Apologistas Católicos
Poucos dias após a renúncia de Bento XVI e a eleição do Papa Francisco, o seriado "Evidências", produzido pela TV Novo Tempo (ligada à igreja Adventista, contando com o apoio cultural da sua Casa Publicadora Brasileira [30:18]), dedicou todo um programa à "História do Papado"[0], apresentado e narrado pelo "teólogo e arqueólogo" Rodrigo Silva [00:34 / 30:13] que, segundo afirmava, pretendia "contar um pouco da história dos Papas" [01:27], expondo as coisas segundo "fatos históricos, bíblicos e proféticos" [27:27].
Continuando
f) A cultura eclesiástica transformou o domingo em 7o dia e por essa razão o domingo encerra o fim de semana, embora o dia seguinte seja a 2a-feira e não a 1a-feira [25:40].
Esta contra-argumentação só pode ser brincadeira! Ou mais um blá-blá-blá apenas para preencher o tempo de filmagem...
Ora, basta bater o olho em qualquer Calendário, em qualquer "Folhinha" presa na parede, para se dar conta que o 1o dia da semana é o Domingo!!!
O sábado e o domingo são considerados "fim de semana" por regra civil/estatal (jamais religiosa/eclesiástica!!), para a simples ordenação do trabalho e do lazer no território nacional.
Apenas isso. Consulte-se, por exemplo, a Norma ISO 8601:2004, sobre os formatos de data e hora. Se tudo isto não for verdade, deixamos o seguinte desafio ao programa adventista: em qual documento pontifício ou Catecismo da Igreja Católica ocorre a transformação do domingo em 7º dia (com a consequente passagem do sábado para o 6o dia)?
Sem mais comentários...
3º) A 2ª parte de Daniel 7,25 fala também que o futuro poder alterará a Lei de Deus[22]. Com efeito, o texto do Decálogo contido em Êxodo 20 é bem diferente do Catecismo, o que demonstra que a Igreja Católica alterou arbitrariamente os Mandamentos divinos[23] [26:00].
Devemos primeiramente notar que a própria Bíblia, no Antigo Testamento, traz por duas vezes o texto dos Dez Mandamentos, em Êxodo 20,1-17 e Deuteronômio 5,6-21. Porém, os dois textos não são exatamente os mesmos, sendo um texto ligeiramente mais breve do que o outro, como uma simples leitura comparativa pode demonstrar.
Por outro lado, é evidente que o texto do Catecismo é também diferente na sua literalidade, já que foi simplificado para facilitar a memorização por todos os fiéis cristãos. Mas mesmo sendo bastante curto, a extensão própria de cada Mandamento é salvaguardada pelo ensino doutrinário da Santa Igreja. Por exemplo:
• O 1º Mandamento, que declara, segundo o Catecismo clássico: "Amar a Deus sobre todas as coisas", abrange, segundo o ensinamento da Igreja Católica: adorar somente a Deus sobre todas as coisas, afastando-se todas as formas de idolatria (ver Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 2083 a 2141); já os protestantes, preferem quebrar o 1º Mandamento em dois: um para adorar somente a Deus sobre todas as coisas; e outro para não cometer idolatria... Ora, quem ama a Deus sobre todas as coisas não pode, por consequência natural, cometer idolatria!
• O 3º Mandamento, que declara, segundo o Catecismo clássico: "Guardar domingos e festas", abrange, conforme o ensinamento da Igreja: guardar o repouso dominical e outros dias santos apontados pela Igreja, dedicando esses dias ao Senhor, evitando fazer coisas desnecessárias (ver Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 2168 a 2195); embora os protestantes enxerguem este Mandamento como o 4o (por terem dividido do 1º Mandamento em dois), a maioria deles concorda em gênero número e grau com o ensinamento católico; a exceção é formada pelas denominações que "guardam o 7o dia" - o sábado - como os Adventistas do 7º Dia, que paradoxalmente seguem a praxe judaica e não a praxe cristã.
• O 9º Mandamento, que declara, segundo o Catecismo clássico: "Não desejar a mulher do próximo" diferencia-se do 10º Mandamento, "Não cobiçar as coisas alheias", por se tratar de sentimentos notoriamente diferentes e também por terem como destinatários "objetos" diferentes (afinal, "seres humanos" não se confundem com "coisas"; nem a cobiça sexual com a cobiça de obter bens, como deixa notar perfeitamente o texto de Deuteronômio 6,21, que traz por duas vez a palavra "não": "NÃO cobiçarás a mulher do teu próximo" e "NÃO desejarás para ti a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu escravo, nem a sua escrava, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo". É claro que, por terem dividido o 1o Mandamento em dois, os protestantes (salvo os luteranos) agora precisam juntar o 9o com o 10o, para totalizar o número de dez; com isto a mulher passa a ser considerada coisa, patrimônio do marido...
