Dom Henrique Soares da Costa
Será que Maria nossa Senhora não acreditava que seu filho era o Messias? Basta recordar as suas palavras ao Anjo, as palavras que Isabel lhe dirigiu, chamando-a bem-aventurada porque creu; basta recordar as palavras do Magnificat! O Evangelho afirma que ela guardava e meditava tudo no coração...
Então, por que ela está ali, com os parentes de Jesus (segundo Pápias de Hierápolis, que escreveu no início do século II, são sobrinhos de José)? Não é difícil imaginar... Primeiro, as pressões da família; depois as normais e humanas preocupações de toda mãe com o filho que não tem tempo nem para o descanço nem para a alimentação - lembre que o Evangelho de hoje diz isto logo no início. Os motivos da mãe eram diferentes dos dos irmãos, mas todos tinham preocupações humanas...
Pense um pouco: toda mãe humana é dotada por Deus de um imenso e admirável instinto de defender a cria... E isto mesmo com o filho tornado adulto. Cada um de nós sabe disso... Ora, Maria é uma mãe verdadeira e, certamente, tinha fortíssimo este instinto no seu coração materno: era seu filho, sua cria, seu único fruto - e que fruto, que filho! Pois bem, o que veremos nos evangelhos é Jesus fazer Sua Mãe passar de uma maternidade simplesmente biológica para uma maternidade segundo o Espírito. No plano de Deus, Maria Santíssima deveria ser Mãe dos discípulos de Jesus, Mãe da inteira Igreja. Mas, para isto, tinha que "morrer" na sua maternidade biológica! Tinha que converter seu instinto materno do plano simplesmente biológico para aquele outro, segundo o desígnio de Deus! Por isso mesmo, em várias ocasiões Jesus vai como que imolando a maternidade de Maria a colocando-a a serviço do Reino de Deus. Ela não é mãe para si mesma, mas para a salvação do mundo. Bem que o velho Simeão avisara: uma espada deveria traspassar seu coração materno!
E Maria, humildemente, vai se deixando trabalhar, expropriar, até que junto à Cruz estará totalmente livre para perder o Filho e receber como filho o discípulo amado, que é cada um de nós! Vemo-la serena, digna, forte naquela hora tremenda do Calvário! Eis o duro processo pelo qual Jesus a fez passar. Ele, que sendo o Filho, aprendeu a obedecer (Cf. Hb 5), ensinou Sua Mãe a colocar Dolorosamente sua maternidade na perspectiva do Reino! No Cenáculo, ela já não estará do lado de fora, com os irmãos segundo a carne, mas bem no centro, com os dicípulos, com a Igreja apostólica, nova família de Jesus, esperando o Espírito. O que nasce da carne é carne; o que nasce do Espírito é espírito!
Mãe santíssima nossa, que aceitaste perder o Filho para nos ter por filhos, roga por nós, para que sejamos dóceis como tu à educação do Senhor! Tu és a mais nobre das mães e a mais bela das mulheres! Nós te amamos!
Título Original: Uma Mãe segundo o Espírito!
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Site: Costa_hs.blog.uol.com.br
Editado por Henrique Guilhon
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