos pensavam que ela era também necessária para a participação na Nova Aliança que Cristo veio inaugurar. Portanto eles acreditavam que era necessário ser circuncidado e guardar os preceitos mosaicos para se tornar um verdadeiro cristão. Em outras palavras, uma pessoa deveria se tornar judeu para poder se tornar cristão.
· Uma forma "light" desta heresia é a dos Adventistas de Sétimo Dia e outras seitas sabatistas.

» Gnosticismo (Sécs. I e II)

"A matéria é má!" - Esse é o lema dos Gnósticos. Essa foi uma idéia que eles "tomaram emprestado" de alguns filósofos gregos e isso vai contra o ensinamento Católico, não apenas porque contradiz Gênesis 1,31: "Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom", bem como outras partes da Sagrada Escritura, mas porque nega a própria Encarnação. Se a matéria é má, então Jesus não poderia ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem, pois em Cristo não existe nada que seja mau. Assim muitos gnósticos negavam a Encarnação alegando que Cristo apenas "parecia" como homem, mas essa sua humanidade era apenas ilusória.

Alguns Gnósticos, reconhecendo que o Antigo Testamento ensina que Deus criou a matéria, alegavam que o Deus dos Judeus era uma divindade maligna bem diferente do Deus de Jesus Cristo, do Novo Testamento. Eles também propunham a crença em muitos seres divinos, conhecidos como "aeons" que servem de mediadores entre o homem e um inatingível Deus. O mais baixo de todos esses "aeons" que estava em contato direto com os homens teria sido Jesus Cristo.

· Esta heresia permanece de maneira quase igual na chamada "Nova Era". Em outras formas, aliás, ela não deixa de ser a heresia de base de muitas outras, como o protestantismo (com sua negação dos Sacramentos e da Maternidade Divina da Santíssima Virgem, decorrentes de uma visão gnóstica segundo a qual a religião verdadeira é puramente espiritual: Igreja invisível, sem meios visíveis de transmissão de graça etc.).

» Montanismo (final do Séc. II)

Montanus iniciou inocentemente sua carreira pregando um retorno à penitência e ao fervor. Todavia ele alegava que seus ensinamentos estavam acima dos ensinamentos da Igreja porque ele era diretamente inspirado pelo Espírito Santo. Logo, logo ele começou a ensinar sobre uma eminente volta de Cristo em sua cidade natal na Frígia. Seu movimento enfatizava sobretudo a continuidade dos dons extraordinários como falar em línguas e profecias.

· Montano afirmava que a Igreja não tinha capacidade de perdoar pecados mortais. Esta heresia, de uma certa forma, está presente em muitas seitas atuais, cuja rigidez de costumes traz esta idéia no fundo. Um exemplo seria a "Assembléia de Deus", ou até a seita suicida africana.
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» Sabelianismo (Princípio do Séc. III)

Os Sabelianistas ensinavam que Jesus Cristo e Deus Pai não eram pessoas distintas, mas simplesmente dois aspectos ou operações de uma única pessoa. De acordo com eles, as três pessoas da Trindade existem apenas em referência ao relacionamento de Deus com o homem, mas não como uma realidade objetiva.

· Esta visão também está presente em muitos movimentos "ecumênicos" protestantes atuais, especialmente entre as seitas mais antigas. Nosso Senhor para eles dissolve-se em uma vaga "divindade".

» Arianismo (Séc. IV)

Uma das maiores heresias que a Igreja teve que confrontar foi o Arianismo. Arius ensinava que Cristo não era Deus e sim uma criatura feita por Deus. Ao disfarçar sua heresia usando uma terminologia ortodoxa ou semi-ortodoxa, ele foi capaz de semear grande confusão na Igreja, conquistando o apoio de muitos Bispos e a rejeição de alguns. O Arianismo foi solenemente condenado no ano 325 pelo Primeiro Concílio de Nicéia, o qual definiu a divindade de Cristo e no ano 381 pelo Primeiro Concílio de Constantinopla, o qual definiu a divindade do Espírito Santo. Esses dois Concílios deram origem ao Credo Niceno que os Católicos recitam nas Missas Dominicais.

· Os "Testemunhas de Jeová" têm esta crença, assim como os Unitarianos.

» Pelagianismo (Séc. V)

Pelagius, um monge gaulês deu início a essa heresia que carrega seu nome. Ele negava que nós herdamos o pecado de Adão e alegava que nos tornamos pessoalmente pecadores apenas porque nascemos em solidariedade com uma comunidade pecadora a qual nos dá maus exemplos. Da mesma forma, ele negava que herdamos a santidade ou justiça como resultado da morte de Cristo na cruz e dizia que nos tornamos pessoalmente justos através da instrução e imitação da comunidade cristã, seguindo o exemplo de Cristo.

Pelagius declarava que o homem nasce moralmente neutro e pode chegar ao céu por seus próprios esforços. De acordo com ele, a graça de Deus não é verdadeiramente necessária, mas apenas facilita uma difícil tarefa.

· É uma visão que ainda hoje encontramos na Teologia da Libertação, por exemplo: o que importa é o esforço do homem, a graça de Deus é bem vinda mas não é necessária, etc. É por isso que os TL dão tanto valor à "auto-estima", nome chique para o pecado do Orgulho: para eles é importante amar A SI sobre todas as coisas, pois a salvação (ou a utopia socialista, no caso...) viria apenas através do esforço do homem.

» Nestorianismo (Séc. V)

Essa heresia sobre a pessoa de Cristo foi iniciada por Nestorius, bispo de Constantinopla que negava a Maria o título de Theotokos (literalmente "Mãe de Deus"). Nestorius alegava que Maria deu origem apenas à pessoa humana de Cristo em seu útero e chegou a propor como alternativa o título Christotokos ("Mãe de Cristo").

