Padre Inácio José Vale
O crescimento do pentecostalismo nos países em desenvolvimento do Hemisfério Sul foi tema de uma extensa reportagem do The New York Times, no dia 14 de outubro de 2004. Os repórteres Somini Sengupta e Larry Rohter avaliaram o fenômeno do crescimento pentecostal em várias nações do globo e deram uma atenção especial ao caso da Nigéria, na África, e do Brasil, citado como o maior país católico do mundo.
Segundo a reportagem, intitulada “Onde a fé cresce, impulsionada pelo pentecostalismo”, o Brasil, país que sempre teve sua identidade ligada ao catolicismo, desde o início da colonização portuguesa, está passando por uma revolução religiosa. Segundo o jornal, essa “explosão” teria ocorrido “graças aos cultos emocionais das igrejas pentecostais”.
Ainda de acordo com a matéria, o crescimento das igrejas pentecostais abaixo da linha do Equador acontece, em parte devido aos problemas de ordem sócio-econômica que assolam esses países. O The New York Times menciona na reportagem que “blecautes, roubos, doenças e corrupção fazem ricos e pobres, igualmente, voltarem-se para a intervenção divina” (1).
1.100.000.000 de pentecostais deverão constituir 45% dos cristãos em 2025, segundo estimativas do Hartford Institute for Religion Reseach (2).
O Censo do IBGE de 2000 apontou a existência de 18 milhões de pentecostais – ou seja , dois terços do total dos evangélicos brasileiros (3).
Existem hoje, segundo dados do Serviço de Evangelização para América Latina (SEPAL), cerca de 188 mil igrejas protestantes no país. O Censo de 2000, contou pouco mais de 26 milhões de protestantes.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizou um estudo intitulado Retratos das Religiões no Brasil, no qual analisou dentre outros grupos, os evangélicos. Uma das principais conclusões do estudo da FGV foi que, enquanto a Igreja Católica tem perdido espaço entre os mais pobres, a igreja evangélica tem conseguido conquistar, cada vez mais, os excluídos para as suas comunidades. Para o professor Marcelo Cortes Néri, coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV e responsável pelo estudo, o crescimento evangélico é um “fenômeno de periferia”.
Segundo Marcelo Neri, o declínio católico ocorreu devido a certa inércia das igrejas romanas no atendimento das necessidades das mulheres e dos desempregados. “As novas crenças emergentes no Brasil estariam prosperando em uma face de descrença quanto à possibilidade individual de ascensão social e profissional”, analisa o professor.
Na opinião do sociólogo Alexandre Brasil Fonseca, a explicação é relativamente simples: os evangélicos têm cumprido o seu papel ao levar as Boas Novas aos carentes. “É um mérito das igrejas. Elas estão presentes onde os pobres estão”, afirma Fonseca (4).
“A Igreja Católica fez a opção preferencial pelos pobres, mas os pobres deslocados para as periferias fizeram a opção preferencial pela igreja pentecostal”, diz o cientista político César Romero Jacob (5).
A cada dois dias, pelo menos um novo templo pentecostal ou neopentecostal é aberto na cidade de São Paulo. A conclusão é de um estudo feito com base no cruzamento de dados das Secretarias de Finanças de Habitação do Município, publicado recentemente pelo jornal Folha de São Paulo. Essa estatística, no entanto, não levou em conta as igrejas que funcionam sem autorização da Prefeitura em garagens, salões de festas ou casas particulares. “Boa parte dos pastores não constrói igrejas. Eles abrem as congregações em salões ou outros lugares que comportem a multidão”, disse à revista Graça a jornalista Daniela Tófoli, autora do levantamento e da compilação dos dados publicados em janeiro pela Folha de S. Paulo (6).
REPOSTA PARA O CRESCIMENTO
1. Solução mágica
O insigne psicanalista Joel Birman, explica as novas formas contemporâneas do sofrimento. “Desde os anos 1980, o pânico se torna, no consultório, uma das formas mais freqüentes de sofrimento. É a “neurose de angústia”, de que Freud já falava. Prolifera também, a depressão, que é a condição radical do desalento, e que surge quando o sujeito perdeu qualquer possibilidade de vir a ter um projeto próprio. Aparecem, ainda, as compulsões, à comida, ao consumo, ao sexo, às drogas, com que o sujeito tenta colocar alguma coisa no lugar vazio que não suporta (7).
É aqui que entra as “soluções mágicas” das pregações oportunistas dos líderes sectários. A exploração dos sofrimentos alheios é uma das causas principais do crescimento das seitas.
