São Jerônimo
Apologistas Católicos
Continuando
[É verdade que um festival como o aniversário de São Pedro deve ser temperado com mais alegria do que o habitual;] “ainda a nossa alegria não se deve esquecer o limite definido pela Escritura, e não devemos ficar muito longe da fronteira da nossa luta. Seus presentes, de fato,lembram me dos livros sagrados, pois nele Ezequiel adorna Jerusalém com braceletes, (Ezequiel 16, 11) Baruc recebe cartas de Jeremias (Baruc 6) e o Espírito Santo desce na forma de uma pomba no batismo de Cristo (Mateus. 3, 16)” (A Eustóquio, Epístola XXXI, 2 ).
"Não é verdade que “São Jerônimo cita em referência às Escrituras, os Livros Sagrado”. Entre parêntesis iniciais, adicionei o que o Rafael Rodrigues deixou de fora, visto que isso acrescenta contexto à passagem. Se deixasse exactamente como ele citou, então, pareceria que isto era um único pensamento que justificaria a sua afirmação inicial. No entanto, primeiro "Escritura" está dentro do contexto da festa de São Pedro. Depois, não “os livros sagrados” mas "o volume sagrado (sacred volume)”, que é o que diz o texto, está no contexto dos presentes dados a Jerónimo. Estes são dois pensamentos e não um. Assim, quando ele cita Baruc, não está especificamente a chamá-lo de Escritura e, novamente, Jerónimo pode estar a citá-lo pelo seu valor eclesiástico."
[risos]
Alguém entendeu o que ele falou aqui?
Eu não vejo como a frase inicial que nosso amigo destaca que Jerônimo escreveu, ajuda o seu caso. No que muda o sentido da frase, ele simplesmente mencionar e “contextualizar” que é a festa de São Pedro? “[É verdade que um festival como o aniversário de São Pedro deve ser temperado com mais alegria do que o habitual;]” No que isso mudará o sentido texto mencionado por mim? Parece que nosso amigo tem sérios problemas, e quer por que quer dizer que eu recortei ou adulterei os escritos de São Jerônimo!
Quer dizer que “volume sagrado” não é a mesma coisa de “livro sagrado”? Bela ginástica mental!
Se formos ver em outra passagem, Jerônimo cita Daniel como “Volume” e o que é que ele quer se referir com isso? Exatamente o livro de Daniel, assim como faz com Baruc, Mateus e Ezequiel!
Vamos então supor que eu confirmasse a premissa de que a Escritura está dentro do conteúdo do festival e “Volume Sagrado” é no contexto dos livros mencionados por São Jerônimo: Ezequiel, Baruc, e Mateus.
Mesmo que só se referindo ao “volume sagrado”, em vez de “Escrituras” ou “livros sagrados” (questão de tradução), o que é que um "volume Sagrado"? São livros que não são inspirados, mas são chamados de sagrados? Claro que não! Volume Sagrado, é exatamente os livros inspirados!
Baruc está mesclado com Ezequiel e Mateus. Ezequiel e Mateus são as Escrituras e por isso é Baruc, são Jerônimo coloca todos no mesmo nível dentro de um mesmo volume. Jerônimo nunca chama Menandro ou até mesmo um Pai Igreja de “volume sagrado”.
Logo depois de falar dos limites estabelecidos pela Escritura, ele escreve também do “volume sagrado” ou “livros sagrados”. Ele refere-se a Ezequiel, Baruc, e Mateus, sem distinções ou ressalvas entre eles. O “volume sagrado” não é nada mais do que as Escrituras, não importa se ele usou alguma vez eclesiasticamente ou não.
“’Os vasos do oleiro são provados pela fornalha, e os homens justos, pelo julgamento da tribulação’ (Eclesiástico 27, 5). E em outro lugar está escrito: ‘Meu filho, quando tu vires a servir ao Senhor, prepara-te para a tentação.’ (Eclesiástico 2, 1) Novamente, o mesmo Tiago diz: ‘Sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla seu rosto natural no espelho, pois ele contempla a si mesmo, e vai embora, e logo se esquece que tipo de homem ele era’ .(Tiago 3, 22). Seria inútil avisá-los para adicionar obras a fé, se não pudessem pecar depois do batismo.” (Contra Joviniano, Livro 2, 3)
"Rafael Rodrigues supõe que Jerônimo está a usar a frase "está escrito" no sentido bíblico - que há um ar de credibilidade Escritural nesta frase - mas ele nunca pára para pensar se Jerónimo simplesmente queria dizer que estas citações estavam "escritas", nada mais e nada menos)."
Aqui novamente a falácia que não refuta nada! A expressão “está escrito” é encontrada aproximadamente 48 vezes nos escritos de São Jerônimo da edição de Schaff e somente direcionada as escrituras, destas, 3 são em referência aos deuterocanônicos e as outras aos demais livros bíblicos.