Os teólogos Católicos ortodoxos imediatamente reconheceram que a teoria de Nestorius dividia Cristo em duas pessoas distintas (uma humana e outra divina, unidos por uma espécie de "elo perdido"), sendo que apenas uma estava no útero de Maria. A Igreja reagiu no ano 431 com o Concílio de Éfeso, definindo que Maria realmente é Mãe de Deus, não no sentido de que ela seja anterior a Deus ou seja a fonte de Deus, mas no sentido de que a Pessoa que ela carregou em seu útero era de fato o Deus Encarnado.

· Creio que todo mundo já identificou o protestantismo pentecostal neste heresia, não? Bom, isso na verdade é, no protestantismo, apenas uma maneira a mais de menosprezar a Encarnação. Note-se que S. João escreveu seu Evangelho em resposta aos gnósticos, e fez questão de comecá-lo pela Encarnação. Isto ocorre porque a base gnóstica do protestantismo (e tbm, de uma certa maneira, do nestorianismo) recusa-se a admitir que Nosso Senhor tenha realmente assumido a nossa natureza. É por isso, por exemplo, que Lutero afirmava que o pecado do homem não é jamais apagado, mas apenas encoberto por Deus. Para ele, Nosso Senhor mentiria, afirmando que o homem não tem pecado, para que ele entre no Céu. É mais fácil para um gnóstico crer em um deus que minta que em um Deus que se faz verdadeiramente homem, com mãe e tudo.

» Monofisismo (Séc. V)

O Monofisismo originou-se como uma reação ao Nestorianismo. Os monofisistas (liderados por um homem chamado Eutyches) ficaram horrorizados pela implicação Nestoriana de que Cristo era duas pessoas com duas diferentes naturezas (divina e humana). Então eles partiram para o outro extremo alegando que Cristo era uma pessoa com uma só natureza (uma fusão de elementos divinos e humanos). Portanto eles passaram a ser reconhecidos como Monofisistas devido à sua alegação de que Cristo possuía apenas uma natureza (Grego: mono= um; physis= natureza).

Os teólogos Católicos ortodoxos imediatamente reconheceram que o Monofisismo era tão pernicioso quanto o Nestorianismo porque esse negava tanto a completa humanidade como a completa divindade de Cristo. Se Cristo não possuia a natureza humana em sua plenitude então Ele não poderia ser verdadeiramente homem e se Ele não possuía a natureza divina em plenitude, então Ele também não era verdadeiramente Deus.

· Esta heresia persiste em alguns círculos católicos bem-intencionados, mas errados, que subestimam a importância da natureza humana de Cristo.

» Iconoclastas (Sécs. VII e VIII)

Essa heresia surgiu quando um grupo de pessoas conhecidos como iconoclastas (literalmente, destruidores de ícones) apareceu. Esses alegavam que era pecaminoso fazer estátuas ou pinturas de Cristo e dos Santos apesar de exemplos bíblicos que provam que Deus mandou que se fizesse estátuas religiosas (por exemplo, em Ex 25,18-20 e 1Cr 28,18-19), inclusive representações simbólicas de Cristo (Num 21,8-9 e Jo 3,14).
· Tem um em cada esquina hoje em dia...

» Catarismo (Séc. XI)

O Catarismo foi uma complicada mistura de religiões não-Católicas trabalhadas com uma terminologia Cristã. O Catarismo se dividia em muitas seitas diferentes que tinham em comum apenas o ensinamento de que o mundo tinha sido criado por uma divindade má (portanto toda matéria é má) e que por isso devemos adorar apenas a divindade do bem.

Os Albigenses formavam uma das maiores seitas Cátaras. Eles ensinavam que o espírito foi criado por Deus e que por isso era bom, enquanto o corpo teria sido criado pelo Mal, portanto o espírito deveria ser libertado do corpo. Ter filhos era considerado pelos albigenses um dos maiores males já que isso era o mesmo que aprisionar um outro "espírito" na carne. Obviamente o casamento era proibido, embora a fornicação fosse permitida. Tremendos jejuns e severas mortificações eram paticadas e seus líderes adotavam uma vida de voluntária pobreza.

· Alguns aspectos da gnose cátara hoje são parte integrante da mentalidade geral em nossa sociedade: o horror à concepção, o amor à fornicação (infelizmente há católicos que aderem a esta mentalidade e praticam sem as necessárias razões graves a abstinência periódica de relações conjugais nos dias férteis)...

» Protestantismo (Séc. XVI)

Os grupos Protestantes se dividem em uma ampla variedade de diferentes doutrinas. Todavia, virtualmente todos alegam acreditar no princípio da Sola Scriptura ("apenas a Escritura" - idéia que defende o uso apenas da Bíblia ao formular sua teologia) e Sola Fide ("apenas pela Fé - a idéia de que somos justificados somente pela Fé). Apesar disso, existe pouca concordância sobre o que essas duas doutrinas-chave realmente significam. Por exemplo, Lutero acreditava que a fé salvífica é expressa pelo batismo, pelo qual, segundo ele, uma pessoa renasce e seus pecados são perdoados, ao passo que muitos Fundamentalistas alegam ser essa uma falsa pregação e que o batismo é meramente um símbolo.

A grande diversidade de doutrinas Protestantes advêm da doutrina do julgamento privado, a qual nega a infalível autoridade da Igreja e alega que cada indivíduo pode interpretar a Escritura por si próprio. Essa idéia é rejeitada pela própria Bíblia em 2Ped 1,20, que nos dá a primeira regra para a interpretação bíblica: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal". Uma significante tática dessa heresia é a tentativa de confrontar a Igreja com a Bíblia, negando que o magistério possua qualquer autoridade infalível para ensinar ou interpretar as Escrituras.

A doutrina do julgamento privado resultou em um enorme número de diferentes denominações. De acordo com o The Christian Sourcebook, existiam aproximadamente 21,000 denominações em 1986, com 270 novas se formando a cada ano. Virtualmente todas elas são Protestantes.