Os especialistas são unânimes ao associar os momentos de dificuldade ao aumento da necessidade religiosa. E é justamente ao oferecer solução para qualquer tipo de crise, que as igrejas evangélicas atraem fiéis de todas as idades e classes sociais.
“Eles prometem resolver problemas cotidiano, desde unha encravada até desavenças conjugais”, afirma o sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro “Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil”. O grande atrativo das soluções propostas por essas igrejas é o fato de apresentarem características mágicas, pela via do milagre e da intervenção divina. “Ao abandonar esse tipo de resposta e adotar um discurso mais secular, a Igreja Católica acabou perdendo muito fiéis”, conclui o sociólogo.
A solução dos sofrimentos é de caráter imediatista. O “show” de testemunhas de pseudos milagres, estimula a prática de uma religião comercial e uma fé mercantilista.
Diz o antropólogo e pesquisador do Instituto de Estudos da Religião (ISER), Flávio Conrado: “boa parte das pessoas que freqüentam os cultos da Igreja Universal do Reino de Deus, são “clientes” no sentido de que buscam algum “bem” no “mercado religioso”. “A pobreza e a miséria são vistas como males causados por forças diabólicas que devem ser exorcizadas da mente e do corpo, a fim de se ganhar a bênção de Deus através da fé”, declara Flávio Conrado(8).
A base das “soluções mágicas”, do mercado religioso, do pragmatismo empresarial da fé, do paraíso terrestre e do “transcendental”, está no pagamento dos dízimos, nas doações e nas ofertas de sacrifícios. Tudo isso, está no contexto da teologia da prosperidade. Esta, realmente, enriquece o paraíso financeiro dos donos e líderes das igrejas neopentecostais.
Todo esse sucesso financeiro inspira ambição nos mais espertos. Tudo isso, ajuda-nos a compreender a “moda” de conversões aparentemente inacreditáveis, como de atletas, cantores, compositores, atores, atrizes, apresentadores (as), dançarinas e pessoas do reality shows. “A maioria desses artistas está decadente. É uma tentativa desesperada de salvar suas carreiras. Pode reparar que os famosos bem sucedidos não estão procurando igrejas, pelo menos publicamente”, afirma Antonio Flávio Pierucci, professor de sociologia da religião da USP. Para ele, a conversão surge em situações-limite. “Ninguém está muito preocupado com a salvação da alma. As pessoas querem primeiro salvar a pele”, conclui o sociólogo(9).
2. A Periferia Favorece
As três décadas de estagnação da economia brasileira, aliadas ao modelo urbano perverso – que segrega nas áreas distantes os mais carentes – produziram nos últimos anos um fenômeno recorrente em todas as principais capitais brasileiras: a formação de anéis evangélicos nas periferias, onde se concentram, sobretudo os fiéis pentecostais, em número crescente.
Nas áreas centrais, mais abastadas permanece, predominante, a população católica, que, no entanto, tem diminuído sistematicamente em todas as principais capitais: em 13 das 19 metrópoles estudadas, esse declínio ultrapassou os 10 pontos percentuais, entre os censos de 1991 e 2000.
Estes são alguns dos principais dados da pesquisa Religião e sociedade em capitais brasileiras, realizada pelos professores César Romero Jacob e Dora Rodrigues Hess, da PUC – RJ, em associação com os especialistas franceses Phillipe Waniez e Violette Brustlein.
Na maior parte, os migrantes, deslocados dos seus ambientes originais, sem a assistência do Estado e com a quase inexistência de igrejas católicas nos lugares mais distantes, esses segregados só encontram nas pequenas igrejas pentecostais uma rede mínima de proteção e solidariedade.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo, na parte final do trabalho, observaram que a estrutura da Igreja Católica tem se mostrado insuficiente para acompanhar o intento crescimento da população nas áreas mais afastadas dos grandes centros. Assim, não seriam os fiéis que estariam abandonando a Igreja, mas, de certa forma, sendo abandonados (10).
3. A Atualização Evangelizadora
A redução do número de católicos se deve, a meu ver, à dificuldade de a Igreja atualizar seus métodos de evangelização, flexibilizando sua estrutura eclesiástica. Na geopolítica missionária predominam as paróquias. Tal divisão territorial é pré-moderna. Num país que abriga mais de 80% de sua população na cidade, já não é a vizinhança física, geográfica, que aproxima as pessoas. Pode-se morar a dez anos num prédio e ignorar o nome do vizinho de porta.
