Voz da Igreja
Hoje, gostaria de compartilhar algo com os leitores deste blog. Nada muito especial, e nada que este apostolado já não tenha esclarecido em postagens anteriores, mas acho que valer a pena a postagem, pois nunca é demais esclarecer dúvidas e defender a verdade, como diz a primeira carta de São Pedro:"Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança." (I Pedro 3,15)
Ocorre que, em meio a uma pesquisa no Youtube, dei de cara com um vídeo intitulado (sem nenhuma cerimônia) "O fundador da Igreja Católica"... Não preciso nem dizer que era um filminho dos mais irresponsáveis, travestido de "documentário", afirmando aquela velha balela de que a Igreja Católica teria sido fundada por Constantino no 4º século. Deixei então um breve comentário tentando esclarecer ao autor do vídeo (que assina como 'Raphael Kriptos'), que, comprovadamente, no tempo de Constantino (imperador de 306 a 337), o Papa era Melcíades, 32º Sumo Pontífice da Igreja de Cristo depois de Pedro, e que, portanto não se pode afirmar que Constantino seja o fundador da Igreja, já que este apenas concedeu liberdade de culto aos cristãos, que obviamente já existiam desde o século I. Este blog publicou postagens sobre este assunto, que podem ser lidas aqui, aqui, aqui e aqui.
Em meu comentário expliquei, ainda, que a Igreja de Cristo já era chamada "católica" (isto é, Igreja Universal, como consta na Carta aos Hebreus 12,22-24, que fala da Igreja dos santos, chamando-a de kαθολικός eκκλησία, ou katholikón ekklésia, e quer dizer, exatamente, Igreja Católica). Tudo que fiz, como se pode notar, foi compartilhar informações, apontando fatos históricos conhecidos e bem documentados, não se tratando de opinião pessoal minha ou de quem quer que seja. Mas a resposta de Raphael chegou ao meu e-mail, nos seguintes termos:
"E óbvio q os cristãos (já) existiam (antes de Constantino), mas não a igreja católica e nem mesmo pedro como papa, pois em nenhuma parte a bíblia cita pedro como um suposto líder de toda igreja, se (isto) existe nos mostre!"
Ignorando o fato de eu ter demonstrado que a Igreja de Cristo já era a Igreja Católica, que já era conduzida pelo Papa, desde o tempo dos Apóstolos, Raphael alega que os cristãos já existiam, mas não a Igreja e nem a autoridade do Papa... E só para não variar, ele exige que tudo que eu diga esteja escrito, literalmente, na Bíblia. Evidente que nós, católicos, não dependemos exclusivamente da Bíblia para crer ou deixar de crer em alguma coisa, até porque a Bíblia é filha da Igreja, e não a sua mãe: nós só cremos na Bíblia como "Palavra de Deus" porque a Igreja, em torno do século IV, assim definiu.
Em outras palavras, depender exclusivamente da Bíblia para aceitar algo como verdadeiro ou falso é a mais frágil de todas as maneiras de viver a fé, por uma razão muito simples: quem definiu o que é a Bíblia foi a Igreja Católica. Fora dos livros que a Igreja definiu como canônicos, isto é, livros inspirados por Deus, e portanto sagrados, dignos de compor a Bíblia Cristã, existem mais outras tantas dezenas de "evangelhos" e "cartas de apóstolos", que só não fazem parte da Bíblia porque a Igreja os descartou como "apócrifos" e não inspirados. Então, todo seguidor da doutrina da sola scriptura (que crê que somente a Escritura serve como regra de fé e prática para o cristão), está, muitas vezes sem saber, observando algo que a Igreja Católica definiu. Dito isto, registro abaixo a minha resposta ao Raphael no Youtube, com meus argumentos fundamentados nas citações bíblicas, como ele pediu:
Raphael disse: "...em nenhuma parte da bíblia cita pedro como um suposto líder de toda igreja, se (isto) existe nos mostre!"
Vamos lá: podemos ler juntos o que diz o Evangelho segundo João, no capítulo 21, dos versículos 14 ao 17:
"Já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos. E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: 'Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?' E ele respondeu: 'Sim, Senhor, tu sabes que te amo'. Disse-lhe Jesus: 'Apascenta os meus cordeiros'.
