Pe. Guy Pagès
Por dar fiel cumprimento a sua missão — que inclui a denúncia dos erros da religião muçulmana —, o Pe. Guy Pagès já recebeu ameaças, inclusive de morte. Ele relata para os leitores de Catolicismo como exerce seu apostolado, obtendo muitas conversões.
“A ausência de documentos contemporâneos sobre as origens do Islã constitui um caso único na História... O que faz supor uma manipulação da história”
Catolicismo
Nascido na França em 1958 e ordenado sacerdote em 1994, o Pe. Guy Pagès é muito ativo na área da evangelização pela Internet, a partir da qual difunde vídeos sobre a fé católica, bem como sobre os erros do Alcorão e do Islã.
Tais vídeos vêm tendo sucesso e começam a incomodar a própria diocese na qual ele exerce seu ministério, pois não se inscrevem na linha irenista daqueles que ocultam a sua fé na hora de discutir com os muçulmanos... Um dos exemplos da penetração de seu apostolado é o fato de a televisão egípcia Al-Hayat ter consagrado, em 5 de dezembro de 2011, uma hora e meia na emissão de alguns desses vídeos.
Anteriormente o sacerdote residira por alguns anos no Djibouti (República islâmica da África), onde havia iniciado um profícuo apostolado, ao qual infelizmente não pôde dar seguimento devido às estritas limitações impostas pelas leis locais.
Um dos assuntos prediletos do Pe. Pagès é a religião muçulmana, em relação à qual em relação à qual ele desenvolve um discurso sem concessões. Sobre este momentoso tema ele concedeu uma entrevista exclusiva a Catolicismo, através do colaborador de nossa revista em Paris, Sr. José Antonio Ureta".
O Pe. Guy Pagès é coautor com Ahmed Almahoud do livro Elementos para o diálogo islâmico-cristão, publicado em 2006 pelas Edições Francisco Xavier de Guibert, refundido e reeditado em agosto de 2007.
Escreveu ainda a obra Judas está no inferno, publicado em novembro de 2007 pela mesma editora e objeto de uma crítica muito positiva da revista “Catholica”.
Seu terceiro livro foi publicado em janeiro de 2012 pelas Edições Beneditinas e intitula-seInterrogar o Islã — Elementos para o diálogo islâmico-cristão.
Em carta de 15 de dezembro de 2011, a arquidiocese de Paris concede-lhe inteiro apoio, lembrando a seus detratores e caluniadores que o Pe. Guy Pagès é sacerdote da Igreja Católica, e acrescentando, a respeito de seu combate, “que convém que cada um possa apresentar argumentos fundamentados teologicamente ou de modo racional”.
Catolicismo — V. Reverência é o animador de um blog que denuncia os erros do Islã e os crimes cometidos em nome dele. O que o levou a centrar seus esforços de evangelização nesse assunto?
O Pe. Guy chegou a sofrer ameaças de morte por seu trabalho a favor da conversão dos muçulmanos
“Um cristão não pode renunciar a dizer que conhece A Verdade, sem o que ele renegaria o próprio Jesus Cristo que disse: ‘Eu sou A Verdade’’ (Jo 10.6).
Pe. Guy Pagès — Há alguns anos vivi na República islâmica de Djibouti, onde me dediquei com certo sucesso a evangelizar os autóctones. Ao cabo de cinco meses eu havia reunido um grupo de 12 ex-muçulmanos que pediam o batismo. Mas tive de deixar o país porque isso contrariava o acordo tácito tradicional entre a Igreja e Djibouti, pelo qual este Estado muçulmano tolera a presença da Igreja sob a condição de que ela renuncie à evangelização.
De regresso à França, constatando que não havia infelizmente nenhuma evangelização organizada voltada para as populações muçulmanas, entretanto cada vez mais numerosas e muito receptivas ao proselitismo, pareceu ser meu dever evangelizá-las através deste meio de grande alcance que é a Internet.
Catolicismo — Qual é a extensão do perigo muçulmano na França, na Europa e no mundo em geral? Note que eu menciono o perigo “muçulmano”, e não o “islamita”...
