Inscrição do sepulcro de uma mulher cristã da Igreja primitiva (séc. 6):"Aqui, descansa em paz Maxima, serva de Cristo, que viveu cerca de 25 anos (...) quando o senador Flávio Probus era o jovem cônsul. Ela morava com o marido há sete anos e seis meses. Foi amigável, fiel em tudo, bondosa e prudente." Antes do texto, a cruz demonstra que se tratava de uma cristã.
Voz da Igreja
Que culto os cristãos devem prestar a Deus? Com o crescimento das seitas no Brasil, vemos a soberba de muitos que afirmam que o culto que eles prestam é o único verdadeiro, pois seria o mesmo culto que os primeiros cristãos tributavam a Deus, confirmado pela Bíliba Sagrada. Será?
Seria verdadeiro o argumento dos que se chamam a si mesmos "evangélicos"? Muitos deles também acusam que a Missa católica é uma invenção humana, que Deus não ouve nem aceita, sem base bíblica. Alguns chegam ao extremo de dizer que se trata de um sacrifício paganizado.
Para descobrir a verdade dos fatos, vamos juntos analisar a História da Igreja e ver que tipo de culto e quais ritos os primeiros cristãos prestavam a Deus. Pelo testemunho bíblico, sabemos que a Igreja primitiva seguia a doutrina dos Apóstolos, seguindo o mandamento direto do Senhor: "Faze isto em memória de mim. Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a minha morte, e confessareis a minha ressurreição" (1 Cor 11,26).
Adverte também Jesus no Evangelho de João “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.” (Jo 6, 53)
Na Comunhão do Pão e na oração perseveravam os primeiros cristãos e convertidos após a Ressurreição de Cristo, que formavam o corpo da Igreja primitiva (conf. At 2, 42), já celebrando os santos Mistérios Sacramentais. No inicio do século II usavam a Disciplina do Arcano, com os Mistérios sendo celebrados secretamente para que não se paganizassem e se mantivessem vivos no seio da Igreja. O serviço litúrgico (At 13, 2) era realizado nas casas de membros da comunidade ou em lugares ocultos, como porões e catacumbas, devido à perseguição romana: nos tempos primitivos muitos Apóstolos ministraram a liturgia em suas casas, edificações conhecidas como Domus Eclesiae, que mais tarde viriam a se tornar Domus Dei, isto é, edifícios construídos exclusivamente para o culto cristão.
No primeiro dia depois do sábado (Ap. 1, 10), quando São Paulo diz para partir o Pão (At. 20,7), os cristãos cultuavam a Deus mais frequentemente. Faziam a leitura dos Profetas e das epístolas dos Apóstolos, cartas dirigidas às primeiras comunidades cristãs. Estas leituras eram explicadas e meditadas em grupo. Desta prática deriva a homilia. Vejamos o que dizem os Pais Apostólicos da Igreja, em registros dos séculos I e II dC:
"No chamado 'Dia do Sol', todos os fiéis das vilas e do campo se reúnem num mesmo lugar: em todas as oblações que fazemos, bendizemos e louvamos o Criador de todas as coisas, por Jesus Cristo, seu Filho, e pelo Espírito Santo". (Texto de São Justino Mártir, nascido em 103 dC, filósofo pagão convertido, tornado sacerdote e mártir, contemporâneo de Simeão, que ouviu Nosso Senhor Jesus Cristo, de Sto. Inácio, de Clemente, companheiro do Apóstolo Paulo, de Potino e de Irineu, discípulos de Policarpo). Sobre a reunião dos primeiros cristãos para culto ele descreve:
"Lêem-se os escritos dos profetas e os comentários dos apóstolos. Concluídas as leituras, o sacerdote faz um discurso em que instrui e exorta o povo a imitar tão belos exemplos. Em seguida, nos erguemos, recitamos várias orações, e oferecemos pão, vinho e água. O sacerdote pronuncia claramente várias orações e ações de graças, que são acompanhadas pelo povo, com a aclamação Amem! Distribuem-se os dons oferecidos, comunga-se desta oferenda, sobre a qual pronunciara-se a ação de graças, e os diáconos levam esta Comunhão aos ausentes. Os que possuem bens e riquezas dão uma esmola, conforme sua vontade, que é coletada e levada ao sacerdote que, com ela, socorre órfãos, viúvas, prisioneiros e forasteiros, pois ele é o encarregado de aliviar todas as necessidades. Celebramos nossas reuniões no 'Dia do Sol', porque ele é o primeiro dia da criação em que Deus separou a luz das trevas, e em que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos".