Hoje a proximidade se dá por áreas de interesse. Pessoas que vivem em pontos eqüidistantes da cidade são muito mais próximas uma das outras – por razões de afinidades afetivas, profissionais ou culturais – que habitantes de um mesmo bairro. Assim, a pastoral centrada em comunidades e movimentos apostólicos deveria prevalecer sobre a fixidez paroquial. A paróquia é um eixo que aguarda o fiel. Ora, a evangelização exige, hoje, que se faça o itinerário inverso: a comunidade eclesial é que deve ir aos fiéis e aos infiéis. O crescimento dos evangélicos reflete a flexibilização de suas estruturas eclesiásticas (11).
Na doutrina protestante, não existe uma hierarquia centralizadora. Não tem uma estrutura de unidade institucional sólida. Não existe uma instância superior para coibir e punir os divisionistas.
O sociólogo da Universidade Federal de São Carlos, Paul Freston diz: “Os cristãos evangélicos do Terceiro Mundo são um movimento, sobretudo autóctone, não fundado e orientado pelo Ocidente. Além disso, eles tendem a estarem institucionalmente divididos, a contar com seguidores muito ativos e a crescer com rapidez” (12)
4. Falhas Pastorais
“No passado, estudiosos católicos adotaram, para o fenômeno do crescimento protestante, uma postura mais pastoral do que policial. Para eles, em vez de tentar frear este avanço utilizando o poder estatal e a coerção social, a Igreja Católica devia investigar suas próprias falhas pastorais e missionárias”, escreve o teólogo batista boliviano Samuel Escobar (13).
David Martin, britânico, especializado em sociologia da religião, diz que: “o dinamismo do protestantismo popular se adapta muito melhor às transições sociais do que o catolicismo tradicional. Por exemplo, a mobilização dos leigos e a ativa participação popular nas tarefas da igreja são marcas características do pentecostalismo e ao mesmo tempo é um fator muito difícil de ser realizado na pastoral católica”.
O antropólogo americano David Stoll, concorda com o sociólogo Martin em que o crescimento pentecostal a nível popular é uma alternativa muito mais atraente às massas do que as teologias de libertação. Segundo Martin, ainda que os libertacionistas usem uma linguagem de “opção pelos pobres” e identificação com as massas, “têm um toque de classe média e radicalismo intelectual não correspondente às necessidades específicas dos pobres”.
Para Stoll os esforços de conscientização dos libertacionistas não conseguem tocar às necessidades reais dos pobres, sendo apenas “versões idealizadas destas necessidades”.
Frente ao crescimento desmedido da população da América Latina, o catolicismo se enfrenta com sua própria escassez de sacerdotes e sua prática pastoral limitada por “excessiva concentração de responsabilidades nos sacerdotes”. Em contrastes com isso, “as seitas tratam de responder com métodos próprios à demanda religiosa dos setores marginalizados. Estes encontram nelas um espaço de vida comunitária e fraterna , um lugar onde celebrar a fé dando rédea solta á parte sensível e emocional” (14).
5. Escassez de Padres
Uma pesquisa inédita do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais, CERIS, ligado à Igreja Católica, evidência que o clero está cada vez mais velho no Brasil e nenhuma categoria profissional concentra número tão grande de idosos. Se tivesse outra profissão, a maioria dos padres e freiras já estaria aposentada. Encarregados de disseminar e manter a fé católica, os religiosos têm dificuldades para realizar seu trabalho porque muitos estão doentes e boa parte demonstram pouca disposição para se engajar em novas cruzadas. “trata-se de uma séria ameaça ao futuro da Igreja no Brasil”, diz o padre e teólogo Alberto Antoniazzi.
92% dos padres vivem na zona urbana e mais de 46% trabalham em cidades com mais de 100.000 habitantes. Em alguns estados, há padres que são responsáveis pelos atendimentos espirituais de até 142 comunidades católicas. “Muitos religiosos ficaram tão sobrecarregados que não lhes restou alternativa a não ser os trabalhos burocratizados. Por isso, entusiasmar novas vocações ficou mais difícil”, afirma o padre Antoniazzi (15).
No Brasil, segundo um dado divulgado pela CNBB, 70% das comunidades não celebram a Eucaristia todos os domingos devido à escassez de presbíteros, acentuada nos últimos anos. Em pesquisas mais recentes e mais sofisticadas, promovida pelo CERIS, chega-se à constatação de que “a celebração dominical sem padre já atinge quase três em cada quatro comunidades brasileiras” (16).