Pe. Guy Pagès — O senhor faz bem em não utilizar o vocábulo fabricado para favorecer o Islã dito tolerante. Não existe senão um único Islã — o que obedece aos preceitos de Alá e quer a destruição de tudo aquilo que não é muçulmano (Alcorão, 60.4; 61.4). O Islã dito tolerante só o é durante o tempo necessário para se tornar numericamente importante e impor a sharia, a lei muçulmana.
A extensão do perigo muçulmano na França, na Europa e no mundo é patente e dramática. Em Bruxelas, capital da União Europa, de duas crianças que nascem, mais de uma é muçulmana. O avanço do maometanismo verifica-se em todo o Ocidente devido à apostasia generalizada, da qual o Islã é sem dúvida o castigo, pois, caso não se deseje a luz (cfr. Jo 8-12), não se pode encontrar senão as trevas (Mt 12-30).
Catolicismo — Os cristãos, e em particular os católicos, estão conscientes desse perigo? A reação deles está à altura dos desafios colocados pelo Islã?
Pe. Guy Pagès — Não e não!
Catolicismo — Que tipo de pessoas assistem a seus vídeos e qual o impacto de seu apostolado?
Pe. Guy Pagès — Apenas uma de minhas contas no Youtube (http://www.youtube.com/abbepages) registra uma média diária de 1200 visitas, das quais apenas uma quarta parte é de mulheres. A faixa etária mais importante dos internautas é a dos 40-50 anos. Os vídeos relacionados com o Islã são os de maior audiência, assistidos até mesmo em países da península arábica...
O número de vídeos produzidos por muçulmanos para tentar me desacreditar, contraditar e ridicularizar é verdadeiramente impressionante. Isso sem dúvida é um bom indicador do interesse pelo meu trabalho. Tendo recebido tantas mensagens me questionando sobre a fé cristã, tive que suprimir os fóruns de comentários para os vídeos mais antigos, porque eu não mais podia acompanhá-los.
Ao lado disso, há evidentemente reações negativas, ameaças de violência e de morte, como também reclamações de certos cristãos que me acusam de fazer divisão ou semear o ódio.
Catolicismo — Mas já houve conversões favorecidas por alguma das mais de 200 homilias postadas por V. Reverência na Internet?
Pe. Guy Pagès — Graças a Deus e a ajuda de amigos, este apostolado permitiu a conversão de muitas pessoas, inclusive de muçulmanos, certamente mais do que através de um apostolado clássico. Por exemplo, a de um muçulmano imigrante da África a quem um colega de trabalho pediu que se tornasse um muçulmano sério, e que foi para isso se informar na Internet a respeito do Islã. Ali ele encontrou alguns vídeos intitulados “Respostas do Padre Pagès”. Querendo saber mais sobre este padre Pagès, ele procurou meus vídeos, cujos argumentos o convenceram suficientemente para ele ir interrogar sobre os mesmos o imã de sua cidade, que lhe respondeu: “Não procures na Internet, pois ali só existem besteiras! Além disso, tu raciocinas muito”. Constatando que o imã nada tinha de sério para opor aos meus argumentos, ele se converteu, como também sua mulher. E não somente isso: ele gravou alguns de meus vídeos e mostrou-os depois a colegas de trabalho, convertendo assim cinco deles!
Quando fui visitá-lo, ele me mostrou o livro de orações católicas que havia encontrado numa lixeira, com o qual, a partir de então, ele e sua esposa rezavam ajoelhados todos os dias. Ele me diz que tendo encontrado — também dentro de uma lixeira (não invento nada) — uma fita cassette contendo o vídeo do filme “Jesus de Nazaré”, de Zefirelli, ele o assistia religiosamente todos aos domingos à noite...
A moral desta história é muito evidente: os pobres do Terceiro Mundo vêm procurar em nossas lixeiras a fé, a oração e a cultura cristãs que nós europeus não mais queremos!
Catolicismo — Isso é lamentável. Mas há casos de europeus católicos que tenham voltado à prática da religião?