“Está escrito”, é um termo usado exclusivamente pelos escritores do Novo Testamento para se referir a Escrituras do Antigo Testamento. A melhor maneira de descobrir se São Jerônimo está apenas citando que está escrito em qualquer lugar, em vez de estar se referir como Escritura é ver como ele usa a frase “está escrito” seguido de uma citação e já constatamos. Isso significa que ele está se referindo que é Escritura, mas o nosso amigo pensa que ele também o usa quando de citando poetas, Padres da Igreja, adversários ou outros escritos quaisquer.
Fizemos uma pesquisa na edição de Schaff, que contém todas as vezes que São Jerônimo usa o termo “Está escrito” seguido de uma citação. Mesmo que São Jerônimo tenha citado muitos Padres da Igreja, amigos, figuras históricas, poetas, oponentes e livros apócrifos através de seus escritos, nenhuma vez que ele usou o termo “Está escrito” para uma citação destes.
Ele cita especificamente usando suas próprias palavras “Está escrito:” só quando segue com uma citação das Escrituras. Ele a usa para Zacarias, Ruth, Job, 1 Reis, Tiago Ezequiel, Salmos, 1 Reis, Atos, Isaías, Provérbios, Lucas, João 2, 1 Timóteo, e outros, mas nunca para qualquer poeta, oponente, Pai da Igreja, ou livro apócrifo. Na minha contagem, ele usou 45 vezes para Escrituras que o nosso amigo reconhece e três vezes dos deuterocanônicos. Além da passagem já citada estas são as outras duas que ele cita a respeito dos deuterocanônicos:
“Portanto, se você já estiver correndo no caminho, peço um cavalo disposto, como diz o ditado, e lhe imploro que enquanto você se lamenta por seu Lucinius um verdadeiro irmão, alegra-se, pois ele agora reina com Cristo. Pois, como está escrito no livro da Sabedoria, ele foi “Foi arrebatado para que a malícia lhe não corrompesse o sentimento.... Sua alma era agradável ao Senhor, e é por isso que ele o retirou depressa do meio da perversidade.” (Sabedoria 4, 11-14). Nós podemos chorar com mais direito pois nós mesmos que estamos diariamente em conflito com os nossos pecados, somos corados com vícios, recebemos feridas, e devemos dar conta de toda palavra inútil” (Mt 12, 36)” (São Jerônimo, Carta LXXV, 2, 399 d.C)
E:
“Nosso querido Pamáquio também rega as cinzas e os ossos santos reverenciados de Paulina, mas é com o bálsamo da esmola. Estas são as confecções e os perfumes com os quais ele cuida das brasas mortas de sua esposa, sabendo que está escrito: .” A água apaga o fogo ardente, a esmola enfrenta o pecado.” (Eclesiástico 3, 33). [...]Está provado também pelo conselho de Daniel que desejava que o mais ímpio dos reis -estivesse disposto a ouvi-lo - para ser salvo, usando de misericórdia para com os pobres. (Daniel 4, 27) (São Jerônimo, Para Pammacuius, Carta LXVI, 5, 397 d.C)
Estas são as duas outras ocasiões (Depois dos prefácios) onde ele usa o termo “está escrito” aplicando-o aos deuterocanônicos. Como São Jerônimo usa essa terminologia apenas quando citando a Escritura (como mencionado é usado cerca de 45 vezes em referência às Escrituras nosso amigo reconhece), minha afirmativa está correta e a do protestante errada. Nesta mesma carta a Pamáquio, há uma referência a um escrito São Cipriano, e ele não usa este “está escrito” para citá-lo.
O uso do termo, “Está escrito” seguido de uma citação só assim justifica minha afirmação, de que o seu uso indica que livros deuterocanônicos são as Escrituras.
“No entanto, o Espírito Santo no trigésimo nono Salmo, enquanto lamentando que todo homem anda numa vã aparência, e que eles estão sujeitos aos pecados, fala assim: ‘Porque todo homem anda à imagem’ (Salmo 39, 6). Também após o tempo de Davi, no reinado de seu filho Salomão, lemos uma referência um tanto similar à semelhança divina. Pois no livro da Sabedoria, que está escrito com o nome dele, Salomão diz:. ‘Deus criou o homem para ser imortal, e o fez ser uma imagem de sua própria eternidade.’ (Sabedoria 2, 23) e mais uma vez, cerca de mil cento e onze anos depois, lemos no Novo Testamento que os homens não perderam a imagem de Deus. Pois Tiago, um apóstolo e irmão do Senhor, que eu mencionei acima – que não podemos ser enredado nas armadilhas de Orígenes – nos ensina que o homem possui a imagem e semelhança de Deus. Pois, depois de um breve discurso sobre a língua humana, ele passou a dizer dela: ‘É um mal incontrolável … Com ela bendizemos a Deus, o Pai e com ela amaldiçoamos os homens, que são feitos à semelhança de Deus.’ (Tiago 3, 8-9) Paulo, também, o ‘vaso escolhido’ (Atos 9, 15), que em sua pregação foi totalmente mantida a doutrina do evangelho, nos instrui que o homem é feito à imagem e à semelhança de Deus. ‘Um homem’, diz ele, ‘não devem usar cabelos longos, porquanto ele é a imagem e glória de Deus.’ (I Cor. 11, 7). Ele fala da ‘imagem simplesmente’, mas explica a natureza da semelhança com a palavra ‘glória’.
