Além disso, as provas que se tem que Jerônimo não reconheceu os deuterocanônicos datam de no máximo 394 d.C, não figurando como já disse sua opinião para a vida toda. Além do mais a opinião do Cardeal Caetano é singular, demasiadamente suspeita e não ortodoxa uma vez que ele diz “Pois as palavras tanto dos concílios como dos doutores devem ser reduzidas à correcção de Jerónimo.” Jamais um concílio pode se reduzir a correção de um único pai! Além de tudo eles não rejeitaram todos os livros. Nem no comentário do Cardeal Caetano nem no de Ximenes, não está presente Baruc, lembrando que antes mesmo dele o concílio de Florença (1442) já tinha declarado estes livros como canônicos.
Em relação a Ximenes terá que nos mostrar seu comentário, e não deduções de terceiros!
Se o argumento de homens isolados vale de alguma coisa, então vamos ver que basicamente na mesma época Erasmo de Roterdam na Controversies: De libero arbítrio escreve a Lutero citando Eclesiástico como “canônico”, e mostrando que a Igreja aceitava os livros apesar dos pensamentos iniciais de Jerônimo:
“No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo; deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável (a Deus), eles te guardarão. Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado.” (Eclesiástico 15, 14-8)
Ai completa dizendo:
“Eu não acho que ninguém vai pleitear aqui contra a autoridade deste trabalho que não estava originalmente no cânon hebraico (como Jerome aponta), visto que a Igreja de Cristo, por unanimidade, recebeu em seu cânone, e não vejo razão pela qual os hebreus devem ter pensado que este livro deveria ser excluído do cânone, uma vez que eles aceitam os Provérbios de Salomão e a Canção Amorosa.” (
Pode ser vista aqui: Collected Works of Erasmus, Vol. 76, p. 21 - 22.)
Em suma, Erasmo - um dos principais estudiosos do hebraico, grego e latim de sua época, estava ciente da dissidência de Jerônimo como um tipo de abstração intelectual, que não têm uma grande peso em face da prática real, que toda a Igreja aceitava e também o próprio Jerônimo.
“Reafirmação da posição de Jerónimo com o testemunho de uma fonte Católica Romana moderna.”
Na realidade, uma adulteração da fonte católica moderna!
“Jerónimo classificou os Apócrifos numa categoria separada. Ele distinguiu entre os livros canónicos e os livros eclesiásticos, os quais não reconheceu como Escritura autoritativa. Isto é admitido actualmente pela igreja Católica:”
A Enciclopédia católica, na sua citação verdadeira, fala justamente da sua opinião inicial nos prefácios da vulgata e não do resto da sua vida! O que a Igreja adminte é que ele cita em seus prefácios como não canônico, isso é fato, porém não tem nada haver dela admitir que ele pensou isso a vida toda ou que os motivos que lhe levaram a isso valeram por todo o tempo.
Vamos ler a adulteração:
“Jerónimo distinguiu entre livros canónicos e livros eclesiásticos (os apócrifos). Estes últimos circulavam na Igreja como boa leitura espiritual mas não eram reconhecidos como Escritura autoritativa… A situação permaneceu obscura nos séculos seguintes… Por exemplo, João de Damasco, Gregório Magno, Walafrid, Nicolau de Lira e Tostado continuaram a duvidar da canonicidade dos livros deuterocanónicos. Segundo a doutrina católica, o critério do cânon bíblico é a decisão infalível da Igreja. Esta decisão não foi dada até muito tarde na história da Igreja no Concílio de Trento. O Concílio de Trento definitivamente resolveu a questão do cânon do Antigo Testamento. Que isto não havia sido feito anteriormente é evidenciado pela incerteza que persistiu até ao tempo de Trento” (The New Catholic Encyclopedia, The Canon).
Aqui a adulteração e trucagem mais descaradas de todas. Ele maldosamente adultera, trunca e recorta a Nova enciclopédia Católica, veja se uma pessoa destas tem moral para vim falar que eu adulterei os escritos de são Jerônimo.
Há vários problemas com a citação.
Primeiro, é totalmente inconsistente com a evidência histórica.
Segundo, eu não pude encontrar nada Enciclopédia Católica no site
New Advent.
Terceiro na Nova Enciclopédia Católica não tem nenhum item como intitulado “The Canon” como referenciado por nosso amigo, o item sobre o cânon bíblico se chama “Bíblical Canon”, isso prova que ele não pegou isso daí de lá.
Não há a Nova Enciclopédia Católica na internet, e eu duvido muito que nosso amigo tenha uma impressa para poder extrair essa citação dela, eu tive que procurar a parte scanneada sobre o cânon, e felizmente encontrei no
blog do Lorenzo Valla.
A parte destacada em vermelho diz:
“St. Jerome (A.D. 340 - 420) distinguished between "canonical books" and "ecclesiastical books." The latter, he judged, were circulated by the Church as good "spiritual reading," but were not recognized as authoritative Scripture. St. Augustine, however, did not recognize this distinction. He accepted all the books in the LXX as of equal value, noting that those designated as apocryphal by Jerome were either unknown or obscure origin. Augustine's point of view prevailed and the deuterocanonical books remained in the Vulgate, the Latin version, that received official standing at the Council of Trent.
The situation remained unclear in the ensuing centuries, although the tendency to accept the disputed books was becoming all the time more general. In spite of this trend, some, e.g., John Damascene, Gregory the Great, Walafrid, Nicholas of lyra and Tostado, continued to doubt the canonicity of the deuterocanonical books. St. THOMAS AQUINAS has for a long time been listed as a dissenter because of his supposed doubts about Wisdom and Sirach, but P. Synave has argued convincingly to clear him of this imputation (Revue biblique 212 (1924) 522 - 533). The Council of Trent definitively settled the matter of the OT Canon. That this had not been done previously is apparent from the uncertainty that persisted up to the time of Trent.”
Tradução:
“São Jerônimo (340-420 d.C), distinguiu entre “livros canônicos” e “livros eclesiásticos”. Os últimos, ele julgou, que eram divulgados pela Igreja como uma boa “leitura espiritual”, mas não eram reconhecidos como Escritura autoritativa. Santo Agostinho, no entanto, não reconhece essa distinção. Ele aceitou todos os livros na LXX como de igual valor, observando que os designados como apócrifos por Jerômimo eram ou de origem desconhecida ou obscura. O ponto de vista de Agostinho prevaleceu e os livros deuterocanônicos permaneceram na Vulgata, a versão latina, que recebeu posição oficial no Concílio de Trento.
Continua
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