6. Ausência de uma Sólida Catequese
O crescimento das denominações pentecostais se deve, em grande parte: à insuficiente formação religiosa e catequética do povo católico; à ausência de senso crítico e a certo anti-intelectualismo, que propiciam livre curso ás emoções em matéria de religião; e à secularização que tem invadido alguns setores do catolicismo, deixando o povo de Deus sequioso por um atendimento mais religioso e sacral.
É à luz dessas ponderações que se deve considerar especialmente a muito comentada Igreja Universal do Reino de Deus. Para o catolicismo, o fenômeno pentecostal protestante é um sinal evidente da urgência de sólida catequese, afirma Dom Estevão T. Bettencourt, OSB (17).
O Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho dizia: “Amai muito a inteligência e a compreensão da verdade. Pois é necessário bem compreender para crer verdadeiramente”.
7. A Mobilidade Religiosa no Brasil
Em síntese: Uma pesquisa realizada em meados de 2005 revela que 24% da população brasileira mudaram de religião. A mudança religiosa se deu principalmente entre pessoas divorciadas (52,2%) ou separadas judicialmente (35,5%). Isto leva a crer que se afastaram do Catolicismo por causa da Moral Católica que, por fidelidade ao Evangelho, não admite o divórcio. A Igreja lamenta a perda desses fiéis, mas conserva a coerência com a Palavra de Cristo, o que é certamente digno de consideração num mundo tão marcado pela infidelidade e traição.
Na 43º Assembléia Geral dos Bispos do Brasil realizada em Itaicí (agosto de 2005) foi apresentado o resultado de uma pesquisa sobre a Mobilidade Religiosa no Brasil. O ambiente pesquisado foram 22 capitais, o Distrito Federal e 27 outros municípios. Do inquérito resultou que 24% da população brasileira já mudou de religião, sendo quase a mesma proporção entre os homens (23,9%) e as mulheres (23,1%). Em relação ao estado civil, verifica-se que há a maior proporção entre as pessoas divorciadas (52,2%) ou separadas judicialmente (35,5%). Entre os principais motivos aduzidos para a mudança religiosa, estão o sentimento de solidão e a busca de amparo numa comunidade religiosa, bem como a crise e a separação conjugais. – Pergunta-se:
Que Dizer?
A deserção se dá principalmente do Catolicismo para o Protestantismo.
As razões mais apontadas são duas: as normas da moral conjugal católica e o sentimento de solidão ( talvez mais genericamente se possa dizer: deficiências dos fiéis católicos). Exatamente cada qual de per si.
1. A Moral Católica
Há quem lamente que a Igreja Católica não acompanhe as tendências da vida contemporânea, aceitando o divórcio, as relações pré-matrimoniais, o aborto, as uniões homossexuais... – A sua intransigência lhe vale a apostasia de muitos que são infelizes em sua vida conjugal, já que em outras correntes religiosas, principalmente no Protestantismo, as práticas mencionadas são, em grande parte, aceitas. – A esta observação responde a Igreja não lhe ser lícito trair o Evangelho a fim de não perder adeptos. A Igreja deve conservar incondicional fidelidade ao Senhor Jesus e impor-se ao mundo não por “atitudes simpáticas”, mas por coerência inabalável, qualidade esta rara no mundo atual, mas vivamente apreciada por pessoas de honra e brio. A Igreja pode e deve adaptar-se ao mundo de hoje em tudo o que seja acidental (inculturação, escola mista masculina e feminina, vestes clericais...), mas não pode retocar algum ponto essencial da mensagem do Senhor, como é a indissolubilidade do matrimônio (cf Mc 10,1-12; Lc 16,18: 1Cor 7,10s; Mt 19,1-9; 5,32).
A firmeza da Igreja ainda é um serviço prestado à humanidade, pois é a voz da consciência que tenta chamar os homens ao bom senso e ao equilíbrio. Tal missão é penosa e duramente criticada, mas executada com amor cristão paciente e perseverante.
2. Testemunho Deficiente
O vendaval do pensamento moderno tem sacudido muito fiéis católicos, levando-os as atitudes incoerentes, que dão um contra-testemunho da Igreja Católica. Não poucos exageraram a “abertura” do Concílio do Vaticano II, cedendo a improvisações que desconcertaram irmãos e irmãs mais suscetíveis. Daí as defecções.
Alias já o Concilio apontava, entre as causas de deserção, o falho testemunho dos próprios católicos:
“Na gênese do ateísmo grande parte podem ter os crentes, enquanto, negligenciando a educação da fé, ou por uma exposição falaz da doutrina, ou por faltas na sua vida religiosa, moral e social, se poderia dizer deles que mais escondem do que manifestam a face genuína de Deus e da religião” (Const. Gaudium et Spes nº 39).