Em vez de três provas da Sagrada Escritura que você disse que iria satisfazê-lo se eu pudesse dá-las, eis que eu te dei sete …” (Carta LI, 6-7).
“Neste contexto, Jerónimo dá mais de sete Escrituras dentro desta passagem e não há forma de dizer se a citação da Sabedoria está entre as "sete", mas por causa do argumento, vamos dar-lhe o benefício da dúvida.”
Aqui nosso amigo tenta negar na “cara dura” que são Jerônimo chamou a Sabedoria de escrituras. Evidentemente que o contexto existem muitas outras passagens, porém são Jerônimo está falando de 7 provas sobre a imagem de Deus, ou seja, as outras passagens do contexto não tem nada haver com as 7 provas das escrituras sobre a imagem de Deus.
Dar-me o benefício da dúvida é um tanto quanto desonesto, é querer negar o óbvio e tentar dar uma saída de mestre. São Jerônimo refere-se a prova bíblica. Para provarmos que São Jerônimo está mencionando a Sabedoria como escritura, vamos colocar o texto imediatamente anterior ao já citado para contarmos as passagens:
“Ninguém pode torcendo o significado das palavras atrever-se a dizer que esta graça de Deus foi dado a um só, e que ele só foi feito à imagem de Deus (ele e sua esposa, que é, enquanto ele foi formado de argila ela foi feita de uma das suas costelas), mas que aqueles que foram posteriormente concebidos no ventre e não nasceram como Adão não possuíam a imagem de Deus, pois a Escritura imediatamente acrescenta a seguinte declaração: “E Adão viveu duzentos e trinta anos, e conheceu Eva, sua mulher, e ela lhe deu um filho à sua imagem e sua semelhança, e chamou o seu nome Set.” (Gen. 4, 25) E, novamente, na décima geração, 2242 anos depois, Deus, para vindicar sua própria imagem e mostrar que a graça que Ele tinha dado aos homens continuava com eles, dá o seguinte mandamento: “A carne ... com o seu sangue não comereis. E, certamente, o seu sangue eu o requererei da mão de cada homem que derrama-lo;. Pois a imagem de Deus eu fiz homem” (Gen. 9. 4-6) De Noé a Abraão dez gerações faleceu, e de tempos de Abraão a Davi, mais, e estas gerações de vinte e quatro compõem, em conjunto, 2.117 anos.”
Vendo isso, vamos contar quantas passagens falam da imagem de Deus
1) “E Adão viveu duzentos e trinta anos, e conheceu Eva, sua mulher, e ela lhe deu um filho à sua imagem e sua semelhança, e chamou o seu nome Sete.” (Gen. 4, 25)
2) “A carne ... com o seu sangue não comereis. E, certamente, o seu sangue eu o requererei da mão de cada homem que derrama-lo;. Para a imagem de Deus eu fiz homem” (Gen. 9. 4-6)
3) ‘Porque todo homem anda à imagem’ (Salmo 39, 6).
4) ‘Deus criou o homem para ser imortal, e o fez ser uma imagem de sua própria eternidade.’ (Sabedoria 2, 23)
5) ‘É um mal incontrolável … Com ela bendizemos a Deus, o Pai e com ela amaldiçoamos os homens, que são feitos à semelhança de Deus.’ (Tiago 3, 8-9)
6) ‘vaso escolhido’ (Atos 9, 15)
7) ‘Um homem’, diz ele, ‘não devem usar cabelos longos, porquanto ele é a imagem e glória de Deus.’ (I Cor. 11, 7).
Ou seja são Jerônimo cita a Sabedoria como umas das 7 provas para mostrar que somos feito a imagem e semelhança de Deus e a cita como escritura!
Por que ele não citou o contexto para provar que as 7 provas das escrituras são outras e não as 7 que eu acabei de mostrar? Por que no caso da festa de São Pedro ele quis contextualizar e agora não? Para ser bom com ele, vou dar-lhe benefício de ignorância.
Continua
Título Original: Tréplica a tentativa de argumentação protestante sobre São Jerônimo e os deuterocanônicos
Site: Apologistas Católicos
Editado por Henrique Guilhon
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