Outro atestado é o de Sto. Inácio de Antioquia, (†110) terceiro bispo de Antioquia, sucessor de São Pedro e de Evódio, contemporâneo dos Apóstolos quando criança, que declarou ter visto Nosso Senhor ressuscitado; ele conheceu pessoalmente São Paulo e São João. Sob o imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma, onde morreu devorado por leões no Coliseu. A caminho de Roma, escreveu Cartas às igrejas de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo São Policarpo de Esmirna. Apresenta alguns detalhes sobre a oblação da Eucaristia, na sua primeira carta aos cristãos de Esmirna. Nesta, aparece pela primeira vez a expressão “Igreja Católica”.
“Abstêm-se eles da Eucaristia e da oração, por que não reconhecem que a Eucaristia é Carne de nosso Salvador Jesus Cristo, Carne que padeceu por nossos pecados e que o Pai, em Sua Bondade, ressuscitou.” (Epístola aos Esmirnenses: Cap. VII; Santo Inácio de Antioquia).
Sto. Ireneu de Lião, (130-202) eminente teólogo ocidental, confirma-nos o Sacrifício que era prestado pelos primeiros cristãos figurado no Sacrifício de Cristo. Em outra obra ele ressalta a importância e a transubstanciação na Eucaristia:
“(Nosso Senhor) nos ensinou também que há um novo Sacrifício da Nova Aliança, Sacrifício que a Igreja recebeu dos Apóstolos, e que se oferece em todos os lugares da Terra ao Deus que se nos dá em Alimento como Primícia dos favores que Ele nos concede no Novo Testamento. Já o havia prefigurado Malaquias. (...) O que equivale dizer, com toda a clareza, que o povo primeiramente eleito não havia mais de oferecer sacrifícios, senão que em todo lugar se ofereceria um Sacrifício puro, e que seu Nome seria glorificado entre as nações." (Adversus Haereses).
Outro Registro é o Didaqué, catecismo cristão escrito por volta do ano 120 aD, antes do Evangelho segundo João e de outros livros no Novo Testamenteo da Bíblia, um dos mais antigos registros do cristianismo. Este também trata do culto cristão e da celebração dos primeiros crentes após transcrever regras a respeito da celebração da Eucaristia. Diz:
“Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor, pois sobre isso o Senhor disse: 'Não dêem as coisas santas aos cães'". (Didaqué, Cap. IX, Nº 5)
Também diz sobre a reunião dos crentes:
“Reúnam-se no Dia do Senhor para partir o Pão e agradecer, após ter confessado seus pecados, para que o Sacrifício seja puro.” (Didaqué, Cap. XIV, nº 1)
O que têm em comum estes testemunhos do I e do II séculos? Todos comprovam a liturgia católica como única herdeira da liturgia dos primeiros cristãos em suas reuniões, que a partir do séc. III passou a ser conhecida pelo termo Missa, que procede do latim “mitere”, que quer dizer "enviar". Missa é o particípio que adquire sentido de substantivo; "missão”. Podemos observar que os primeiros cristãos perseveravam na Comunhão e na Celebração Eucarística.
E como ficam os cultos protestantes? Gritaria, música alta, pregações apelativas e sentimentais, pseudo-exorcismos e alegadas manifestações do “Espírito”? Como visto, estes sim, carecem completamente de embasamento histórico e bíblico!
Título Original: Culto dos primeiros cristãos
Site: Voz da Igreja
Editado por Henrique Guilhon
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