» Jansenismo (Séc. XVII)

Jansenius, bispo de Yvres, França deu início a essa heresia num jornal em que ele escreveu sobre Santo Agostinho, no qual ele redefinia a doutrina sobre a graça. Entre outras doutrinas, seus seguidores negavam que Cristo morreu pela salvação de todos os homens, alegando que Ele havia morrido apenas por aqueles que serão finalmente salvos (ou seja, os eleitos). Este e outros erros Jansenistas foram oficialmente condenados pelo Papa Inocêncio X em 1653.

· O jansenismo, infelizmente, é hoje encontrado em muitos meios ditos "tradicionalistas". Este debate é frequentemente provocado pelas objeções que muitos fazem à má tradução do Cânon Romano, que traz "por todos" (e não "para muitos") como tradução de "pro multis". Esta tradução está errada como tradução, mas não é teologicamente errada, pois afirma ser o Sacrifício de Cristo suficiente para todos. Os neo-jansenistas, porém, afirmam que teologicamente também está errada.

» Modernismo (Séc. XX)

Os modernistas ensinam, essencialmente, que o homem é incapaz de compreender a realidade e que as "verdades" são meramente idéias relativas. Para o modernista não existem verdades absolutas. As doutrinas que foram infalivelmente definidas pela Igreja podem portanto serem mudadas com os tempos, ou rejeitadas ou reinterpretadas para se adaptarem às modernas preferências.

O Modernismo está entre as mais sérias heresias porque permite a uma pessoa rejeitar qualquer doutrina que foi definida, inclusive aquelas mais cêntricas como a divindade e ressurreição de Cristo. Essa heresia permite a reintrodução de todos os erros das heresias anteriores, bem como novos ensinamentos falsos que os antigos heréticos jamais imaginaram.

O Modernismo é especialmente grave porque ele frequentemente advoga suas crenças usando uma terminologia aproximadamente ortodoxa. O erro é frequentemente expresso através de uma nova interpretação simbólica, por exemplo: Cristo não ressuscitou fisicamente dos mortos, mas a história de sua ressurreição produz uma importante verdade. Uma das táticas mais comuns usadas pela maioria dos modernistas é insistir na premissa de que eles estão dando a interpretação ortodoxa das verdades do Catolicismo.

· Da última vez que estive lá, o ninho desta espécie ficava na lista "católicos" da Summer. :)

As heresias sempre nos acompanharam desde o início da Igreja até os nossos tempos atuais. Geralmente elas sempre tiveram início por membros da hierarquia da Igreja, mas eram combatidas e corrigidas pelos Concílios e Papas. Felizmente temos a promessa de Cristo de que as heresias jamais prevalecerão contra a Igreja: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mat 16,18), pois a Igreja é verdadeiramente, nas palavras do Apóstolo São Paulo, "coluna e sustentáculo da verdade" (1Tim 3,15).

A UNIPERSONALIDADE DE JESUS

Ficou provado que Jesus Cristo possui duas naturezas, a divina e a humana. No entanto, embora tenha duas naturezas, Ele não possui duas personalidades ou Pessoas, sendo uma Pessoa divina e outra humana, mas uma só e apenas uma. Jesus Cristo é uma só Pessoa em duas naturezas distintas, porém unidas.

Eis as heresias sobre Jesus Cristo surgidas ao longo dos séculos:

HERESIA
SÉCULO
HUMANIDADE
DIVINDADE
Ebionismo
I
Afirmada
Negada
Docetismo
II
Negada
Reduzida
Cerintianismo
II
Afirmada
Reduzida
Monarquismo Sabeliano
III
Negada
Afirmada
Arianismo
IV
Reduzida
Mutilada
Apolinarianismo
IV
Reduzida
Afirmada
Nestorianismo
V
Afirmada (mas dividiam a
pessoa de Cristo)
Afirmada
Eutiquianismo
(Monofisismo)
V
Reduzida
Reduzida
Monotelismo
VI
Reduzida
Reduzida
Adocianismo
VIII
Afirmada
Negada
Socinianismo
XVI
Afirmada
Negada
Liberalismo
XVIII-XIX
Afirmada
Negada
Unitarianismo
XIX
Afirmada
Negada
Neo-ortodoxismo
XX
Afirmada
Extremamente complexo
para ser definido
Liberalismo
Contemporâneo
XX
Afirmada
Negada
A verdade:
VERDADE
SÉCULO
HUMANIDADE
DEIDADE
Jesus é o Deus Encarnado
I - Até a Eternidade
(Cl 1,19; 2,9)
100% Homem
(1Tm 2,5)
100% Divino
(Ap 1)


Gercione Lima

Título Original: GRANDES HERESIAS 


Foto: Web

Site: Baixada Católica
Editado por Henrique Guilhon

domingo, 25 de setembro de 2016

A Igreja é o corpo Místico de Jesus, no qual o Pai nos reúne como uma só família de Deus



Cléofas

É dever de todo católico amar a Igreja profundamente!

A Igreja é o meio que Deus Pai escolheu para salvar-nos, depois que o pecado entrou em nossa História. É o corpo Místico do seu Filho, no qual Ele nos reúne como uma só família de Deus.

O Concílio Vaticano II nos ensina que:

“A Igreja é, em Cristo, como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima reunião com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG,1).

“Ela é o instrumento da Redenção de todos os homens” (LG,9), “sacramento universal da salvação” (LG, 48), pelo qual Cristo “manifesta e atualiza o amor de Deus pelos homens” (LG,45).

“Ela é o projeto visível do amor de Deus pela humanidade”, disse o Papa Paulo VI.



“Pela Igreja, ensina o Catecismo, Deus quer transformar o gênero humano no único povo de Deus, consagrado no único templo do Espírito Santo” (CIC N° 776).

Falando da Igreja disse Santo Ambrósio:

“Ela é esse navio que navega bem neste mundo ao sopro do Espírito Santo com as velas da Cruz do Senhor plenamente desfraldadas” (CIC, 845).

Para mostrar-nos toda a sua importância, o Catecismo da Igreja diz que ela é: “a reação de Deus ao caos provocado pelo pecado”(CIC,761). É o instrumento de Deus para destruir todo pecado e todo o mal e trazer toda a humanidade para Deus.