Pe. Guy Pagès — Outra bela história é a de um jovem francês que tendo encontrado meus vídeos na Internet, decidiu perguntar minha opinião antes de partir para o Marrocos a fim de desposar uma moça chamada Fátima. Eu o adverti que ele seria obrigado a fazer a chahada, que é a profissão de fé muçulmana, ou seja, apostatar da fé católica e se condenar. Impressionado por minhas palavras, ele decidiu vir se confessar — coisa que não fazia desde a mais tenra infância —, abandonar a vida de pecado, ir à Missa todos os domingos (agora ele vai diariamente), e não mais desposar a muçulmana, a menos que ela se torne católica. Ele se pôs então a evangelizá-la, fato que determinou o adiamento de seu casamento por dois anos... O tempo para convencer Fátima da falsidade do Islã e tornar-se verdadeiramente amorosa de Jesus, nosso grande Deus e Salvador. Ele conseguiu tirá-la do Marrocos. Batizei Fátima, realizei o casamento deles e batizei seu primeiro filho!
Há também o caso de um francês expatriado na Arábia Saudita que me agradeceu pelos meus vídeos, que o ajudaram a conservar a fé. Depois me comunicou que, para grande surpresa sua, ele começou a evangelizar os muçulmanos que eram enviados para tentar islamizá-lo, aos quais ele podia expor as contradições do Alcorão e do Islã. Sua nova ciência extraída de meus vídeos lhe valia o apreço desses muçulmanos, que o estimam muito após descobrirem que ele conhece o Alcorão muito mais do que a maioria dos muçulmanos!
Catolicismo — O Alcorão pode ser levado a sério?
No Alcorão, vemos Alá se corrigir em relação ao que ele anteriormente disse, abolindo certos versículos para substituí-los por outros
“Não se pode aceitar como base de diálogo com os muçulmanos o fato de que compartilhariam a mesma afirmação monoteísta ou que suas religiões seriam do Livro”
Pe. Guy Pagès — Não, por diversas razões expostas em meu livroInterroger l´islam (Interrogar o Islã), publicado pelas Edições Beneditinas. Para os muçulmanos, o Alcorão é de origem divina e a prova dessa origem seria seu caráter "inimitável". Ora, essa "prova" é fraquíssima. Por três razões: 1) um texto literário, obra de um autor singular, com uma sensibilidade, uma cultura e com dons naturais próprios, é necessariamente inimitável em si; 2) não são apresentados critérios para julgar se uma obra é semelhante ou não ao Alcorão; 3) não há um juiz que os muçulmanos estejam dispostos a aceitar para decidir se o Alcorão é inimitável. Esse desafio não tem sentido algum. O Islã repousa sobre um bluff.
Além do mais, se para o Islã não há divindade senão Alá, o que é o Alcorão? Sendo ele para os muçulmanos a Palavra de Deus e sendo Deus um, de duas uma: ou o próprio Alcorão é Deus, ou então não é Deus; mas, nesse caso, posto que somente Deus é perfeito, o Alcorão é imperfeito, e sendo imperfeito é, pois, aperfeiçoável. Aliás, no Alcorão, vemos Alá se corrigir em relação ao que ele anteriormente disse, abolindo certos versículos para substituí-los por outros (Alcorão, 2.106; 16.101). Ele deve ser então submetido à crítica... O Islã pode sair ileso desse dilema? Se Alá é capaz de se equivocar a ponto de ter de se corrigir, ele é verdadeiramente Deus?
Por outro lado, os muçulmanos afirmam que é o próprio Deus que fala no Alcorão. Ora, ele possui diversas passagens que não podem ser palavras de Alá, mas devem ser atribuídas a um redator humano dirigindo-se a ele. Por exemplo, o versículo de introdução (Fatiha): “É a ti que adoramos, e é a ti que imploramos o socorro. Dirige-nos no caminho certo, o caminho daqueles que tu encheste de benefícios”. Para eliminar essa contradição, bastou aos compiladores posteriores juntar “dizei” ao início de 350 passagens do Alcorão!
Mas eles esqueceram algumas. Por exemplo, lemos em 9. 30: “Os cristãos disseram: ‘O Messias é Filho de Deus!’ [...] Que Alá os aniquile!”. Quem é que diz “Que Alá os aniquile!”? Se é o próprio Alá que fala de si mesmo, então ou Alá não é sincero — pois de fato ele não os aniquila — ou Alá não é Deus, porque Deus não é nem mentiroso nem fraco. Toda pessoa honesta não pode não ver na referida passagem senão a frase de um homem cheio de ódio para com os cristãos.
Catolicismo — E quanto à figura de Maomé?