Tornou a dizer-lhe Jesus, pela segunda vez: 'Simão, filho de Jonas, amas-me?' Disse-lhe Simão Pedro: 'Sim, Senhor, tu sabes que te amo'. Disse-lhe o Senhor: 'Apascenta as minhas ovelhas'. Disse-lhe Jesus terceira vez: 'Simão, filho de Jonas, amas-me?' E Simão entristeceu-se por lhe ter dito a terceira vez: 'Amas-me?, e disse-lhe: 'Senhor, tu sabes tudo! Sabes que eu te amo'. E Jesus disse-lhe: 'Apascenta as minhas ovelhas'".(João 21,14-17)
Assim como se referiu à Igreja como o seu rebanho, e chamou a si mesmo "Bom Pastor", Jesus pede a Pedro que apascente seus cordeiros e suas ovelhas, isto é, que cuide e conduza a sua Igreja, e a nenhum outro. Está mais do que claro que Jesus está designando Pedro para conduzir a sua Igreja neste mundo, a partir daquele momento.
Mas não é só isso. Vamos ler o capítulo 15 do livro dos Atos dos Apóstolos, que narra o que aconteceu na ocasião em que certos fariseus, recentemente convertidos ao cristianismo, diziam que era preciso circuncidar os pagãos e obrigá-los a observar os rituais e costumes judaicos, para que pudessem seguir a Jesus Cristo. Começou um grande debate na Igreja primitiva, até que, por fim, entraram em acordo: Paulo, Barnabé e outros iriam reunir-se aos Apóstolos e anciãos em Jerusalém, para encontrar um consenso. Depois de muita discussão, Pedro se levantou e falou a todos: “IRMÃOS, SABEIS QUE JÁ HÁ MUITO TEMPO DEUS ME ESCOLHEU DENTRE VÓS, PARA QUE DA MINHA BOCA OS PAGÃOS OUVISSEM A PALAVRA DO EVANGELHO". E a Bíblia conta que toda a assembléia se calou e ouviu (At 15, 1-12). Foi assim que a circuncisão e outros costumes judaicos foram abolidos no cristianismo: por meio de uma decisão de Pedro, o primeiro líder da Igreja, seu primeiro pastor terreno, o primeiro Papa, mesmo que naquela época ainda não usasse esse título. Pedro mesmo declara que foi escolhido ou eleito dentre todos os Apóstolos! Está na Bíblia.
Não seria preciso continuar, mas ainda não acabou: tem muito mais! No Evangelho segundo Lucas, o próprio Senhor Jesus Cristo diz a Pedro: "Simão, Simão... Satanás reclamou o poder de vos peneirar como ao trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, confirma aos teus irmãos" (Lc 22, 31-32).
O próprio Senhor Jesus Cristo diz que assiste a Pedro, que roga por ele, e mais uma vez lhe transmite a tarefa de confirmar seus irmãos, isto é, os Apóstolos e os cristãos fiéis. Será preciso mais do que isso? Não, mas eu deixei o melhor para o final...
A passagem mais categórica e decisiva está no Evangelho segundo Mateus, capítulo 16, versículos 15 ao 19, que é o trecho da Bíblia que todo adversário da Igreja mais detesta e faz questão de ignorar. Pois é exatamente onde Jesus muda o nome de Simão Barjonas (filho de Jonas) para Pedra ('Pedro' no português, pois pedra é substantivo feminino e não poderia ser aplicado a um homem), declara que sobre aquela Pedra fundaria sua Igreja, que as portas do Inferno não prevaleceriam contra ela, e ainda, - na mesma fala, - entrega a este mesmo Pedro as Chaves do Reino dos Céus, decretando que tudo o que ele ligasse na Terra seria ligado no Céu, e o que ele desligasse na Terra seria desligado no Céu. Esta é, na minha opinião, a passagem mais clara, definitiva e conclusiva a respeito da autoridade de Pedro sobre a Igreja.
Concluindo: Jesus pede exclusivamente a Pedro que apascente suas ovelhas e cordeiros, isto é, que conduza a sua Igreja. Jesus entrega as Chaves do Reino dos Céus a Pedro, dizendo que tudo o que ele ligar ou desligar na Terra será ligado ou desligado no Céu. Jesus muda o nome dele, de Simão para Pedra, e diz que sobre aquela Pedra edificaria sua Igreja neste mundo. Tudo isso está na Bíblia. O que mais é preciso para que alguém que tem a Escritura como regra máxima de autoridade entenda, de uma vez por todas, que a Bíblia diz sim, e enfaticamente, que Pedro foi o primeiro líder da Igreja? O que mais é preciso para que estas pessoas, que sinceramente tentam observar as Sagradas Escrituras, parem de pensar e proclamar o contrário do que elas mesmas dizem?
Site: Voz da Igreja
Editado por Henrique Guilhon
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