A Igreja é a nossa Mãe; é através dela que renascemos para Deus, através do Batismo; por isso, deve ser conhecida, amada, respeitada, obedecida e defendida.

Só ela perdoa os nossos pecados. É ela, e, somente ela, que nos dá o Corpo e o Sangue do Senhor na Sagrada Eucaristia, para remédio e sustento de nossas forças. É ela que nos dá a efusão do Espírito Santo pela Crisma. É ela que transforma em sacramento e benção a nossa união conjugal; é ela, e somente ela, que nos dá os sacerdotes; é ela que, enfim, nos unge no leito da dor e da morte. É ela que nos levará ao céu; e é por ela que viveremos a eternidade em Deus. Ela é a Noiva do Cordeiro.

Quem a rejeita, conscientemente, rejeita a própria salvação e o próprio Deus que a instituiu, diz o Catecismo:

“Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, [o Concílio] ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente no seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus através de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem entrar nela, ou então perseverar ( LG 14)”, (CIC n.846).

São João Roberts, uma das vítimas de Henrique VIII, após este se tornar o “Chefe” da Igreja na Inglaterra, antes de morrer na forca, pôde gritar para todos ouvirem, aquela frase que os Santos Padres repetiam nos primeiros séculos:

“Fora da Igreja não há salvação” ( Um Santo Para Cada Dia, Ed. Paulinas, SP, 1983, pag 396)

Cristo e a Igreja são uma só realidade. São Paulo diz:

“Cristo é a Cabeça do Corpo que é a Igreja” (Cl 1,18).:

“Vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte é um dos seus membros” (1Cor 12,27).

Santo Agostinho a chamava de “Cristo total” (“Christus totus”). E dizia:

“Alegremo-nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o próprio Cristo… Admirai e rejubilai, nós nos tornamos Cristo”(CIC, n° 795).

“A Igreja é o lugar em que a humanidade deve reencontrar a sua unidade e a sua salvação” , ensina o Catecismo. Por isso tudo, declarou certa vez o Papa Paulo VI:

“Quem não ama a Igreja, não ama Jesus Cristo”.

E amá-la implica em conhecê-la, respeitá-la, obedecê-la, servi-la, e dar a vida por ela.

Santa Joana D’Arc disse a seus juízes:

“Quanto a Jesus e à Igreja, parece-me que são uma só coisa, e que não há questionamento sobre isso”.

São Bernardo, o Doutor melífluo, mostra todo o seu amor à Igreja nessas palavras memoráveis:

“Permaneceremos na fé e combateremos até à morte, se for necessário, pela Igreja, nossa Mãe, com as armas que nos são permitidas: não com escudos e espadas, mas com as orações e as lágrimas a Deus” (Epist. 221, 3; Migne, P.L.; CLXXXII, 36,387).

Ouça também: 



Todos os santos e santas amaram a Igreja com um amor imenso, dedicando a ela toda a sua vida. Santa Tereza de Ávila, no seu Caminho de Perfeição, diz:

“Procurai a limpeza de consciência e humildade, desprezo de todas as coisas do mundo e fé inabalável no que ensina a santa Madre Igreja” ( Ed. Paulinas, 2. ed., pag 129,1979, SP ).

A Igreja é a Esposa de Cristo, e por ela, Ele derramou o seu Sangue (Ef 5,26).

Os Santos Padres gostavam de compará-la à Arca de Noé, a única que salva do dilúvio (1Pe 3,20-21). Nela vive o Senhor.

Ela é a nossa garantia de paz, verdade e salvação.

Infelizmente essa boa Mãe é tantas vezes mau amada por muitos dos seus filhos. Muitos não a conhecem, e por isso não a amam. A desprezam, a criticam, a ofendem, sem perceber que estão ofendendo e magoando “o próprio Jesus”.

A Igreja é divina e humana, por isso é santa, embora formada por pecadores; mas invencível e infalível quando ensina a fé e a moral, pois tem a assistência do próprio Senhor que nela vive continuamente.

“Eis que estarei convosco todos os dias…“

Não nos desesperemos e nem desanimemos com os erros e com os pecados dos seus membros; por mais que eles sejam abundantes não conseguirão afundar a barca de Pedro, que recebeu do Senhor a garantia de que as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela. A parte humana, que somos nós, sempre será falha, mas a sua alma, o Espírito Santo, jamais permitirá que ela erre o seu caminho. Jesus lhe prometeu, antes de sofrer a Paixão:

“Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não a podeis suportar agora. Mas quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…”(Jo16,12).

Pode haver garantia maior do que essa ? Se o Espírito Santo foi prometido, e dado, por Jesus para guiar a Sua Igreja, como, então, ela poderia errar o caminho da Salvação?

Antes de pensar que a Igreja poderia ter errado o caminho da fé, seria preciso aceitar que as promessas que Ele fêz à Igreja não se cumpriram, ou que Ele mentiu para os seus apóstolos na última Ceia. Mas isto jamais! Jesus não pode errar porque é Deus.

Desde Pedro a Igreja já teve 265 Papas, enfrentou até aqui 2000 anos de perseguições, heresias e outros tantos perigos que somente uma instituição divina poderia resistir. Esta é a maior prova. Se nem os pecados dos seus filhos: leigos, padres, bispos e papas, a destruiram, é porque, de fato, ela é divina.

Certa vez um jornalista perguntou a um cardeal da Tchecoslováquia, Frantisek Tomasek, em 1985, nos tempos difíceis da perseguição comunista naquele país:

“Eminência, não está cansado de combater sem êxito?”

E o Cardeal respondeu:

“Digo sempre uma coisa: quem trabalha pelo Reino de Deus faz muito; quem reza, faz mais ainda; quem sofre faz tudo. Este tudo é exatamente o pouco que se faz entre nós na Tchecoslováquia”(Revista Pergunte e Responderemos, n°284, jan 86).