Pe. Guy Pagès — Maomé teria nascido pelo ano de 570 na Arábia e morrido em 632 em Medina. O mais antigo documento que possuímos a seu respeito, chamado Sira, escrito por um certo Ibn Ishap, está datado do fim do século VIII, isto é, 100 anos DEPOIS da morte de Maomé. Mas tendo o original desaparecido, ele não está acessível senão parcialmente, numa recensão de Ibn Hisham, falecido em 834, ou seja, dois séculos mais tarde. O que quer dizer que, segundo as próprias fontes muçulmanas, não existe testemunho direto relativo a Maomé.
Segundo as próprias fontes muçulmanas, não existe testemunho direto relativo a Maomé
“É contraditório para um cristão honrar o Islã como religião, em vez de denunciá-lo largamente como uma impostura característica do Anticristo”
Mais problemático ainda é o fato de as fontes contemporâneas extramuçulmanas não fazerem nenhuma menção à sua existência. O que é inconcebível, pois todo acontecimento histórico importante não pode senão deixar seus rastros. E é preciso esperar o século X para encontrarmos, nos países conquistados pelo Islã, menção a um profeta ao qual os sarracenos teriam obedecido. A ausência de documentos contemporâneos sobre as origens do Islã, em época não tão afastada de nós, e numa região de brilhantes civilizações (Babilônia, Bizâncio), constitui um caso único na História... e não pode afastar a suposição de uma manipulação da história.
Outra prova de que Maomé é um personagem lendário criado no século IX para servir de contrafação ao Moisés dos judeus e ao Jesus dos cristãos, é que, contrariamente à sua importância atual na religião muçulmana — a qual o associa a Alá até na sua profissão de fé, a Chahada diz: “Não há outra divindade senão Alá, e Maomé o seu profeta” —, Maomé não aparece naChahada gravada por ‘Abd al-Malik em 688-691 no frontispício da mesquita da Basílica do rochedo de Jerusalém, como ainda se pode constatar. Nem tampouco na Chahada primitiva presente no Alcorão (3. 19): “A religião aos olhos de Alá é a submissão”. Nem daquela em vigor até 775: “Não existe outra divindade senão a de Alá, sem nenhum associado”.
Catolicismo — É verdade que os cristãos, os judeus e os muçulmanos adoram o mesmo Deus?
Pe. Guy Pagès — Não, não é verdade. Crer nisso equivale a negar a verdade sobre Deus revelada por Cristo, que é Ele próprio Deus (Jn 8. 24, 28, 58 ; 13.19 / Ex 3.14). Se a existência e a unicidade de Deus são verdades acessíveis à razão natural (cf. Rom 1. 18-20), conhecer a Santíssima Trindade não é acessível à razão humana. Cristãos e muçulmanos não têm o mesmo conhecimento de Deus, porque eles não estão ligados à mesma Revelação, não ouvem a mesma Palavra. Contentar-se em afirmar que Deus existe e que Ele é único — é no que se resume o conhecimento muçulmano de Deus — torna seguramente um cristão mais muçulmano do que cristão. O Deus do Alcorão é um ser solitário, enquanto o Deus do cristianismo é um ser de relação: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Três Pessoas tão ligadas entre Si, que são, conjuntamente e cada uma, o único e mesmo Ser divino.
O Deus do Alcorão é impenetrável (112. 2) e continuará para sempre um mistério absolutamente insondável para os muçulmanos (2. 255; 42. 4). O Deus do cristianismo é também incompreensível e, entretanto, na sua bondade infinita, dignou-se fazer-se conhecer ao homem, de modo que este possa, na sua medida, participar realmente do conhecimento que Deus tem de si próprio, o qual é a visão beatífica (Jo 17.3). Como o mistério divino no Alcorão é irreconhecível (26. 65; 72. 10), Alá não tem ligação com a racionalidade. Por isso, tudo aquilo que ele diz ou pede é arbitrário, exigindo do muçulmano uma submissão cega. Qualquer esforço da inteligência é considerado como ímpio porque necessariamente atentatório à inviolabilidade do Mistério divino.
