Invocação de Espíritos – Pecado contra a Providência Divina
Não se trata de acreditar em clarevidência ou mediunidade, mas de permiti-la ou não. A Bíblia nos ensina em inúmeras passagens que tais práticas, ou seja, a comunicação com os defuntos e o desejo de prever ou antecipar o futuro, pela clarevidência ou a chamada atividade “mediunica”, ou por meio da invocação dos mortos, seja para descobrir o futuro ou por motivos “espirituais”, é uma afronta a Deus e O desagrada profundamente. Tais práticas ferem, antes de tudo, o primeiro Mandamento dado a nós pelo próprio Deus. “Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 5).” O catecismo da Igreja nos ensina que ”Deus pode revelar o futuro aos seus profetas ou a outros santos. Mas a atitude certa do cristão consiste em pôr-se com confiança nas mãos da Providência, em tudo quanto se refere ao futuro, e em pôr de parte toda a curiosidade malsã a tal propósito. ” (CIC 2115)
Desse modo, a atitude do Cristão deve ser a de conformidade com a vontade Divina, aceitando que somente Deus tem conhecimento do que está por vir e que Ele revela o futuro à quem desejar revelá-lo para o cumprimento de Seus próprios desígnios. Devemos crer que Deus, em Sua infinita Sabedoria e Misericórdia, dá-nos conhecimento e entendimento de tudo aquilo que precisamos saber para vivermos uma vida plena e santa e que por isto não precisamos recorrer à outras “divindades” ou espíritos, para nos assegurarmos de nosso futuro ou necessidades.
2116. Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demónios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente «reveladoras» do futuro (45). A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenómenos de vidência, o recurso aos “médiuns”, tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele.
2117. Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende domesticar os poderes ocultos para os pôr ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de religião. Tais práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas da intenção de fazer mal a outrem ou quando recorrem à intervenção dos demónios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismoimplica muitas vezes práticas divinatórias ou mágicas; por isso, a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem dele. O recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia.
2-Qual a diferença entre pedirmos ajuda aos santos e à pessoas que foram queridas, boas e amadas no seio familiar e só fizeram o bem e horaram a Deus em vida.
Aqui temos que fazer uma explicação sobre definição do termo santo no entendimento católico. O santo, para a Igreja Católica é aquela pessoa que em vida agradou a Deus sendo fiel cumpridora de Seus mandamentos e que morreu sob Sua graça e amizade. A canonização de uma pessoa é, por conseguinte, o processo pelo qual a Igreja declara oficialmente, após minuciosa investigação e estudo, que uma determinada pessoa alcançou em vida a santidade necessária para viver no Céu, em espírito, junto de Deus.
Contudo, sabemos que a Igreja não necessariamente canoniza todas as pessoas boas e fiéis a Deus que viveram na terra. Certamente, há muitos cristãos piedosos e cumpridores dos mandamentos de Deus, que apesar de pecadores, viveram ou vivem uma vida exemplar na terra e portanto, poderiam perfeitamente estar juntos de Deus após a morte. Porém, não podemos presumir que todas as pessoas consideradas “boas” estejam de fato no céu, e não no purgatório, purificando alguma imperfeição que talvez não tenham alcançado em vida. No entanto, é conveniente que saibamos que mesmo antes de entrarem no céu, os falecidos podem interceder por nós e nos ajudam com suas orações. Por esse motivo, a Igreja não impede que solicitemos a intercessão dos santos a nosso favor ou em benefício de outros. Pelo contrário, desde sempre ela ensinou, pela doutrina da Comunhão dos Santos, que o Corpo Místico de Cristo está interligado em Cristo Jesus, sua Cabeça, de modo que todos os seus membros podem ajudar-se uns aos outros, tanto no céu como na terra. Devemos notar, entretanto, que quando solicitamos pela intercessão dos Santos estamos, na verdade, pedindo que nos beneficiem com suas orações eficazes, pois estão mais perfeitamente próximos à Cristo do que nós aqui na terra, mas toda e qualquer graça recebida por meio de uma oração aos santos provém de Deus, pelos méritos de Cristo, o único Mediador. Vejamos o que diz a Igreja em seu documento Lumen Gentium:
49. Deste modo, enquanto o Senhor não vier na Sua majestade e todos os Seus anjos com Ele (cfr. Mt. 25,31) e, vencida a morte, tudo Lhe for submetido (cfr. 1 Cor. 15, 26-27), dos Seus discípulos uns peregrinam sobre a terra, outros, passada esta vida, são purificados, outros, finalmente, são glorificados e contemplam «claramente Deus trino e uno, como Ele é»(146); todos, porém, comungamos, embora em modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de louvor. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o Seu Espírito, estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros n’Ele (cfr. Ef. 4,16). E assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo, mas antes, segundo a constante fé da Igreja, é reforçada pela comunicação dos bens espirituais (147). Porque os bem-aventurados, estando mais ìntimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na santidade, enobrecem o culto que ela presta a Deus na terra, e contribuem de muitas maneiras para a sua mais ampla edificação em Cristo (cfr. 1 Cor. 12, 12-27) (148). Recebidos na pátria celeste e vivendo junto do Senhor (cfr. 2 Cor. 5,8), não cessam de interceder, por Ele, com Ele e n’Ele, a nosso favor diante do Pai (149), apresentando os méritos que na terra alcançaram, graças ao mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo (cfr. 1 Tim., 2,5), servindo ao Senhor em todas as coisas e completando o que falta aos sofrimentos de Cristo, em favor do Seu corpo que é a Igreja (cfr. Col. 1,24) (150). A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos.
50. Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam, cultivou com muita piedade desde os primeiros tempos do Cristianismo a memória dos defuntos (151) e, «porque é coisa santa e salutar rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados» (2 Mac. 12,46), por eles ofereceu também sufrágios. Mas, os apóstolos e mártires de Cristo que, derramando o próprio sangue, deram o supremo testemunho de fé e de caridade, sempre a Igreja acreditou estarem mais ligados connosco em Cristo, os venerou com particular afecto, juntamente com a Bem-aventurada Virgem Maria e os santos Anjos (152) e implorou o auxílio da sua intercessão. Aos quais bem depressa foram associados outros, que mais de perto imitaram a virgindade e pobreza de Cristo (153) e, finalmente, outros, cuja perfeição nas virtudes cristãs (154) e os carismas divinos recomendavam à piedosa devoção dos fiéis (155).
3 – Por que as aparições ou comunicações dos santos e pessoas católicas falecidas e maravilhosas são vistas como um milagre, enquanto as comunicações com os Espíritos são consideradas obras do demônio?
A Igreja, ao longo dos séculos, tem sido extremamente cautelosa ao declarar que quaisquer aparições, tais quais as das Virgem Santíssima, sejam de fato, provenientes de Deus e só o faz após exaustiva investigação. Esta cautela deve existir sempre, quer trate-se de fenômenos ocorridos dentro ou fora da Igreja. Por esse motivo, a Igreja possui seus próprios métodos de averiguação e investigação para o discernimento de tais fenômenos. É preciso que sejamos prudentes para não presumirmos como genuína uma aparição que não tenha sido declarada como tal pela Igreja. Os critérios usados pela Igreja são bastante complexos para serem abordados aqui, mas é importante salientar que a premissa mais importante no seu processo de discernimento é a conformidade das mensagens provenientes de tais aparições com a Revelação de Deus, a Sagrada Escritura. Nenhuma manifestação proveniente de Deus pode contradizer o Verbo de Deus. Outro aspecto relevante considerado pela Igreja são os frutos resultantes de cada manifestação, como conversões, etc, que devem obrigatoriamente conduzir-nos a Deus. Na ausência de bons frutos parece prudente concluir não se tratar de uma obra de Deus. Daí o zelo da Igreja em nos alertar para o perigo de tais práticas como a comunicação com os espíritos:
O espiritismo implica muitas vezes práticas divinatórias ou mágicas; por isso, a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem dele. O recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia. (Lumen Gentium 2117)
Este artigo foi originalmente produzido H. Walker para o Apostolado Spiritus Paraclitus, do qual o Blog Ecclesia Militans é colaborador. Permissão para reproduzir este e outros textos do blog é concedida livremente, solicitamos apenas que a fonte seja citada por trackback ou link. O Blog agradece.
Título Original: Intercessão dos Santos e Espiritismo. Qual a diferença?
Site: Ecclesia Militans
Editado por Henrique guilhon
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