Como disse Pascal, através da Igreja, “Cristo continua a sua paixão”.

Outro exemplo maravilhoso de amor à Igreja, dado em nossos tempos, foi o de Monsenhor Ignatius Ong Pin-Mei, Bispo de Shangai, no dia seguinte de sua libertação, depois de passar trinta longos anos nos cárceres da China comunista, por amor a Cristo e à Igreja Católica. Assim se expressou:

“Eu fiquei fiel à Igreja Católica Romana. Trinta anos de prisão não me mudaram. Eu guardei a fé. Eu estou pronto amanhã a voltar novamente à prisão para defender minha fé” (PR).

Que estas palavras sirvam de estímulo para aqueles católicos de pouca convicção, que por qualquer erro dos homens da Igreja, já querem abandoná-la ou desprezá-la.

Que sirvam também àqueles que, conhecendo o ensinamento da Igreja sobre os assuntos da fé e da moral, no entanto, preferem “seguir a própria consciência”, ao invés de seguir aquilo que ensina a Igreja, com a assistência do Espírito Santo. Ele mesmo é a “Memória viva da Igreja”.

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Prof. Felipe Aquino



Sobre Prof. Felipe AquinoO Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.

Título Original: O amor à Igreja


Site: Cléofas
Editado por Henrique Guilhon

sábado, 24 de setembro de 2016

Jesus, Rei da Misericórdia



Encontro da Divina Misericórdia



Padre Antonio Aguiar. Foto: arquivo/cancaonova.com

Padre Antonio Aguiar

Jesus é o Rei da misericórdia

O Rei da misericórdia, quando apareceu a Santa Faustina, ordenou-lhe que fosse pintada a imagem que lhe era mostrada, para que fosse venerada em todas as partes do mundo. Quando Ele fez aquele pedido a Santa Faustina, estava pensando em você, pois queria que conhecesse a misericórdia d’Ele. O interessante é que Jesus pediu que, aos Seus pés, na pintura, fosse escrito: “Jesus, eu confio em vós”. Isso, porque Ele sabe que existe o risco de você colocar a sua confiança em outras coisas e pessoas.

Meditemos a Palavra de Deus em I João 4,1-3:

“Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo. Nisso se reconhece o Espírito de Deus: todo espírito que proclama que Jesus Cristo se encarnou é de Deus; todo espírito que não proclama Jesus, esse não é de Deus, mas é o espírito do anticristo, de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo.”

Para viver a misericórdia é preciso deixar as falsas doutrinas

O mundo está cheio de falsas doutrinas! Pelo critério que nos é dado por João, podemos pensar se estamos frequentando lugares em que Jesus não é adorado, em que Ele não é amado. Estamos em lugares que são dominados pelo pensamento do anticristo. Se Deus tem estendido essa mensagem de misericórdia a todo mundo, é porque não deseja que vivamos nas falsas doutrinas.

Com muitos anos de trabalho com as capelinhas da misericórdia, deparamo-nos com pessoas que vêm de falsas doutrinas. Essas pessoas vêm profundamente marcadas e decepcionadas. Pessoas que têm dificuldades em se desprender de suas velhas práticas e costumes. Não existe meio termo: ou pertencemos a Deus ou pertencemos ao diabo. Para viver a Divina Misericórdia, o primeiro passo é romper com as falsas doutrinas, e daí por diante, dizer com convicção: “Jesus, eu confio em Vós”.

“É preciso deixar o velho homem para viver a misericórdia de Deus”, diz padre Antônio Aguiar. Foto: Arquivo/cancaonova.com

O segundo passo para que possamos viver bem a Divina Misericórdia é renunciar às coisas do mundo, como está descrito em Efésios 4,17-24:

“Portanto, eis o que digo e conjuro no Senhor: não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê de suas ideias frívolas. Têm o entendimento obscurecido. Sua ignorância e o endurecimento de seu coração mantêm-nos afastados da vida de Deus. Indolentes, entregaram-se à dissolução, à prática apaixonada de toda espécie de impureza. Vós, porém, não foi para isto que vos tornastes discípulos de Cristo, se é que o ouvistes e dele aprendestes, como convém à verdade em Jesus. Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade.”

Para viver a misericórdia é preciso deixar a velha forma de viver

Precisamos nos despojar do velho homem e buscar uma nova forma de viver em santidade. Zaqueu é um exemplo dessa transformação. Sendo, antes de sua conversão, um homem desonesto e tendo aceitado Jesus, buscou não só mudar suas práticas, mas ressarcir as pessoas que ele havia roubado. A mulher adúltera é outro exemplo: ao ser salva por Jesus de um apedrejamento, Ele disse a ela: “Vá e não peques mais”. Talvez, o despojar-se do velho homem passe por afastar-se de velhas amizades, de deixar de frequentar velhos lugares e fazer velhas coisas. Se Jesus não puder fazer alguma coisa por você, ninguém mais pode fazer.

Hoje, precisamos ser uma Igreja em saída, não reclusos a conventos e templos, mas fazendo trabalhos de visitação nos lares. Somos os portadores do remédio para libertar pessoas, e o remédio é a misericórdia de Deus. Eu e você somos parte do pelotão de combate que o Senhor está organizando para ir ao encontro dos oprimidos. Você é um soldado do exército da misericórdia! Está em suas mãos fazer a obra de Deus, levando a misericórdia onde há pessoas carentes!


Padre Antônio Aguiar
Sacerdote divulgador da devoção à Divina Misericórdia

Título Original: Sou o Rei da misericórdia


Site: Eventos Canção Nova
Editado por Henrique Guilhon

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Um relato de como o Pe Amorth ajudou um operário a ser liberto do demônio




Aleteia

“Depois de seis anos terríveis, eu saí do pesadelo”, diz o homem, que falava inglês sem saber e era agredido fisicamente pelo demônio

“Perto dos lugares sagrados, ou durante a oração, eu não era mais eu mesmo. Acordava com frequência, de madrugada, com arranhões na pele. Não era eu que me arranhava, mas os arranhões estavam lá. E um dos sinais mais inexplicáveis, que aconteceu nos primeiros exorcismos enquanto o pe. Amorth fazia a sua oração, era que eu estava falando em inglês. Eu dizia coisas corretamente nessa língua”, contou Alberto ao jornal italiano La Repubblica, em entrevista publicada no último domingo, 18 de setembro.