O Deus do cristianismo é reconhecido como justo e, portanto, como lógico, racional, razoável. É esta fé no Logos (razão) do Deus-Criador que permitiu à ciência de se desenvolver no Ocidente. Na verdade, Deus nada faz sem razão. Não age como um louco, mas “Ele tudo ordenou com número, peso e medida” (Sg 11. 20), de sorte que não sendo o mundo absurdo ou incoerente, a ciência humana pode descobrir as razões ou as leis que nele Deus colocou, que o regem e o tornam inteligível. Deus nos quer à sua imagem: isto é, razoáveis.
Outro exemplo que ilustra magistralmente não apenas o arbitrário do Deus muçulmano, mas ainda sua absoluta maldade — é que Alá teria criado homens para sofrer eternamente no Inferno: “Nós criamos um grande número de homens para o Inferno” (7. 179) e outros versos do mesmo naipe. Esse deus não é o Deus dos cristãos, que não somente jamais faz o mal, mas que predestinou todos os homens a participarem de sua glória na eternidade. Condenam-se os que se recusam a crer na boa nova (Mc 16. 16).
Prova também de que os muçulmanos e cristãos não têm o mesmo Deus é que somente estes últimos adoram Jesus Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, o que para os muçulmanos é idolatria... Para os muçulmanos, é contrário à dignidade de Deus que Ele se faça homem, o que implica que Deus deveria ter vergonha de sua criação!
Catolicismo — Há outras divergências entre a fé e a moral cristãs e aquelas do Islã?
O Alcorão nega não somente a Trindade, mas também a divindade de Jesus, sua morte e sua ressurreição e, portanto, a Redenção
“A solução parece estar na reunião de fiéis fervorosos. Creio que os tempos vindouros não permitirão mais a tibieza. Será preciso ser santo ou demônio”
Pe. Guy Pagès — As divergências são tais que se pode definir o Islã como não sendo outra coisa senão a negação do cristianismo, a ponto de o Islã afirmar que toda a sua glória consiste em restabelecer a religião pura e original falsificada pelos cristãos. De fato, ele nega não somente a Trindade, mas também a divindade de Jesus, sua morte e sua ressurreição e, portanto, a Redenção. É, pois, toda a economia da salvação trazida pelo cristianismo que é rejeitada pelo islã. No nível da moral, isso implica:
• recusa da Trindade, recusa da alteridade e, portanto, o totalitarismo e a tirania social e doméstica, a superioridade ontológica do homem sobre a mulher, do muçulmano sobre o não-muçulmano, do homem livre sobre o escravo;
• recusa da Redenção, negação do pecado original e confusão do bem e do mal, ambos obras de Alá;
• o desconhecimento de Deus e, em consequência, do homem, dá lugar ao demônio e às suas falsas luzes para conduzir a todas as formas de pecados, tanto de orgulho (Alcorão 3.110) e de seu corolário, o ódio (60.4), a promoção da preguiça pela submissão ao destino (9.51; 14.10; 15.5; 57.22) que dispensa o exercício perigoso da liberdade e da responsabilidade, a exaltação da inveja pela promessa da pilhagem (8.41, 69; 33.50; 48.19,20), a legitimação da cólera e da violência (48.29), a excitação da luxúria pela redução da mulher a objeto de prazer e a promessa de um paraíso repleto de jovens cuja virgindade é restaurada sem cessar, a exaltação da avareza pela legalização da extorsão (9.29), etc.
Catolicismo — Em seu site há uma série de vídeos sobre relações pré-matrimoniais, contracepção, aborto, divórcio, homossexualidade. Qual o público-alvo: os muçulmanos, os sem religião ou os católicos?
Pe. Guy Pagès — Eu o faço para: 1) dar aos próprios cristãos um conhecimento que frequentemente lhes falta e que deve fortificar o seu senso católico, de tal modo a doutrina católica é a expressão perfeita e insuperável da verdade revelada; 2) permitir àqueles que não são nem cristãos nem muçulmanos de poder julgar a diferença entre o cristianismo e o Islã; 3) oferecer aos muçulmanos o conhecimento da doutrina católica sobre a fé e as modas, o que não pode senão edificá-los, e mostrar-lhes que, longe daquilo que eles imaginam, os cristãos não são desprovidos de senso moral.
Catolicismo — Muitas pessoas creem que o diálogo inter-religioso é um substitutivo da evangelização. O que V. Reverência acha disso?
