Além de ressaltar a figura do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 29-37), o Papa recorda que “o encontro de Jesus com os dez leprosos (Lc 17, 11-19), em particular as palavras que o Senhor dirige a um deles: ‘Levanta-te e vai; a tua fé te salvou!’ (v.19), ajudam a tomar consciência da importância da fé daqueles que, agravados pelo sofrimento e pela doença, se aproximam do Senhor. No encontro com Ele podem experimentar realmente que quem crê não está nunca sozinho. Deus, de fato, no Seu Filho, não nos abandona em nossas angústias e sofrimentos, mas nos é próximo, nos ajuda a levá-los e deseja curar no íntimo o nosso coração (cf. Mc 2, 1-12)”.
O Papa aproveita para frisar que “o binômio entre saúde física e a cura das feridas da alma nos ajuda a compreender melhor os Sacramentos da cura”, ou seja, a Penitência e a Unção dos Enfermos, que alcançam seu natural cumprimento na Comunhão Eucarística. “A missão principal da Igreja é certamente o anúncio do Reino de Deus, 'mas exatamente esse anúncio deve ser um processo de cura', enfaixar as chagas dos corações partidos (cf. Is 61,1), segundo o encargo confiado por Jesus aos Seus discípulos (cf. Luc 9, 1-2; Mt 10,1.5-14; Mc 6, 7-13)”. “Quem, no próprio sofrimento e doença, invoca o Senhor está certo de que o Seu Amor não nos abandona nunca e de que também o amor da Igreja, prolongamento no tempo da sua obra salvífica, não deixa de ser manifestado.
A cura física, expressão da salvação mais profunda, revela assim a importância que o homem, na sua integralidade de alma e corpo, representa para o Senhor. Todo Sacramento exprime e atua a proximidade de Deus, o qual, em modo absolutamente gratuito nos toca por meio das realidades materiais, que Ele assume ao Seu serviço, fazendo disso instrumentos do encontro entre nós e Ele mesmo. A unidade entre criação e redenção se torna visível. Os Sacramentos são expressão da corporeidade da nossa fé que abraça corpo e alma, o homem inteiro”. Por isso, o momento do sofrimento, em vez de ser motivo de desespero, pode “transformar-se em tempo de graça para voltar-se para si mesmo, repensar a própria vida e nos próprios erros, como o filho pródigo”. “A Igreja, continuando o anúncio do perdão e da reconciliação ressoado por Jesus, não cessa de convidar a humanidade inteira a converter-se e a crer no Evangelho”.
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal João Maria Vianney
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