Alberto, que, aliás, não sabe falar inglês, é o nome fictício usado nessa entrevista por um operário do norte da Itália que aceitou relatar a sua história ao repórter Pablo Rodari, embora mantendo a própria identidade em sigilo.

“Depois de seis anos terríveis, eu saí do pesadelo”, afirmou ele, em referência ao seu encontro com o sacerdote exorcista falecido na semana passada. Os jornais italianos publicaram nos últimos dias vários testemunhos de ex-possuídos que relatam a obra do padre Gabriele Amorth, que faleceu por complicações pulmonares, aos 91 anos, na noite da última sexta-feira, 16 de setembro de 2016. Exorcista da diocese de Roma, ele era mundialmente conhecido pelo seu ministério.

Falar um idioma desconhecido não é incomum nos casos como o de Alberto. “Ah, eu não sabia inglês. Nunca tive oportunidade de estudar. Mas durante o exorcismo eu estava falando e insultando o pe. Amorth, a Igreja, Deus, Nossa Senhora”.

Alberto pediu ajuda ao padre Amorth depois de ter feito experiências de ocultismo e esoterismo: ele tinha participado de vários ritos a convite de uma amiga. “Só depois eu me dei conta de que isso tinha aberto as portas de uma realidade sobrenatural que invadiu a minha vida e o meu corpo”.

No primeiro encontro, Alberto recorda que, enquanto o sacerdote rezava uma simples ladainha em latim, seu corpo reagiu entrando em transe, o que pode ser o primeiro sinal de uma eventual possessão.

Ele acrescenta que, nos primeiros meses, fez várias visitas médicas, porque o pe. Amorth queria ter certeza que não se tratava de um transtorno psíquico. A medicina, porém, não deu resposta aos seus sofrimentos: ele foi declarado “aparentemente sadio”.

Os exorcismos aconteceram “num clima de grande serenidade” durante seis anos, prossegue Alberto. “O pe. Amorth me deu as boas-vindas em uma sala ao lado de uma igreja. Foram chamadas algumas pessoas para ajudá-lo. Eles oraram durante o exorcismo e me seguraram quando eu sofri um ‘arrebatamento’. Todo o mundo foi muito cordial. O próprio pe. Amorth sempre diminui a tensão com alguma brincadeira”.

Alberto relata que, após os exorcismos, sentia muita tranquilidade, mas, poucos dias depois, precisava de uma nova sessão de oração.

A libertação veio depois de seis anos, após uma profunda mudança no seu estilo de vida. “O pe. Amorth me pediu para começar uma vida diferente, feita de oração e jejum. Eu aceitei. Foram anos em que, pouco a pouco, eu me aproximei da fé”.

“Um dia eu fui receber mais um exorcismo, mas o padre começou a orar e eu não tinha nenhuma reação”. Foi quando o padre Amorth lhe disse que estava livre. “Mas se lembre: você tem que continuar com esta vida; se não, tudo aquilo vai voltar”, afirma Alberto em seu depoimento ao segundo jornal mais lido de toda a Itália.

Título Original: Um operário italiano relata como o padre Amorth o livrou do diabo


Site: Aleteia
Editado por Henrique Guilhon

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Desmentindo uma das acusações mais comuns contra a Igreja Católica: a de que ela teria proibido a leitura das Sagradas Escrituras



Padre Paulo Ricardo

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Uma das acusações mais comuns contra a Igreja Católica é a de que ela teria proibido aos leigos a leitura das Sagradas Escrituras. Acusação infundada, pois, o que sempre se deu foi uma orientação no sentido de que os textos bíblicos fossem lidos sob a assistência do Magistério. Portanto, são posturas bem diferentes.

Historicamente, durante o primeiro milênio consolidou-se na Igreja a salutar prática da lectio divina, ou seja, da leitura orante da Sagrada Escritura. Ela era praticada pelo clero, mas foi estendida também aos leigos. A lectio divina foi de tão grande importância que o Catecismo destaca:

"A Igreja exorta todos os fiéis cristãos, com veemência e de modo peculiar... a que pela frequente leitura das divinas Escrituras aprendam a eminente ciência de Jesus Cristo... Lembre-se, porém, de que a leitura da sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois a Ele falamos quando rezamos. A Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos.


Os padres espirituais, (...) resumem assim as disposições do coração alimentado pela Palavra de Deus na oração: 'Procurai pela leitura, e encontrareis meditando, batei orando, e vos será aberto pela contemplação." (CIC 2653-2654)


Essa disposição sofreu um duro golpe no início do século XII, na França, com o surgimento da heresia cátara. Tal heresia foi uma mistura de outros pensamentos heréticos, principalmente maniqueísta e gnóstico. Em sua obra "A Igreja das Catedrais e das Cruzadas", Daniel-Rops explica o cerne da heresia dizendo:

"O essencial continua sendo o dualismo. No mundo tal como vemos, debatem-se dois princípios: Perfeito e Imperfeito, Absoluto e Relativo, Eterno e Temporal, Bem e Mal, Espírito e Matéria. Por que esta oposição? Porque o mundo é o campo de batalha onde lutam dois deuses, o do Bem e do Mal, aqueles que os iranianos chamavam Hormuz e Ahriman. Sobre a natureza do primeiro, todos estão de acordo: é infinitamente puro, infinitamente perfeito, infinitamente bom, Espírito na sua plenitude. Quanto à do segundo, que eles chamam Satanás, Lucibel ou Lúcifer, as opiniões divergem: uns afirmam que é verdadeiramente outro deus, totalmente estranho ao deus bom, mas outros concebem-no como uma criatura que o orgulho lançou na revolta e no mal." (p. 589)


Os cátaros criam em dois deuses e, para eles, o mundo visível seria uma criação do deus mau, pois é onde existe a matéria (corruptível), portanto, também o pecado. O homem teria sido criado do nada e Lúcifer teria encerrado nos corpos de barro alguns "espíritos puros". Jesus teria ensinado a todos que é "preciso renunciar à terra, à carne, à vida, para se poder voltar a ser um espírito puro e reencontrar a pátria perdida ou céu". (p. 590). Daniel-Rops é enfático ao dizer que "não é necessário sublinhar até que ponto uma doutrina como esta se opõe ao cristianismo."