Pe. Guy Pagès — Um cristão não pode renunciar a afirmar que conhece a Verdade (2 Co 11.10), sem o que ele renegaria o próprio Jesus Cristo que disse: “Eu sou A Verdade” (Jo 10.6). E só A Verdade, que se deve conhecer e proclamar, nos libertará (Jo 8.32). Tal situação é que leva São Paulo suspirar: “Mas como acreditarão n’Aquele sobre quem eles não ouviram falar?”. E acrescentava, pensando em nós: “E como ouvirão falar dele se não há ninguém que pregue?” (Rom 10. 14). A interrogação de São Paulo — “E como pregar sem antes ser enviado?” — não deve servir a ninguém de pretexto para não se sentir concernido, pois “os fiéis leigos, precisamente por serem membros da Igreja, têm a vocação e a missão de anunciar o Evangelho: para esta atividade eles estão habilitados e engajados pelos sacramentos da iniciação cristã e pelos dons do Espírito Santo” (João Paulo II, Christifideles laici, no. 33). “Evangelizar é a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade” (Paulo VI, Evangelii nuntiandi, n°14).
Contrariamente ao que promove o espírito do mundialismo e da Nova Era, um cristão não pode aceitar situar-se num imaginário ponto Omega que transcenderia todas as confissões religiosas. Ele renegaria o Absoluto, que é unicamente Jesus de Nazaré, em comunhão com o seu Pai e o Espírito Santo. Um cristão não pode tampouco aceitar como base de diálogo com os muçulmanos o fato de que eles compartilhariam uma mesma afirmação monoteísta (o monoteísmo cristão se identifica com o dogma trinitário combatido obsessivamente pelo islã), ou que as suas religiões seriam religiões do Livro (o cristianismo não se define em relação a um livro, mas a uma Pessoa, Cristo Jesus), ou da Lei (o cristão não se salva pela sua obediência à Lei, mas ao Espírito de Deus), ou que eles tivessem um parentesco comum em Abraão (o cristão não tira a sua existência da carne e do sangue, cfr. Jo 1.13; 8.39).
Sabendo que não há senão uma única Igreja de Cristo, "que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica" (Catecismo da Igreja Católica, n° 811), é contraditório e suicida para um cristão honrar o Islã como religião, em vez de denunciá-lo aberta e largamente como uma impostura característica do Anticristo (1 Jo 2.22-23 ; Ap 20.7-8).
Catolicismo — Por que os países muçulmanos não concedem aos cristãos os mesmos direitos que seus seguidores gozam aqui no Ocidente?
Pe. Guy Pagès — Porque a confrontação com a razão, solicitada pela teologia cristã (é um pleonasmo), levaria o Islã a se questionar. Esta recusa da confrontação com a verdade está escondida, bem entendido, sob o pretexto de preservar os muçulmanos do perigo de apostasia pelo contacto com os infiéis, e a fortiori com os cristãos, culpados do único pecado irremissível: a fé na Trindade (Alcorão, 4.48).
Catolicismo — Fala-se dos frutos da civilização islâmica ao longo da História. São assim tão brilhantes?
Pe. Guy Pagès — Toda a glória que a civilização muçulmana pode ter tido, ela a deve aos povos islamizados que conseguiram salvaguardar de suas culturas anteriores suficiente gênio próprio para fazê-lo frutificar, não “graças ao”, mas “apesar do” Islã. O amálgama entre o Islã e essas civilizações foi facilitado pela imposição da língua árabe. A imposição desta impediu pouco a pouco os povos islamizados de aceder às suas culturas próprias, e os conduziu à estagnação característica dos povos islamizados. O que aconteceu com as brilhantes civilizações do Egito, de Bizâncio, de Cartago ou da Pérsia uma vez conquistadas pelo Islã, para que se possa creditar a este qualquer valor civilizatório?
Ibrahim al-Buleihi: "Olhai em torno de vós [...] Percebereis que tudo quanto é belo em nossas vidas procede da civilização ocidental."