Ou ainda o Papa João Paulo II:
“É forçoso reconhecer que a história registra também numerosos episódios que constituem um contra-testemunho para o cristianismo. Por causa daquele vínculo que nos une uns aos outros, filhos da Igreja, pecamos, tendo impedido à Esposa de Cristo de resplandecer em toda a beleza do seu rosto. O nosso pecado estorvou a ação do Espírito no coração de muitas pessoas. A nossa pouca fé fez cair na indiferença e afastou muitos de um autêntico encontro com Cristo” (Bula “O Mistério da Encarnação” nº 11). (Dom Estêvão T.Bettencourt, OSB) (18).
A “leitura” da mobilidade religiosa e de suas causas interpela pastoralmente as dioceses, paróquias, comunidades e pastorais, de desafios como a escolha da religião, o afastamento da fé e o crescente indiferentismo religioso, afirma Dom Genival Saraiva (19).
CONCLUSÃO
O cerne do pentecostalismo é a prática dos dons carismático e o exorcismo.
A ausência de estudos profundos na teologia, leva ao radicalismo e ao fanatismo.
A forma da vivência do movimento pentecostal, é caracterizado pelo individualismo e individualizante, que por sua vez conduz ao culto a personalidade.
Os líderes das igrejas pentecostais, são poderosos chefões, guia os fiéis com mão de ferro.
Todas essas características classificam essas igrejas de seitas.
“Casa de oração transformada em covil de ladrões. Se a soberba descontrolada derruba impérios e faraós, por que não derrubaria igrejas todo-poderosas e pastores todo-poderosos?” (20).
“As Igrejas neopentecostais sofrem da “síndrome de Adão”: sem umbigo, não têm passado ou referência histórica”, afirma o teólogo Robinson Cavalcanti (21).
Vivemos tempos catastróficos. O mundo é assolado pelo medo de tudo e de todos. O pânico toma espaço em muitas mentes, devido o terrorismo, a violência em várias formas, guerras, fome, epidemias, doenças incuráveis, desastres na natureza, imoralidades em todos setores da sociedade, a família desagregada, tradições decadentes, educação deficiente, o flagelo das drogas, corrupção em toda camada social, escândalos de líderes religiosos, ameaças de guerras nucleares, a destruição do meio ambiente pela ambição do capital, falta de amor a Deus e ao próximo.
Tudo isso é um quadro perfeito para os pregadores apocalípticos. Enquanto pior, melhor é para os paroleiros oportunistas de fim de mundo.
O terror das pregações dos tagarelas, aprisiona as mentes dos seus adeptos. Estes escravizados, acreditam em tudo que seus líderes ensinam e até morrem por eles.
É no sofrimento, no fundo do poço que a “presa” torna-se fácil para os palradores de má fé. Os cães religiosos (Isaías 56,11; Filipenses 3,2; Apocalipse 22,15).
O ser humano diante do assombro, do terrificante e da morte, aceita completamente o que não conhece. O desespero leva a pessoa ao absurdo, ao bizarro, ao nada.
O falso sistema religioso tem mais poder de manipulação, do que qualquer outro sistema.
Como ficar livre desse sistema religioso? Entendendo que, o verdadeiro sentido da religião é acolher, ajudar sem nenhum interesse material e econômico. Estar para reconstruir vidas e não catedrais. Estar para abolir a miséria e ajudar os pobres e não formar império financeiro.
O verdadeiro mensageiro celestial, não abusa do aflito, do desesperado e da boa fé das pessoas. Sua mensagem leva as pessoas amarem a Deus, ao próximo e a eternidade. Ensina que mortalha não tem bolsos, caixão não tem gavetas e cemitério não tem estacionamento.
Ensina que na verdadeira Santa Igreja de Deus, não se vende a graça, a fé, as curas, os milagres e não cobra por exorcismo. Não há obrigatoriedade em dizimar, ofertar e nem tão pouco sacrifícios de ações em dinheiro.
Os verdadeiros arautos da Boa Nova de salvação da Igreja: Una, Santa Católica e Apostólica, não são chefes e sim servos, que levam os sofredores a encontrarem em Jesus Cristo e no seu Santo Evangelho, a solução e o consolo para suas angústias (Mateus 11,28-30; João 8,32; 14,1-6; 15,1-5).
Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de Teologia Sistemática
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
Site: Pai de amor
Por Henrique Guilhon
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Exibir comentário