Por fim, devemos observar que Jesus também "modificou" a literalidade dos Mandamentos, simplificando tudo como:
- "Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22,37-39; v.tb. Marcos 12,30-31; Lucas 10,27).
E não há dúvida de que nestes dois únicos Mandamentos de Jesus encontram-se todos os demais...
É que Jesus (bem como a Igreja Católica), se preocupa com o "espírito" e não com a simples "letra" da lei (cf. 2Coríntios 3,6-7).
4º) Muitas outras coisas poderiam se apontar contra a Igreja Católica, mas por ora é desnecessário, bastam os seguintes exemplos: [26:42]
Novamente, a "metralhadora giratória"... Como estes "novos temas" nada têm a ver com o tema do programa, indicamos apenas alguns artigos que os abordam em detalhes:
a) O Santo Ofício e a Inquisição
Quanto a estes, indicamos a leitura atenta dos seguintes artigos:
b) As indulgências
Quanto a estas, leia-se:
CONCLUSÃO
O programa concluiu com as seguintes afirmações:
Certamente houve Papas sinceros, devotos a Deus, e Papas desonestos, assim como existem pastores verdadeiros e charlatães, usando o mesmo título de pastor" [27:12].
A Igreja Católica admite (e ensina) que o pecado também pode atingir o Papa, apesar deste ser infalível quando se pronuncia "ex cathedra" em questões de fé e moral. Com efeito, infalibilidade não se confunde com impecabilidade. Por isso mesmo, os Papas também tem seus confessores, a quem confessam os seus pecados pessoais; fazem, assim, penitência.
Mas o que chama a atenção na afirmação acima é justamente a parte que diz: "Certamente houve Papas sinceros, devotos a Deus". Ora, afirmando isto, o programa caiu mais uma vez em contradição, uma vez que até então vinha propondo a ideia de que o Papado e os Papas eram "coisas ruins", que desviavam a Igreja Católica; fora a ideia tresloucada de que o Papa, como "Vicarius Filii Dei" seria "a besta do Apocalipse", o portador do no 666... Acrescente-se ainda que todos os Papas "sinceros, devotos a Deus" guardaram o domingo, o que para os adventistas caracterizaria "a marca da besta"...
Eis o resultado da falta de coerência entre a teoria e a prática adventistas.
- "Eu era um católico muito bem convertido, tão convertido como hoje" [28:27].
Essa afirmação foi feita pessoalmente pelo apresentador do programa... Contudo, se quando católico "era muito bem convertido", não teria deixado se convencer pelas balelas adventistas (guarda do sábado, alimentos puros e impuros, juízo investigativo, mortalidade da alma, grande apostasia da Igreja etc.), pois nem mesmo a imensa maioria dos protestantes caem nessa conversa fiada. E mais: se fosse "católico muito bem convertido" conheceria bem melhor o Catolicismo, a ponto de não propagar aqui os inúmeros erros doutrinários ou históricos que atribuem à Fé Católica e que constam no roteiro do programa. Isto é verdadeiramente lamentável!
Por outro lado, dizendo-se que era "tão convertido como hoje [ao Adventismo]", é possível que não esteja ainda tão contumazmente preso a essa denominação. Oremos e torçamos para que reveja sua posição e "retorne ao lar", de onde nunca deveria ter saído.
- "Eu não consigo sequer supor a ideia de chegar ao céu e não encontrar ali irmãos católicos como Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce ou Francisco de Assis. Se esse pessoal tão caridoso e altruísta não foi verdadeiramente cristão, quem é que foi?" [29:08].
Ora, o Adventismo não admite a imortalidade da alma, tal como professa a Igreja Católica e a esmagadora maiorias das igrejas protestantes, de modo que a afirmação acima é também discordante da doutrina oficial da igreja Adventista do 7o Dia. Se o "destoamento" apresentado pelo programa se deu de boa fé (por ignorância ou descuido) ou de má fé (por motivos proselitistas, para atrair católicos), que Deus o julgue.
Continua
Título Original: "A História do Papado": Uma Refutação a um Programa de TV Adventista
Foto: Web
Site: Apologistas Católicos
Editado por Henrique Guilhon
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