“No Brasil, eu sei que a frouxidão, as seitas protestantes, e até mesmo o Islã, ganham terreno. É uma grande tristeza e motivo de grande inquietude”
Aos que julgam de bom tom criticar a civilização cristã, nada de mais eloquente do que a seguinte constatação feita por um escritor muçulmano, o saudita Ibrahim al-Buleihi, publicada no quotidiano saudita “Okaz” em 29 de abril de 2009: “Olhai em torno de vós [...] Percebereis que tudo quanto é belo em nossas vidas procede da civilização ocidental. [...] Como nenhuma outra civilização anterior, ela trouxe o conhecimento, o savoir-faire, novas descobertas. As realizações da civilização ocidental cobrem todos os domínios: a gestão, a política, a ética, a economia e os direitos humanos. [...] Passando em revista os nomes dos filósofos e sábios muçulmanos tais como Ibn Rushd, Ibn al-Haythan, Ibn Sina, Al-Farbi, Al-Razo, Al-Khwarizmi e semelhantes, cuja contribuição ao Ocidente é reconhecida por escritores ocidentais, descobrimos que eram todos discípulos da cultura grega e que se mantinham à margem da corrente [islâmica] dominante. Eles eram e continuam sendo ignorados por nossa cultura. Nós chegamos a queimar seus livros, a persegui-los, colocamos a população em alerta contra eles, e continuamos a considerá-los com suspeita e aversão. Como podemos nos orgulhar de pessoas que afastamos e cujo pensamento rejeitamos?”.
Catolicismo — V. Reverência já recebeu ameaças de morte por suas denúncias?
Pe. Guy Pagès — Sim, eu recebi ameaças de morte. Fui comunicá-las à polícia, que só depois de muita dificuldade aceitou, assegurando-me, no entanto, que a mesma não serviria para nada, ante a impossibilidade em que ela encontra de levar adiante todas as reclamações, de tal modo são numerosas...
Catolicismo — Em um vídeo, V. Reverência diz que “ser cristão é ser mártir”. Não teme que seja pedir demais aos cristãos de hoje?
Pe. Guy Pagès — Eu não penso que Nosso Senhor tenha alguma vez dito que as exigências do Evangelho (Lc 14.26-27) um dia deveriam ser atenuadas, mas antes, sabemos que Ele duvidou encontrar ainda fé no dia de seu retorno (Lc 18.8)... Certamente, a perda da fé que Ele entreviu está justamente ligada ao fato de não se ter visto que vale a pena tudo sofrer e morrer para guardá-la, de tal modo ela é preciosa, pois nos dá acesso à vida eterna. “A obra de Deus consiste em que creiais n’Aquele que Deus enviou” (Jo 6.29); “Sem a fé, é impossível agradar a Deus” (He 11.6).
Catolicismo — Como V. Reverência considera o futuro da Igreja e do mundo? Como o fiel católico deve enfrentar esse porvir?
Pe. Guy Pagès — No tempo das invasões bárbaras foram os mosteiros que guardaram os tesouros da vida cristã e os transmitiram às gerações futuras com todos os tesouros da cultura antiga desenvolvidos por eles. De igual modo, em nossa época cada vez mais alheia à vida da fé — vida de fé muito frequentemente ausente até entre os próprios sacerdotes, ai! —, a solução parece efetivamente estar na reunião de fiéis fervorosos, inteiramente entregues a Deus e à Igreja. Creio que os tempos vindouros não permitirão mais a tibieza. Será preciso ser santo ou demônio. Livre e abertamente.
Catolicismo — Gostaria de dirigir uma mensagem especial aos leitores de Catolicismo?
Pe. Guy Pagès — O Brasil é o maior país católico pelo número de fiéis. É uma grande responsabilidade, pois implica também uma grande força, da qual muitos fiéis no mundo têm necessidade... Entretanto, eu sei que a frouxidão, as seitas protestantes, e até mesmo o Islã, ganham terreno no Brasil. É uma grande tristeza e motivo de grande inquietude. Assim, não posso senão recomendar aos irmãos e irmãs do Brasil que fortifiquem sua fé através da leitura, do estudo, da oração e numa vida de amor e de serviço ao próximo, sobretudo aos nossos irmãos católicos (Gal. 6.10). Assim, ela dará seu fruto que é a salvação eterna.
Título Original: Contraditório, o Alcorão prega a destruição de tudo que não seja muçulmano
Site: Catolicismo
Editado por Henrique Guilhon
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Exibir comentário