Por crerem que em cada criança nascida "o espírito mau encerra no seu corpo a alma de um anjo decaído", os catáros eram contrários à maternidade. Para eles, a mulher grávida estava "possuída" e, por gerar matéria, seria a fonte de todo mal. Por causa disso, matavam-nas e quando um crime dessa natureza era descoberto, a população, contrária a ele, acabava por linchar os assassinos.

Os heréticos, como se vê, não eram pessoas pacíficas, mas sim, bastante violentas, capazes de gerar uma verdadeira convulsão social - o que fizeram de fato -, causando um grande prejuízo, não só material, mas em vidas humanas. Eles invadiam propriedades, saqueavam, ateavam fogo e matavam quem se opunha à heresia por eles defendida.

Toda essa celeuma iniciou-se com a leitura e a interpretação das Sagradas Escrituras sem a assistência do Magistério. Por isso, houve a necessidade de se defender a leitura da Bíblia conforme ele. O Papa Inocêncio III, na carta denominada "Cum ex iniuncto" aos habitantes de Metz, datada de 12 de julho de 1199, enfatiza a necessidade do Magistério da Igreja para explicar a Sagrada Escritura:

"O nosso venerável irmão, o bispo de Metz, nos fez saber com suas cartas que, seja na diocese, seja na cidade de Metz, uma considerável multidão de leigos e de mulheres, de certo modo atraída pelo desejo das Escrituras, fez traduzir em língua francesa os Evangelhos, as cartas de Paulo, o Saltério, os "Moralia in Iob", de Gregório Magno e diversos outros livros; … assim, porém, aconteceu que em assembleias secretas os leigos e as mulheres presumem arrotar entre si tais coisas e pregar uns aos outros, e nem aceitam a companhia daqueles que não se associam a tais coisas... Alguns dentre eles desdenham até a simplicidade de seus sacerdotes; e, quando por meio destes lhes é oferecida a palavra salvação, às escondidas murmuram que eles têm coisa melhor nos seus escritos e que podem disso falar com maior sabedoria.


Também se o desejo de entender as divinas Escrituras e o zelo de exortar em conformidade com estas não mereça repreensão, mas antes, recomendação, tais porém parecem merecer censura, porque celebram pequenas reuniões próprias, usurpam para si o ofício da pregação, zombam da simplicidade dos sacerdotes e recusam a companhia daqueles que não se associam a tais coisas. Deus, de fato, odeia a tal ponto as obras das trevas que aos Apóstolos recomendou e disse: "Aquilo que eu vos digo nas trevas, dizei-o na luz, e aquilo que escutais ao pé do ouvido, pregai-o sobre os tetos" (Mt 10,27); dado com isso a conhecer de modo manifesto que a pregação evangélica deve ser proposta não em conventículos escondidos, como fazem os hereges, mas publicamente na Igreja, de acordo com o costume católico...


Os abscônditos mistérios da fé não devem, porém, ser colocados à disposição de todos sem distinção, dado que não podem ser compreendidos de modo indistinto por todos, mas somente por aqueles que podem acolhê-los com uma inteligência crente. Por isso, o Apóstolo diz aos simples: "Como recém-nascidos em Cristo vos dei leite de beber, não alimento sólido" (1 Cor 3,2)...


De fato, a profundidade da divina Escritura é tão grande que não só os iletrados, mas também os sábios e os doutores não estão plenamente à altura de perscrutar seu significado. Por isso a Escritura diz: "Muitos fracassaram no afã de prescrutar" (Sl 64,7). Por isso, naquele tempo foi corretamente estabelecido na lei divina que o animal que tivesse tocado o monte Sinai fosse apedrejado, para que evidentemente um simples qualquer ou alguém sem instrução não presuma penetrar na sublimidade da sagrada Escritura ou pregá-la a outros. Está escrito, de fato: "Não procures para ti o que te ultrapassa". Por isso diz o Apóstolo: "Não procureis saber mais do que convém saber, mas saber com sobriedade". 


Como de fato são muitos os membros do corpo, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim são muitas as categorias na Igreja, mas nem todas têm o mesmo encargo, pois segundo o Apóstolo, "a alguns, o Senhor estabeleceu apóstolos, a outros, profetas, a outros ainda, doutores etc". Sendo pois na Igreja a categoria dos doutores de certo modo singular, não deve qualquer um de modo indistinto reivindicar para si o encargo da pregação." (DH 770-771)


Foi também o livre exame das Escrituras que culminou no protestantismo, o qual, de maneira muito clara, guarda resquícios da heresia cátara. No Concílio de Trento, em 1546, a Igreja restringiu a leitura das sagradas Escrituras, mas vejamos como o fez e por qual motivo:

"Além disso, para refrear certos talentos petulantes, estabelece que ninguém, confiando no próprio juízo, ouse interpretar a Sagrada Escritura, nas matérias de fé e de moral que pertencem ao edifício da doutrina cristã, distorcendo a Sagrada Escritura segundo o seu próprio modo de pensar contrário ao sentido que a santa mãe Igreja, à qual compete julgar do verdadeiro sentido e da interpretação das sagradas Escrituras, sustentou e sustenta; ou ainda, contra o consenso unânime dos Padres, mesmo que tais interpretações não devam vir a ser jamais publicadas." (DH 1507)


Nos dias atuais, esse decreto pode soar como intolerante ou como uma restrição aos direitos da pessoa. Contudo, analisando este posicionamento da Igreja de forma católica, ou seja, olhando o todo, é possível perceber a coerência utilizada, pois, como mãe e mestra, é ela quem deve apontar o caminho seguro que cada filho seu deve trilhar rumo ao céu. Ainda que para isso tenha de exercer a disciplina.

As Sagradas Escrituras são um dom de Deus para todos, contudo, em meio a correntes gnósticas, heresias ou interpretações erradas, a Igreja diz: "meus filhos, antes de lerem Bíblia, sejam católicos; antes de quererem interpretar as Sagradas Escrituras aprendam o que é a fé da Igreja." O Papa Bento XVI na exortação apostólica Verbum Domini, é bem claro ao dizer que:

"Outro grande tema surgido durante o Sínodo, sobre o qual quero debruçar-me agora, é a interpretação da Sagrada Escritura na Igreja. E precisamente a ligação intrínseca entre Palavra e fé põe em evidência que a autêntica hermenêutica da Bíblia só pode ser feita na fé eclesial, que tem o seu paradigma no sim de Maria. (...) E São Tomás de Aquino, mencionando Santo Agostinho, insiste vigorosamente: "A letra do Evangelho também mata, se faltar a graça interior da fé que cura".
Isto permite-nos assinalar um critério fundamental da hermenêutica bíblica: o lugar originário da interpretação da Escritura é a vida da Igreja. Esta afirmação não indica a referência eclesial como um critério extrínseco ao qual se devem submeter os exegetas, mas é uma exigência da própria realidade das Escrituras e do modo como se formaram ao longo do tempo. De fato, as tradições de fé formavam o ambiente vital onde se inseriu a atividade literária dos autores da Sagrada Escritura. Esta inserção englobava também a participação na vida litúrgica e na atividade externa das comunidades, no seu mundo espiritual, na sua cultura e nas vicissitudes do seu destino histórico. Por isso, de modo semelhante, a interpretação da Sagrada Escritura exige a participação dos exegetas em toda a vida e em toda a fé da comunidade crente do seu tempo. Por conseguinte, devendo a Sagrada Escritura ser lida e interpretada com o mesmo Espírito com que foi escrita, é preciso que os exegetas, os teólogos e todo o Povo de Deus se abeirem dela por aquilo que realmente é: como Palavra de Deus que Se nos comunica através de palavras humanas. Trata-se de um dado constante e implícito na própria Bíblia: 'Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular, porque jamais uma profecia foi proferida pela vontade dos homens. Inspirados pelo Espírito Santo é que os homens santos falaram em nome de Deus'. Aliás, é precisamente a fé da Igreja que reconheceu na Bíblia a Palavra de Deus; como admiravelmente diz Santo Agostinho, 'não acreditaria no Evangelho se não me movesse a isso a autoridade da Igreja Católica'. O Espírito Santo, que anima a vida da Igreja, é que torna capaz de interpretar autenticamente as Escrituras. A Bíblia é o livro da Igreja e, a partir da imanência dela na vida eclesial, brota também a sua verdadeira hermenêutica." (VD 29)


A chave de leitura das sagradas Escrituras é Jesus Cristo, na fé transmitida pelos apóstolos, ou seja, dentro da Igreja. É por isso que a Igreja, como uma mãe zelosa, orienta que as traduções da Bíblia sejam sempre ornadas com notas de rodapé, justamente orientando o fiel a ler os textos em consonância com a fé de sempre. O Concílio Vaticano II, em sua Constituição Dogmática Dei Verbum, também diz que:

"É necessário, por isso, que todos os clérigos e sobretudo os sacerdotes de Cristo e outros que, como os diáconos e os catequistas, se consagram legitimamente ao ministério da palavra, mantenham um contato íntimo com as Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo apurado, a fim de que nenhum deles se torne «pregador vão e superficial da palavra de Deus. Por não a ouvir de dentro», tendo, como têm, a obrigação de comunicar aos fiéis que lhes estão confiados as grandíssimas riquezas da palavra divina, sobretudo na sagrada Liturgia. Do mesmo modo, o sagrado Concílio exorta com ardor e insistência todos os fiéis, mormente os religiosos, a que aprendam «a sublime ciência de Jesus Cristo» (Fil. 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque «a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo». Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque «a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos» (6).


Compete aos sagrados pastores «depositários da doutrina apostólica», ensinar oportunamente os fiéis que lhes foram confiados no uso reto dos livros divinos, de modo particular do Novo Testamento, e sobretudo dos Evangelhos. E isto por meio de traduções dos textos sagrados, que devem ser acompanhadas das explicações necessárias e verdadeiramente suficientes, para que os filhos da Igreja se familiarizem dum modo seguro e útil com a Sagrada Escritura, e se penetrem do seu espírito.
Além disso, façam-se edições da Sagrada Escritura, munidas das convenientes anotações, para uso também dos não cristãos, e adaptadas às suas condições; e tanto os pastores de almas como os cristãos de qualquer estado procuram difundi-las com zelo e prudência." (DV 25)


A Dei Verbum, ainda cumprindo o seu papel de corroborar o ensinamento da Igreja reafirma que a "Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja; (...)". E ainda que:

"o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado." (DV 10)


Está, portanto, claro que a Igreja nunca proibiu a leitura dos livros sagrados. O que ela teve sempre foi o cuidado, o zelo em garantir que a interpretação das Sagradas Escrituras fosse feita dentro do espirito com que seu autor a inspirou. Por isso é que o Papa Emérito Bento XVI frisava sempre que a Igreja Católica Apostólica Romana não é a religião de um livro, mas de uma pessoa: JESUS CRISTO, o qual continua vivo na sua Igreja, nos seus santos ao longo dos séculos e é esta Igreja que tem a missão de interpretar a Bíblia.

Título Original: A Igreja alguma vez já proibiu a leitura da Bíblia?


Site: Padre Paulo Ricardo
Editado por Henrique Guilhon